Nota
Juca Valente é o dono de um quiosque no litoral de São Paulo e só quer saber de diversão. Eterno namorador, ele detesta grandes responsabilidades e não pensa em ter nada sério com ninguém. Mas sua vida toma um rumo totalmente diferente quando uma ex-namorada americana larga um bebê com ele e desaparece. Juca então parte para os Estados Unidos na intenção de devolver a criança, sem nem imaginar que começaria a gostar da ideia de ser pai.
Em 2013 estreou nos cinemas o longa mexicano Não Aceitamos Devoluções. O filme, que pode se classificar como uma comédia dramática fez um enorme sucesso, e agora, apenas cinco anos depois da sua estreia, a produção ganha um remake nacional estrelado pelo ator Leandro Hassum. Pois bem, no próximo dia 31 de maio estreia nos cinemas brasileiros Não Se Aceitam Devoluções.
A ideia do diretor André Moraes parece ter sido dividir a história em dois grandes blocos, sendo a primeira hora voltada para a comédia, e a segunda mais para o lado do drama familiar. Infelizmente, o desequilíbrio e a falta de desenvolvimento acaba pesando negativamente nos dois lados da trama. No arco inicial a comédia é extremamente picotada, com cenas apressadas e aleatórias para revelar que o protagonista é um mulherengo. A falta de cuidado é tão grande, que a cantada utilizada pelo personagem é uma das falas mais bobas e mais sem graças dos últimos tempos no cinema nacional. Além disso, o resto da vida pessoal de Juca Valente, entre familiares e amigos, é simplesmente ignorada, com exceção de um casal de amigos que aparecem durante 2 minutos de cena, e com zero valor emotivo para a narrativa.
Após um começo apressado e desconexo, a comédia ganha um pouco mais de vida com a chegada da menina Emma. Com certeza, a relação da filha com o pai é a que gera os melhores momentos do segundo ato do filme. A química entre os atores é muito natural, e é extremamente fácil de se conectar com a dupla. Infelizmente, isso acaba sendo muito pouco, com a chegada da mãe, interpretada pela atriz Laura Ramos. Quem é essa mãe? Qual a razão dela ter abandonado a filha? Por que só agora teve condições de voltar para a menina? Pois bem, o roteiro não responde NENHUMA dessas perguntas, e apenas se limita a jogar a personagem em cena.
Após um primeiro ato desconexo, uma segunda parte com lampejos de boas risadas, chegamos ao arco final do longa, a parte dramática do roteiro. E a grande sensação que o filme passa para o público, é que toda a proposta do filme Não se Aceitam Devoluções é simplesmente maravilhosa, contudo, a execução dessa proposta foi extremamente mal dirigida e colocada em prática.
Não se Aceitam Devoluções tinha um potencial absurdo para ser um dos filmes mais lindos de 2018. Infelizmente, uma ideia de uma história tão bonita foi desperdiçada e levada para as telonas de uma maneira que com certeza irá mais desagradar do que encantar ao público. Realmente, uma pena para o cinema nacional.