Crítica | Nosferatu – O Vampiro da Noite (Nosferatu: Phantom der Nacht) [1979]

Nota
3

Tendo uma vida pacata e até bem estabelecida como corretor de imóveis, Jonathan Harker (Bruno Ganz) embarca numa jornada até a Transilvânia para conhecer o Conde Drácula (Klaus Kinski), que tem interesse em comprar um imóvel em sua região. Não vendo muitos problemas em embarcar nessa viagem, e na esperança de conseguir uma vida ainda melhor para ele e para sua esposa, Lucy (Isabelle Adjani), Jonathan enfim se encontra com o Conde mesmo após tantos avisos ao longo do caminho do que podia lhe esperar. Do diretor Werner Herzog, Nosferatu – O Vampiro da Noite, de 1979 é um remake direto do clássico do cinema Nosferatu, o filme mudo de 1922, um dos pioneiros do cinema mudo e de terror.

Nosferatu: Phantom der Nacht conta com uma ótima atuação do Klaus Kinski, que com uma caracterização impecável revive o Conde Drácula muito bem, ainda mais nessa versão mais atualizada e agora com uma liberdade de dar voz ao personagem que, em 1922, não tinha falas. Klaus Kinski consegue trazer mais dimensões para o personagem, mas sem tirar o lado mais caricato, emulando muito bem os maneirismos e expressões da época do cinema mudo para o cinema dos anos 70. Em contraponto a isso, os outros atores do filme entregam performances medianas, que não tem nuances e acabam não desenvolvendo bem os personagens. Um bom exemplo disso é como Isabelle Adjani se mantém da mesma forma do começo ao fim do filme, o que torna sua personagem apática muito além do que o necessário. Mas uma surpresa é a atuação do Roland Topor, que interpreta o Renfield, um personagem insano desde o início, mas que no meio da história dá-se a entender o porquê. Roland tem uma performance super teatral que conversa muito bem com o enredo do filme original e que estranhamente dá um tom sinistro e cômico ao mesmo tempo.

O diretor alemão, Werner Herzog, não teve muitos filmes de destaque nem antes nem depois de Nosferatu – O Vampiro da Noite, mas fica claro o esforço que ele fez para, ao mesmo tempo que distanciar o seu filme do original, tentar também imprimir takes mais conceituais para dar uma cara nova ao remake e estender bastante todas as cenas deixando o filme mais longo que o necessário. O que dá para perceber nos diversos takes com morcegos e ratos, que são usados de uma forma muito bem pensada, assim como na forma que a luz é utilizada, tendo um foco em alguns momentos no rosto dos personagens assim como alguns diretores faziam no cinema preto e branco, um recurso muito utilizado por Alfred Hitchcock por exemplo. Mas ainda assim, o filme deixa a desejar em ter uma identidade própria por conta das suas inconsistências estéticas. Todas as cenas em que o Conde Drácula aparece, são muito bem pensadas, iluminadas e posicionadas, enquanto todas as outras cenas em que há outros personagens, há uma filmagem padrão dos anos 70 e 80, com cenas muito claras e que se destoam muito do resto do filme.

Nosferatu – O Vampiro da Noite, apesar de conseguir recontar bem a história de Nosferatu de 1922, deixa a desejar pela sua falta de personalidade. É nítida a inspiração do diretor Werner Herzog em outros diretores, como Hitchcock, e as diversas tentativas durante o filme de criar um conceito para deixar o filme mais artístico, mas a inconsistência de filmagens sobressaem bastante. Outra inconsistência está nas performances dos atores, com atuações interessantíssimas do Klaus Kinski e Roland Topor, unidas de atuações medianas como a dos outros personagens principais, Isabelle Adjani e Bruno Ganz. Mas apesar disso, Nosferatu: Phantom der Nacht é um filme divertido apesar de se estender bastante e que complementa bem o original de 1922, apesar de não conseguir “superá-lo”.

 

Ilustradora, Designer de Moda, Criadora de conteúdo e Drag Queen.

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