Crítica | Modo Avião

Nota
3

Ana sempre sonhou em ser estilista, tendo se formado em moda e começado a postar looks em seu instagram, mas sua vida mudou drasticamente em poucos meses quando ela começou a ficar famosa, se tornou uma digital influencer e foi contratada por uma grife, a True Fashion. Agora a vida de Ana é totalmente diferente, tudo segue um roteiro criado por Carola, e ela vive de fingir ser a garota perfeita, o que a faz ficar viciada em celular e bater o carro o tempo todo. Uma nova vida que surge em menos de três meses, que fez ela (a trabalho) começar a namorar com Gil e que a fez sofrer um acidente de carro.

Numa tentativa de salvar a garota, os pais de Ana contratam um ator para fingir ser um promotor de justiça, confiscar o celular da garota e força-la a viajar para o interior, onde vai ficar um tempo morando com seu avô Germano. Mas, talvez, ligar o Modo Avião seja a chave para que Ana reveja sua vida, revisite seus sonhos, volte a suas origens, entre num profundo processo de autoconhecimento, desenvolva mais proximidade e afeto pela sua família e por ela própria e redescubra o amor. Naquela cidade de interior, onde vive longe do celular, Ana redescobre o quão parecida é com Merída, sua falecida avó, e o que é verdadeiro amor com João, um cozinheiro de mão cheia que teme abandonar sua família e seguir seu sonho.

O novo filme estrelado por Larissa Manoela, que estreou essa semana na Netflix, busca ir a fundo nos clichês das patricinhas hollywoodianas e recriar a formula da “garota fútil que vai para o interior e se redescobre” ao fundir o clichê das patricinhas americanas com a nova cultura das ‘blogueirinhas’ e digital influencers, aproveitando para exaltar o alerta dos perigos de usar o celular o tempo todo e de usar celular enquanto dirige. A personagem de Larissa parece um clichê, mas ganha um certo brilho pelo jogo de cintura da atriz, que mesmo parecendo forçada e robótica em certas partes do roteiro, consegue passar uma naturalidade na maior parte do tempo, nos divertindo e entretendo. Claro que tudo fica ainda melhor com a presença de Katiuscia Canoro, que constrói uma extremamente caricata vilã por meio de Carola, que torna suas cenas ainda mais gratificantes e engraçadas.

Seguindo um roteiro do mexicano Alberto Bremer, que foi adaptado por Renato Fagundes e Alice Name-Bomtempo, o longa segue com a maravilhosa direção de César Rodrigues, que já mostrou que é capaz de dar um show com filmes ao lado de Paulo Gustavo, e a brilhante participação de Erasmo Carlos, que dá aquele ar velha guarda ao longa, tornando todos os elementos uma mistura perfeita para criar um prato ótimo de degustar. O longa tem a comédia na dose certa, sabendo medir suas colheradas de drama no momento certo e se recheando de um romance clássico (e previsível) que mesmo seguindo o clichê consegue nos agradar.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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