Crítica | O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain)

Nota
5

O Fabuloso Destino de Amélie Poulain é provavelmente o primeiro contato de muitos com o cinema francês, que é cheio de peculiaridades que o torna tão único e distinto do cinema de outros países. Mas porque esse filme de 2001 é tão aclamado até os dias de hoje e considerado esse símbolo que representa tão bem o cinema Francês? Dirigido pelo diretor Jean-Pierre Jeunet, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain conta a história de Amélie Poulain (Audrey Tautou), que cresceu isolada de todos após um mal entendido do seu pai médico. Apesar de não ter amigos e ser educada em casa por sua mãe, ela se acostumou bem com as excentricidades de seus pais, e mesmo após a morte de sua mãe ela conseguiu manter uma vida tranquila com seu pai até a vida adulta. Após de mudar para o bairro parisiense de Montmartre e trabalhar como garçonete no Café des 2 Moulins, que realmente existe até hoje e se tornou um ponto turístico de Paris, Amélie segue uma vida pacata, com seus prazeres simples como mergulhar as mãos nos grãos da feira ou quebrar a casca do créme brulée. Mas mesmo muito contente com sua vida simples e calma, Amélie vai encontrar uma caixa misteriosa no seu apartamento que vai provocá-la a mudar o rumo de sua vida e da vida de quem convive com ela.

Trabalhando anteriormente em diversos curtas de animação, o diretor Jean-Pierre Jeunet atribui o sucesso de Amélie Poulain a 3 fatores: Uma história conceitual e pessoal, uma trilha sonora marcante e a uma atriz que se alinhe com tudo isso. Sendo sem dúvidas O Fabuloso Destino de Amélie Poulain o filme que apresentou a Audrey Tautou para o mundo, e, de fato, Audrey Tautou foi a escolha perfeita para o papel. Amélie não é uma personagem fácil de se interpretar, ela é uma pessoa tímida, que não cresceu com contato com muitas pessoas e que tem de certa forma uma dificuldade de se comunicar com as pessoas. Apesar de ter várias falas no filme, a atuação da Audrey tem um maior destaque quando a atriz não fala, onde ela comunica todos os sentimentos da personagem pelas expressões do seu rosto, na maioria das vezes em cenas onde a câmera tem um foco maior em suas expressões.

O Fabuloso Destino de Amélie Poulain também se mostra muito atento aos detalhes técnicos, o que rendeu ao filme 5 indicações ao Oscar em 2002, incluindo Melhor Som, Direção de Arte, Trilha Sonora e Melhor Fotografia. Mas de fato o filme se destaca bastante pela sua estética, que segundo o próprio diretor tirou inspiração de diversos artistas incluindo o artista plástico brasileiro Juarez Machado, que possui algumas de suas obras no quarto da Amélie. Mas essas inspirações de tantos artistas se resumem principalmente nas cores do filme, tendo como principais tons Amarelo, Vermelho e Verde, e onde cada cor fala um pouco sobre a ambientação e sobre os sentimentos da personagem. O filme todo tem uma iluminação em amarelo, que faz o telespectador imergir no mundo que só a Amélie vê, trazendo um ar sonhador e em alguns momentos até românticos para as cenas. Já o vermelho e o verde tem um papel de se complementarem o tempo inteiro, principalmente para destacar algo da cena, além do vermelho sempre simbolizar a relação da Amélie com o amor, seja familiar, romântico e às vezes até empático.

Outro ponto que faz o longa ser um clássico adorado e referenciado é a sua trilha sonora. O compositor, Yann Tiersen, que tem nesse filme o seu trabalho mais famoso em trilha sonora, consegue transmitir em suas músicas uma atmosfera sonhadora, muitas vezes melancólica, mas sem perder a essência da complexidade da personagem da Amélie. Uma das músicas mais conhecidas do filme, “La Valse D’Amélie”, música tema da personagem, tem cerca de 6 versões ao longo do filme, indo de piano, violão e acordeão, que conversam com as diversas ocasiões que Amélie encontra durante todo o filme.

Entre melancolias, desencontros e alegrias da vida, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain nos ensina a aproveitar os momentos simples do nosso dia a dia, com uma estética que atraiu diversas pessoas a se interessarem pelo cinema francês. Tudo isso com uma fórmula simples: Uma boa atriz, uma boa trilha sonora e um roteiro que amarra todos os conceitos de uma jovem tentando se descobrir no mundo enquanto tenta ajudar todos ao seu redor. É um filme leve e sensível, que talvez cause estranhamento a quem nunca teve contato com o humor seco e direto dos franceses, mas é inegável como esse filme é um must watch para os amantes de cinema.

 

Ilustradora, Designer de Moda, Criadora de conteúdo e Drag Queen.

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