Nota
Durante sua última missão para a Liga Anti-Vilões (AVL), Gru captura Maxime Le Mal, um antigo desafeto de quando estudava na escola de vilões Lycée Pas Bon, que jura se vingar de Gru e sua família. Agora, Gru, Lucy, suas filhas adotivas — Margo, Edith e Agnes — e o novo membro da família, Gru Jr., precisam fugir, mudar de identidade e recomeçar a vida em um novo lugar. Mas nem tudo é tão fácil, principalmente por Gru encontrar dificuldade em se aproximar do seu filho, que parece só ficar feliz ao ver o pai se prejudicando, e passa a atormentar Gru depois que o ex-vilão, por passar o tempo todo trabalhando para AVL, passou um tempo repassando suas obrigações como pai do bebê para os Minions.
Repleto de referencias, assim como os outros longas da franquia, a produção traz referências às franquias Os Incriveis, filmes do Homem-Aranha, Quarteto Fantastico, Vingadores, X-Men e Superman, além de Três Espiãs Demais, Harry Potter e referências diretas à própria franquia. Não tem como ver a cena de Gru Jr. no carro e tantos outros momentos de fofura e não lembrar do Zezé ou do Theodore Templeton, o que garante boas risadas. A perseguição no supermercado, protagonizada por Lucy, é maravilhosa, e o plano ridículo de Maxime e sua namorada debochada, Valentina, que parecem tentar de tudo para ser o estereótipo do mal, e acabam lembrando muito o espirito do Dr. Doofenshmirtz, de Phineas e Ferb, tanto na personalidade quanto na aparência. Apesar de tudo, o filme continua cheio de momentos cômicos, como a que temos os Minions ao som de “BOOMBAYAH”, de Blackpink, no onibus, ou quando somos apresentados aos Mega Minions, claramente inspirados em hérois da Marvel e DC, e todas as suas trapalhadas, daquela forma que já é comum a todos os Minions e sempre divertem o público.
Lucy se transformando completamente numa dona de casa, cuidando bebê e das meninas, mas um grande problema é o fato delas não envelhecerem. Pode ter sido uma escolha do diretor ou da produtora, de deixar as personagens na mesma idade e mentalidade, mas adicionar um bebê à família sem que elas cresçam fica completamente absurdo, e tudo soa ainda pior quando colocamos Poppy Prescott na equação, uma vizinha da família que sonha em ser uma super vilã, e apesar de ser muito carismatica, poderia facilmente ser Margo crescida querendo seguir os passos do pai, que era um supervilão. Essas escolhas levam a questionar se tudo não funcionaria muito melhor se ao invés de um filme tivesse sido produzido uma série animada para a TV, pois o longa repete os mesmos problemas de Minions 2 e Meu Malvado Favorito 3, onde o excesso de plots paralelos prejudica a narrativa principal. Temos um momento focado no plano de Gru com a ajuda de Poppy, em outro as meninas tentando se adequar à vizinhança, depois mudamos para os Mega Minions, e vamos para a batalha contra o vilão, todo o clímax e uma música feliz para finalizar, tudo fica tão repetitivo e não há tempo para explorar merecidamente as subtramas.
A paleta de cores deu uma boa melhorada desde Minions, ficou mais viva, sempre vibrantes, com menos cinzas. A direção de Chris Renaud, que não dirige filmes da franquia desde Meu Malvado Favorito 2, obviamente foi a responsável por trazer essas ideias para o design dos personagens e cenário, e a participação de Patrick Delage como co-diretor pode ter ajudado com frescor e referências visuais de cultura pop, assim como fez em seu trabalho recente como diretor de animação em Sing 2. O filme ainda traz muitas músicas de rock, como Guns N’ Roses, DragonForce e, principalmente, “Everybody Wants to Rule the World”, de Tears for Fears. O longa tenta agradar a dois públicos, as crianças e seus pais, com todo tipo de referência à cultura pop, mas se por um lado a escolha funciona, fica um questionamento do valor da obra, que parece seguir a mesma receita e entregar sempre o mesmo que todo mundo já conhece. Claro que não precisa reinventar a roda, mas a falta de originalidade e a previsibilidade, mesmo sem deixar de tirar umas boas risadas, acabam prejudicando a obra. Meu Malvado Favorito 4 funciona, é divertido e o público infantil vai amar, mas peca ao ser previsivel, funciona muito mais como um filme a parte do que como uma sequência inovadora.
Lucas Vilanova
Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror