Crítica | No Ritmo do Natal (The Merry Gentlemen)

Nota
3

Há uma magia específica que permeia os filmes natalinos, uma fórmula que mistura esperança, romance e toques de comédia, capaz de cativar audiências todos os anos. Esse tipo de filme oferece uma espécie de conforto, uma pausa leve e divertida em meio à correria das festas. No entanto, de tempos em tempos, uma obra tenta subverter as expectativas ou adicionar camadas inusitadas ao gênero, como é o caso desta produção.

No Ritmo do Natal, uma comédia romântica natalina da Netflix, segue Ashley Davis (Britt Robertson), uma dançarina que, após ser demitida de uma prestigiosa produção da Broadway, decide retornar à sua cidade natal, Sycamore Creek, durante as festas de fim de ano. Lá, ela descobre que o bar de seus pais, The Rhythm Room, está prestes a fechar devido a uma enorme dívida. Em uma tentativa desesperada de salvá-lo, Ashley inventa um plano audacioso: criar um show de dança masculina no melhor estilo Magic Mike. Com a ajuda de Luke (Chad Michael Murray), um simpático faz-tudo que se torna a estrela principal da apresentação, ela embarca em uma jornada que mistura redenção pessoal e comunitária.

O roteiro não se preocupa em reinventar o gênero, mas abraça os clichês com charme. A química entre Robertson e Murray é convincente, mesmo que não incendiária, e as interações cômicas entre os personagens adicionam leveza ao enredo. Ashley, embora previsível em alguns momentos, é uma protagonista carismática, enquanto Luke traz uma energia descontraída e uma boa dose de humor. O filme também se destaca pelas suas cenas de dança bem coreografadas, que, embora não sejam impecáveis, possuem um encanto caseiro que reflete o espírito do pequeno vilarejo.

O ponto alto do filme, sem dúvida, é a fusão entre elementos típicos de comédias românticas e uma abordagem mais ousada e divertida. As cenas de ensaio dos dançarinos, que incluem desde jovens atléticos até um adorável senhor idoso, são hilárias e trazem uma mensagem de inclusão inesperada. O público local, retratado como caloroso e participativo, cria uma atmosfera que torna Sycamore Creek um lugar onde qualquer um gostaria de passar o Natal.

Além de seus méritos narrativos e performáticos, No Ritmo do Natal também se destaca pelo cuidado visual e estético. A direção de arte cria um ambiente encantador na cidade, com ruas iluminadas por luzes coloridas, decorações natalinas caprichosas e cenários que remetem a um cartão postal de inverno. Essa atenção aos detalhes contribui para tornar o filme visualmente atraente, transportando o espectador para o coração da atmosfera natalina. Cada enquadramento parece convidar o público a se aconchegar e mergulhar de cabeça na celebração de uma época marcada por união, sonhos e recomeços.

Outro destaque é a trilha sonora, que mistura clássicos natalinos com composições originais, capturando o espírito festivo. Assistir ao filme no idioma original também permite que as nuances das performances, especialmente nas interações mais cômicas, sejam apreciadas em sua totalidade. Por fim, No Ritmo do Natal transforma a previsibilidade de sua trama em uma experiência acolhedora e cheia de carisma. É um filme que diverte, emociona e traz à tona aquela sensação de pertencimento e otimismo típica das melhores histórias de fim de ano. Não é uma obra que busca inovar, mas cumpre relativamente bem a tarefa de aquecer os corações durante o período natalino.

 

Pernambucano, jogador de RPG, pesquisador nas áreas de gênero, diversidade e bioética, comentarista no X, fã incontestável de Junji Ito e Naoki Urasawa. Ah, também sou advogado e me arrisco como crítico nas horas vagas.

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