Crítica | O Homem do Saco (Bagman)

Nota
2

“Você pode tentar correr ou se esconder, mas ele sempre sabe onde te encontrar.”

Patrick McKee acaba de voltar para a sua cidade natal, para morar com seu filho, Jake, e sua esposa, Karina, mas voltar ao lugar onde passou sua infância pode trazer de volta medos do passado. Quando criança, o pai de Patrick costumava contar sobre uma criatura mitológica maligna, o Homem do Saco, que perseguia as crianças bondosas para sequestra-las, colocando-as numa sacola e as devorando. Na juventude, Patrick passou por um trauma após o que ele acredita ter sido um encontro com o homem do saco, e o retorno o faz acreditar que a entidade está de volta, ameaçando a paz e a segurança de sua família e determinado a capturar Jake.

A lenda do Homem do Saco (ou Velho do Saco) é mundialmente famosa, ele é uma figura mitológica, semelhante ao bicho-papão, que carrega um saco nas costas e sequestra crianças malcriadas, mas talvez essa lenda não tenha realmente marcado John Hulme, visto que o roteiro constroi seu antagonista de uma forma completamente antagona ao mito, e ainda tem a ousadia de transformar o saco em uma bolsa de viagem (o que poderia até passar despercebido, se não fosse a mudança do ‘capturar crianças malcriadas’ para ‘caçar crianças boazinhas’). Talvez esse seja o grande problema do filme dirigido por Colm McCarthy, um roteiro tão mal construido que todo o esforço da fotográfia, cenografia e elenco se torna uma perda. É incrivel o cuidado que existe na criação do personagem interpretado por Will Davis, que consegue ser imponente e sobrenatural ao mesmo tempo que tem limitações e uma aparência quase humana, quebrando completamente a incomoda onipresença padrão dos vilões de terror, mas sem tornar ele fácil de lídar, principalmente quando levamos em consideração o poder que o monstro carrega em suas mãos, capaz de dopar os adultos e facilitar o sequestro das crianças.

Sam Claflin (Patrick) e Antonia Thomas (Karina) mostram toda a força que possuem em seus papeis. Claffin é capaz de sustentar a cruzada interna de Patrick, sem saber o que é verdade e o que pode ser pura alucinação gerada pelo seu medo, ao mesmo tempo que luta para ser um chefe de familia exemplar, cuidando bem de seu filho e tentando se reerguer para ajudar sua esposa. Já Thomas é uma mãe amorosa, consegue construir toda a trama da mãe que começa a ver algo estranho acontecer mas não compreende o suficiente para realmente exergar que há algo errado, é através da dupla que vamos vendo o desenvolver da trama, que mesmo lenta e massante, consgue dar espaço para o desenvolvimento dos personagens, pena que o roteiro possui tantos buracos e falhas que toda a trama do Bagman é quem acaba pagando o preço.

Previsivel e arrastado, O Homem do Saco é um daqueles filmes que prometem muito e entregam decepção e roteiro sem graça.  A história do Homem do Saco é uma premissa muito interessante, que poderia realmente ser explorada em um ótimo filme de terror, talvez até a cena que serve de prólogo do filme seria um bom pontapé inicial, um filme que explorasse desaparecidos, e aos poucos envolvessem os protagonistas, mas não é isso que o filme conta. Aquela ideia intrigante e que insta o espectador, é muito mal utilizada para um filme que é praticamente um drama familiar meia boca, trazendo quase nada de terror ou horror, só aquela expectativa que algo vai acontecer a qualquer momento, e que dura praticamente 90% do filme. Com um antagonista com visual muito bem planejado e uma premissa cheia de potencial, o longa enrola insistentemente e se perde em suas tramas rasas até cansar, o que é triste considerando a entrega dos atores e a construção de fotografia que usa a atmosfera de cidade interior para criar um suspense que envolve a plateia, mas que vai se perdendo a medida que o roteiro vai ficando massante e cheio de furos. Fraco e entediante, o filme é uma trama esquecível que parece não saber desenvolver bem sua história e nem usar sua premissa de forma eficiente, pode não ser a pior produção do gênero, mas consegue decepcionar bastante.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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