Nota
Brooks Rattigan precisa de dinheiro para pagar sua ida a Yale, mas ele é um garoto pobre, filho de um escritor falido e tem uma mãe que o abandonou para viver com um médico rico. E, além disso, ele não consegue escrever uma redação sobre quem ele é. Mas eis que um dia, após aceitar ir ao baile com Celia Lieberman (Laura Marano) em troca de dinheiro, ele tem a bela ideia de criar, junto com seu melhor amigo Murph (Odiseas Gerorgiadis), o aplicativo The Stand-In, que permite às garotas contratar sua companhia para eventos sociais ou conversas informais.
O novo filme de comédia romântica da Netflix, que foi lançado em 12 de abril, parece mudar um pouco a dinâmica de Noah Centineo na empresa. O ator sempre foi o garoto desejado e o interesse amoroso das protagonistas de longas originais da Netflix (e até da Camila Cabello, em Havana), mas o que acontece quando mudamos um pouco a dinâmica? E se colocarmos o Noah como protagonista e dermos a ele um interesse amoroso? Bem, é assim que vemos o Date Perfeito da atuação com a trama previsível porém gostosa. Noah vive um garoto que não sabe o que realmente é na vida, trabalha como atendente no Sub (uma versão meio vintage da Subway) e tem como melhor amigo o Murph, um nerd, gay e inseguro que quer entrar na faculdade dos sonhos, mas não tem coragem de chegar no Cara do Atum Derretido no Pão Sete Grãos, o cliente regular que aparece na lanchonete todos os dias no mesmo horário para fazer o mesmo pedido, e por quem Murph se apaixonou.
Devo confessar que o filme me conquistou aos 12:47, quando faz o maravilhoso fan-service de citar Friends, mas isso não foi a única coisa que me fisgou. O jeito inocente que Noah emprega no Brooks parece nos envolver ainda mais na trama, ele consegue nos fazer ser incapaz de odiar as ações do protagonista, mesmo quando vemos que certas atitudes dele foram idiotas, mesmo quando vemos o quão burro ele está sendo com certas escolhas e mesmo quando sabemos como o filme vai acabar, mas ficamos tão envolvidos que não queremos esmurrar o Brooks e a Celia por fazerem escolhas tão idiotas.
É surpreendente a forma como o longa não nos faz ficar incomodados com a exorbitante quantidades de bailes que acontece em Greenwich, o colégio de Celia e Shelby Pace (Camila Mendes), mas ao mesmo tempo ele nos dá uma resposta que explica o motivo desse fenômeno, e também é interessante o quanto não saber o nome real do Cara do Atum Derretido no Pão Sete Grãos não é ruim para entender o filme, e nem tantos problemas, que são intencionalmente jogados na trama, fazem ela ficar cada vez melhor sem nos incomodar. Vamos aos poucos vendo o sucesso do aplicativo evoluir e os efeitos que adotar uma personalidade diferente a cada dia causam do protagonista, vamos vendo o quanto nem tudo é o que parece ser, principalmente no caso do carro do Reece, e vemos Brooks começar a tentar descobrir quem ele é de verdade e o quanto entender isso é necessário para encontrar o amor verdadeiro.
Devo ainda salientar que o filme entrega tanto no trailer, que acaba sendo a maior falha, pois o próprio trailer nos guia a prever o final, nos guia a prever a trama, mas também nos guia a ter algumas conclusões erradas sobre o filme, passamos a ver no filme que nem tudo é como o trailer fala, mas, acima de tudo, o principal perdeu a graça por causa dessa prévia. Acima de tudo, o filme também ensina que o date perfeito não é aquele que as garotas tem com o Brooks, mas aquele inocente e singelo passeio no parque que o Brooks tem com a velhinha viúva, é onde ele aprende o que realmente é ser você e o que realmente é o amor, e é onde nós aprendemos a enxergar a verdade que não está em nossos olhos, mas em nossos corações. O Date Perfeito não é aquele filme perfeito que preenche nossa mente, mas é um ótimo filme para se assistir e se divertir.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.
