Crítica | Moana: Um Mar de Aventuras (Moana)

Nota
4

“Para a pergunta que você fica fazendo a si mesma. Quem você está destinada a ser?”

No início, existia apenas o Oceano. Até que a Ilha Mãe surgiu, a poderosa Te Fiti, trazendo vida e prosperidade ao mundo. Após usar seu imenso poder, a bela deusa caiu em um sono pesado e atraiu milhares de criaturas em busca do seu poderoso coração. Mauí, o semideus da água e do ar e o mais atrevido entre eles, conseguiu a façanha de invadir o território da deusa adormecida e roubar seu coração, mergulhando o mundo numa escuridão sem precedentes.

Após uma intensa batalha com Te Ká, um demônio de terra e fogo, Mauí perdeu seu poderoso anzol e viu o coração da deusa afundar no oceano para nunca mais ser encontrado… mas um dia, em meio a toda essa treva, o coração será encontrado por alguém escolhido pelo oceano para redimir a escolha de Mauí e salvar a todos de um fim trágico e sombrio.

Desde pequena, Moana escutou as histórias de sua avó sobre os deuses e seus escolhidos. Sendo filha do chefe, a garota sempre foi ensinada a assumir responsabilidade e entender o seu lugar na ilha em que foi criada. Mas, estranhamente, a garota sempre se sentiu chamada para além dos oceanos, para um lugar nunca explorado por sua aldeia. Algo que ela simplesmente não consegue explicar.

Por mais que tente negar esse chamado e manter seus pés em terra firme, a jovem se sente cada dia mais atraída pelo vasto oceano. E acontecimentos inesperados e uma descoberta empolgante impulsionam Moana a ir atrás do seu destino, partir para o mar e consertar um erro do passado, antes que seja tarde demais…

Ron Clements e John Musker são velhos veteranos nas animações. A dupla já nos presenteou com clássicos memoráveis como Aladdin, Hércules e A Pequena Sereia. Mas, apesar de dominarem a arte animada, as mentes criativas parecem ter voltado a escola de desenho e aprendido com as novas tecnológicas nos presenteando com uma obra sublime e única. Moana: Um Mar de Aventuras é o ápice brilhante da nova era Disney, trazendo-nos uma protagonista tão crível e encantadora que reflete muito o brilhantismo e a importância dessa nova fase do estúdio.

Tudo que foi construído nessa última década parece resultar aqui. Os gráficos maravilhosos, que nos fazem mergulhar de cabeça nesse mundo cheio de detalhes e cores, a magnífica mistura entre os desenhos de 2D e 3D (lembram que eu reclamei da falta de encaixe de Hércules? Então, aqui eles mostram que aprenderam com os erros) e o tato com uma história tão magnífica e encantadora que enche os olhos dos espectadores e nos transbordam de emoções. Cada mínimo detalhe é pensado e inserido de uma forma coesa e significativa.

Moana ainda brinca com paradigmas criados pelo próprio estúdio sobre o que é ser uma princesa. Mostrando que eles se sentem confortáveis com as críticas e estão abertos a recebê-las além de mostrar que já passou da hora de terem uma representatividade maior em uma das suas franquias mais lucrativas. Moana (Auli’i Cravalho) é forte e determinada. Com suas inseguranças e sua vontade enorme de fazer o que é certo, a jovem não tem medo de pôr a mão na massa e fazer o que é preciso. Seu carisma e seus defeitos são tão sublimes que nos fazem torcer por ela desde o primeiro momento e comemorar cada uma de suas vitórias. Seu momento de emancipação é tão tocante que arranca lágrimas de quem assiste, e somos carregados por sua força e poder enquanto ela tenta se descobrir em suas dúvidas.

Mauí (The Rock) é egocêntrico e debochado. Sempre confiante em tudo o que faz, o personagem traz cenas memoráveis com performances carismáticas que roubam a cena. Mas é em suas fragilidades que ele realmente brilha. Quando entendemos as motivações do poderoso semideus, nos sentimos tocados e comovidos, além de criarmos uma empatia forte por seu jeito. Mas se engana quem pensa que ele é o herói da história, The Rock constrói bem alguém que serve de alicerce para que a protagonista se encontre, nunca voltando ao velho clichê de “o mocinho salva a mocinha no fim das contas” e não nos resta dizer muito além de De Nada pela magnifica construção.

Vovó Tala (Rachel House) faz o papel da velha sábia na jornada do herói. Embora todos a considerem louca, a anciã da tribo entende muito mais da sua importância e do papel grandioso que sua neta tem a desempenhar. Sempre com sábias palavras, a divertida senhora vai conquistando o público e nos emociona de maneira ímpar em uma das cenas mais memoráveis do filme. O Oceano é outro show à parte, nunca achei que o mar pudesse ser tão divertido e encantador e um personagem tão presente na história. A jogada genial de transformá-lo em algo tão forte e presente, além de mostrar seus sentimentos com pequenos detalhes, é maravilhoso. Uma bela abordagem do estúdio Disney para trazer algo tão memorável.

Como não podia faltar, a presença musical é sentida ao longo do filme, mas ela não brilha tanto quanto no filme de princesa anterior. Com toques tribais, somos envolvidos pela atmosfera de lendas e mitos, mas são poucas as músicas que realmente se destacam no longa. Temos a envolvente Seu Lugar, que nos apresenta a ilha e seus costumes além de tentar manter a protagonista em solo. Partimos para a magnífica Saber Quem Sou, que cresce e contagia cada um dos telespectadores, além de construir com maestria as incertezas e desejos de Moana. Temos a teatral De Nada, que gruda em nossas cabeças e nos apresenta de forma divertida a personalidade expansiva de Mauí e chegamos a emocionante Seu Nome Eu Sei, que toca fundo em nossos corações.

Com um visual exuberante e uma protagonista poderosa, Moana: Um Mar de Aventuras nos mostra que a Disney esta cada vez mais confortável em rir de si mesma e mudar o que for preciso para que o público de uma nova geração saia maravilhado do cinema, mas com um ensinamento tão forte e poderoso que é capaz de arrancar lágrimas de todos e nos fazer sentir um prazer enorme por estarmos vivos e descobrirmos quem somos. E, acredite, o mar nunca pareceu tão encantador e convidativo quanto agora. Resta saber se ele nos escolheu ou se nós o escolhemos…

“O horizonte me pede para ir tão longe. Será que eu vou? Ninguém tentou.
Se as ondas se abrirem para mim de verdade, um dia eu vou saber quem sou…”

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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