Crítica | Noelle

Nota
3.5

“Olha a mamãe beijando o Papai Noel!”

O Natal é uma época mágica para todos, mas para a família Kringle é um emprego e um legado. O patriarca da família, Kris Kringle, é o atual Papai Noel, um cargo que vem sendo herdado há anos pelos membros da família. Todo ano, Kris chega pela chaminé para divertir seus dois filhos, NoelleNick, que são, a cada ano, treinados para manter viva a tradição do natal, manter a cidade funcionando e, principalmente, garantirem que Nick será capaz de assumir o grande posto quando a hora chegar.

Com o passar dos anos, Kris falece e chega o momento de Nick assumir seu posto, mas o jovem Kringle não está pronto para ser o Papai Noel, ele não herdou os dons do pai, não consegue aprender a dominar suas Renas, e não consegue julgar as crianças só de olhar, o que o coloca numa enorme pressão, e o faz fugir do seu cargo e da sua cidade. Com o tão esperado lançamento do Disney+ acontecendo mundialmente em 2019, era inevitável que o tão tradicionalista canal fizesse um filme natalino excepcional, e esse filme veio justamente para falar sobre tradições. Dirigido e roteirizado pelo maravilhoso Marc Lawrence, o longa lançado em 12 de novembro de 2019 quebra tradições desde o momento em que não traz Sandra Bullock ou Hugh Grant no elenco (algo que já é considerado tradição nos filmes de Lawrence), e vai mais além quando junta tudo que já é clichê nos filmes natalinos e dá um toque mágico que só a Disney é capaz de fazer. O longa tem um grande toque de comédia e parece fugir do lado romântico, que de inicio parece existir no filme mas logo é rejeitado pelo roteiro e, para nossa surpresa, acaba tornando a produção ainda melhor.

O protagonismo do longa fica todo nas mãos de Anna Kendrick, que consegue empregar habilmente todo o ar de inocência que a Noelle possui, ela é uma garota que viveu sempre no Polo Norte e agora precisa se aventurar em Phoenix para encontrar seu irmão e convence-lo a voltar a ser o Papai Noel, tudo isso quando falta apenas uma semana para o notal, ou seja, ela tem apenas uma semana para faze-lo a reassumir o cargo e treinar para executa-lo sem nenhuma falha. Ao lado de Anna, o papel de Nick é assumido por Bill Hader, que mesmo com pouco tempo de tela consegue chamar nossa atenção com seu jeito desastrado. Nick é frustrado com sua vida, ele cresceu tendo que viver sob a expectativa de ser um futuro Papai Noel, uma expectativa que ele nunca conseguiu alcançar e, agora mais do que nunca, sente que nunca será capaz de suprir. Como mentora e protetora dos jovens Kingle, surge Shirley MacLaine, interprete de Tia Polly, uma velha elfa que serve de babá para os dois desde que era criança, ajudando a dupla a crescer psicologicamente e, por acaso do destino, sendo a guia moral de Noelle quando elas acabam indo parar em Phoenix. O elenco de apoio se completa com Kingsley Ben-Adir, interpretando Jake Hapman, um detetive particular divorciado que acaba sendo procurado por Noelle para ajudar a encontrar seu irmão, ele surge no filme parecendo o clássico interesse amoroso da mocinha, mas aos poucos vai ficando claro a real razão de o personagem ser importante para o filme, assim como sua vida vai se tornando essencial para a evolução de Noelle.

Num claro jogo de quebra da tradição, Lawrence aposta pesado em criar um filme onde a tradição surge como maior inimiga, onde o girl power assume um patamar nunca antes imaginado e que, de certa forma, bebe muito de Pode Me Chamar de Noel. O filme tem a doçura tradicional da Disney, se apoiando vagamente nos clichês para fazer uma produção bastante caprichada, algo que fica ainda melhor por encontrar em Kendrick uma protagonista carismática, que dá um show com sua interpretação energética, carismática e contagiante, carregando o filme nas costas sem deixar a peteca cair, construindo cenas que soam um pouco bobas e se revelam bem dosadas, se tornando cômicas e divertidas. Além de sua boa escolha de elenco, o longa se garante razoavelmente com seus efeitos medianos, que, apesar de não serem um show de CGI, são efetivos para cumprir suas propostas, se tornando um filme previsível mas que consegue transcrever bem o espirito de natal para os tempos modernos, mesmo que não seja tão inovador. Noelle segue os clichês, mas no fim acaba ganhando forças justamente por conta de sua protagonista vibrante, seu espirito de aventura bem dosado e sua coragem de não ser como aqueles simples filmes natalinos mais do mesmo que vemos ano após ano na tv aberta.

“Não se trata dos presentes que damos, mas sim dos que ganhamos…
Os presentes do amor e da compreensão…
Além dos iPads”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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