Crítica | Novocaine: À Prova da Dor (Novocaine)

Nota
4.5

“Sabe o que é esperar a vida toda por alguém que dê sentido à sua vida? Esperaria alguém salvá-la ou você a salvaria?”

Nathan Caine vive discretamente como assistente de gerência em uma cooperativa de crédito em San Diego, um homem introvertido e tranquilo que se acostumou a vier com sua Insensibilidade Congênita à Dor com Anidrose (CIPA), uma doença rara que o torna incapaz de sentir dor. Mas sua vida começa a ter mais cor quando Sherry Margrave, a colega por quem ele é apaixonado, demonstra interesse romântico por ele, o que faz aceitar sair com ela e enxergar uma possibilidade de relação. O problema é que a próximidade do natal, época em que uma quantidade maior de dinheiro é movimentada na cooperativa, atrai um grupo de assaltantes vestidos de Papai Noel liderado por Simon, que rouba o banco e leva Sherry como refém. Num impulso apaixonado, Nathan rouba um carro de polícia e começa uma insana perseguição para salvar Sherry, usando todo o ‘dom’ de não sentir dor para caçar Simon, BenAndre, o que faz com que a policia comece a suspeitar que ele seria parte da quadrilha, um cumplice deixado para trás que está caçando seus velhos amigos para conseguir sua parte do roubo.

Dirigido por Dan Berk e Robert Olsen a partir do roteiro de Lars Jacobson, o longa que une comédia, ação e suspense leva seu protagonista, interpretado maravilhosamente bem por Jack Quaid, ao extremo. Apesar de um inicio lento, o longa sabe construir bem toda a atmosfera ao redor de Nathan, como se nos ajudasse a entender o quanto ele vive cercando a si mesmo de uma rede de segurança, onde não come comida sólida por medo de morder a própria lingua, onde coloca alarmes para urinar a cada três horas para não ter problemas nos rins ou na bexiga, entre tantas outras ‘comodidades’ que o ajudam a viver saudável, e todos esses metodimos se mostram essenciais para criar piadas quando temos a grande virada na trama e Nathan abre mão de toda a proteção para explorar toda a capacidade do seu corpo para lutar pela sua amada.

Quaid sustenta o filme inteiro praticamente sozinho, já que a trama gira completamente em torno dele e ele quase não interage com outras pessoas, somos levados por Nathan na investigação para localizar o cativeiro dos assaltantes, o que se torna ainda mais intenso depois que uma grande revelação é feita, que promete mudar completamente o desfecho do filme. Ray Nicholson mal aparece no filme, mas seu papel como o antagonista Simon é marcante em cada aparição em tela, como se ele soubesse usar habilmente seu tempo para construir um personagem completo, marcante, e que cria uma história densa para garantir um voraz embate final, sempre com uma promessa de ser o ‘boss final’ que Nathan terá que enfrentar na jornada por salvar Sherry. Amber Midthunder surge como uma Sherry complexa, cheia de misterios e que nos cativa ao mesmo tempo que nos deixa confusos, ela é um catalisador da trama apesar de pouco aparecer no decorrer do longa, e isso não prejudica o roteiro, até ajuda. A grata surpresa surge na forma de Jacob Batalon, que surge na trama num momeno inesperado e, com todo o seu carisma, consegue nos conquistar imediatamente e se tornar uma peça fundamental dos eventos seguintes do filme, ele, assim como a policial interrpetada por Betty Gabriel, se tornam aliados valiosos para a trama, ajudando a evolução de Nathan quando ele mais precisa.

Intenso e divertido, Novocaine: À Prova da Dor sabe criar uma produção que equilibra bem as cenas de humor com as de ação, o longa usa sua premissa de uma forma habilidosa, apesar de exagerar em certas situações, mas qual filme de ação não exagera? Nathan, ou como é apelidado por alguns bully (e posteriormente por Sherry) Novocaine, sempre viu sua condição como uma maldição, mas o amor abre seus olhos para ver do que realmente é capaz, colocando sua vida em risco para salvar a pessoa que deu uma nova luz aos seus dias. Apesar de finalizar sem muito desdobramento para a nova dinâmica que a vida de Nathan tomou, o longa consegue ser redondinho, brincar com a audiência, e até chocar absurdamente, o que justifica a classificação +18 em tantos paises. Apesar de sua trama excepcional, da atuação impecavel de Jack Quaid e da capacidade de Nicholson de antagonizar habilmente a trama, Novocaine não é perfeito, mesmo assim ele pode ser uma experiência maravilhosa para quem realmente estiver disposto a mergulhar na trama e tiver estomago para encarar uma jornada de autodestruição por amor, de transformação do medroso Nathan Caine no implacável Novocaine.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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