Crítica | O Assassino da Internet (The Craigslist Killer)

Nota
2.5

“Só você e eu, Bolsinho. Nada mais importa.”

Philip Markoff é um destacado estudante de medicina da Universidade de Boston, sendo o melhor de sua turma, membro da National Honor Society e que está começando a estruturar sua vida em meio a uma relação com Megan McAllister, uma aspirante ao curso de Medicina que ele conheceu num grupo de voluntários na sala de emergência do Albany Medical Center Hospital, uma garota vinda de uma família exemplar e que passa a receber o apoio do namorado para estudar e alcançar seu sonho. Seria uma vida perfeita, principalmente com o casamento de Philip e Megan cada vez mais perto de acontecer, se uma obsessão inexplicável não surgisse em Philip, ele começou a ter uma compulsão em explorar o Craigslist, buscando serviços eróticos no classificado e marcando encontros com as garotas só para amarra-las e assalta-las. Uma história que parece surreal, mas que é a história real do homem que ficou conhecido como Assassino do Craigslist.

Produzido pelo canal Lifetime, o filme de 95 minutos nos surpreende com a forma como aborda toda a história do criminoso. A história de Philip começa parecendo mais uma típica comédia romântica, o rapaz bonitão e bem sucedido na faculdade conhece a garota gata e se aproxima, eles são feitos um pra o outro, são lindos juntos, e a fotografia do longa só nos faz ficar cada vez mais envolvido no romance dos dois. A produção procura deixar claro que existe algo de errado no passado de Philip, principalmente quando o assunto é seus pais, e que Philip tem algum problema, ficando distante em certos momentos e aparentemente se tornando infiel de uma hora pra outra. O ponto de virada do filme é o momento que Philip e Trisha Leffler se encontram, quando o filme começa a largar o clima de drama e romance para assumir sua verdadeira atmosfera de suspense, quando o verdadeiro Philipe começa a se revelar e a vida dupla do homem começa a ficar em evidencia, oscilando entre o amoroso estudante de medicina e o perigoso predador assaltante.

Considerando que toda a história criminal de Philip aconteceu num intervalo de uma semana, o ritmo do filme acaba sendo completamente prejudicado, se tornando acelerado de uma hora pra outra, conflitando com o ritmo arrastado que a história de Philip e Megan vinha sendo contada (provavelmente numa esperança de usar esse ‘preludio’ para nos fazer conhecer o criminoso e preencher o filme com mais tempo) e tornando o ato final morno, por nos mostrar os eventos após o crime sem muito esforço para entreter, sendo cru ao reencenar momentos que haviam sido repercutidos na mídia e parecendo desestimulado a realmente tentar recapturar a audiência. Sem ir a fundo em algumas questões da investigação ou explicar certos problemas em volta da investigação policial ocorrida em 2009, o filme dirigido por Stephen Kay parece muito mais jogar informações na tela do que realmente contar sobre o criminoso ou os crimes, a história de Julissa Brisman, a única vítima fatal de Philip, perde a relevância na trama, deixando ainda mais dúvidas sobre o que realmente aconteceu nessa investigação.

Considerando que até hoje não exista provas concretas que condenem Philip, o trabalho de Jake McDorman interpretando o criminoso se tornou ainda mais complicado, ele precisava construir seu personagem através de crenças, não existe detalhes sobre como aconteceu os crimes ou sobre quem é realmente o homem, principalmente pelo fato de ele ter cometido suicídio cerca de um ano após sua prisão, antes do seu julgamento. Agnes Bruckner, interprete de Megan, poderia ter tido até mais destaque no decorrer do filme, já que era uma das fontes mais claras sobre a história, tendo dado até declarações publicas defendendo Philip. Outro personagem que merecia mais destaque é o Detetive Bennett, vivido por William Baldwin, o responsável por conduzir toda a investigação para descobrir a identidade do Assassino do Craigslist e que inicia a caçada a Philip, mas que começa a perder o tempo de tela depois que o suspeito é preso, não trazendo muito mais informações e tendo suas aparições reduzidas a cenas dele na delegacia vendo as reportagens sobre o caso.

Com claros problemas de roteiro, O Assassino da Internet é arrastado e parece ficar segurando os eventos para realmente engatar, deixando a desejar com seu elenco, com sua evolução e com seu ritmo. Claro que por ser uma história real, não dá pra exigir muitos acontecimentos e reviravoltas, e talvez seja por isso que o longa vai se tornando tedioso a medida que avança, perdendo sua atmosfera de entretenimento e não alcançando uma verdadeira razão pra existir, talvez um duro problema comum aos filmes da Lifetime. Esperando surfar na onda dos True Crime, o filme se empolga e se vende de uma forma que parece representar um serial killer mas nos decepciona ao mostrar um assaltante que teve o azar de matar uma de suas vítimas acidentalmente, nos deixando até em dúvida sobre o título de ‘Assassino’, com o qual ficou conhecido. Por outro lado, para aqueles que decidiram ir além e pesquisar sobre o caso na internet, fica em evidencia a quantidade de informações que poderiam ter sido exploradas na adaptação e acrescentado muito, mas que acabaram sendo ignoradas, apesar de o Assassino do Craigslist ser apenas um caso que teve seu impacto mas que talvez não tenha relevância suficiente para ser transformado em um filme.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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