Nota
O Primeiro Homem conta a vida do astronauta norte-americano Neil Armstrong e sua jornada para se tornar o primeiro homem a andar na Lua. Os sacrifícios e custos de Neil e toda uma nação durante uma das mais perigosas missões na história das viagens espaciais.
O diretor Damien Chazelle já entrou para a história do cinema sendo o mais jovem a ganhar o Oscar de melhor diretor, pelo seu belíssimo trabalho no musical La La Land – Cantando Estações. Antes de vencer o prêmio, ele também havia mostrado todo seu talento anos antes com Whiplash – Em Busca da Perfeição, que foi o filme que lhe abriu as portas e mostrou aos estúdios que ele tinha a capacidade de dirigir um musical tão grande como La La Land. Pois bem, ainda com seus 33 anos, o diretor agora chega as telonas com a cinebiografia de Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua.
Para contar a história do astronauta, Chazelle contou mais uma vez com Ryan Gosling, ator que trabalhou com ele em La La Land. É interessante ver como a carreira do ator que era considerado apenas um galã de comédias românticas vem melhorando nos últimos anos. Depois de um bom trabalho no musical ao lado de Emma Stone, o ator teve uma excelente atuação em Blade Runner 2049, e agora entrega uma atuação segura, de um homem que por muitas vezes mantinha guardado dentro de si, seus medos, anseios, frustrações e até mesmo o amor.
Logo nos primeiros minutos de filmes, é fácil notar que O Primeiro Homem iria se destacar pela sua direção e fotografia. Ainda estamos longe da época das principais premiações do cinema, mas podem ter certeza, o diretor de fotografia Linus Sandgren chegará como um forte candidato. Seu trabalho e cuidado com as cores, junto com a direção fantástica de Chazelle, logo nos primeiros minutos do filme colocam o espectador na atmosfera terrestre, e vemos um deslumbre incrível através dos olhos do protagonista. Desde dessa primeira cena, o filme já nos prepara para um verdadeiro espetáculo visual.
A história se inicia num ritmo bem acelerado, apresentando rapidamente seus personagens, e principalmente o tão pesado trauma que Armstrong terá que carregar durante toda sua jornada nesse filme. Provavelmente, teria sido uma melhor escolha para o filme, se esse início tivesse sido um pouco mais desenvolvido, até mesmo para impactar e entender toda a dor que essa perda significou para o protagonista.
O ritmo mais acelerado do início do filme acaba diminuindo drasticamente no seu segundo ato. Um dos problemas aqui é a grande quantidade de personagens que é preciso ser apresentado na história. São muitos astronautas, engenheiros, esposas e filhos por todos os lados, e claro, a história em nenhum momento quer tirar o foco do personagem de Gosling. Por isso mesmo, todos os demais personagens coadjuvantes são apresentados de forma genérica, e isso faz com que o público não irá se importar com o destino de cada um deles.
O maior destaque do segundo ato, acreditem se quiser, é a trilha sonora. É incrível a qualidade que o diretor tem em colocar diversos ritmos para contar diferentes momentos da história. Sim, isso inclui um momento glorioso de uma tema de valsa quando dois objetos precisam se acoplar no meio do espaço. A trilha conta geralmente com solos de diversos instrumentos, e conseguem dar uma oxigenada nas cenas, já que muitas vezes, o protagonista demonstra seus sentimentos mais com o olhar do que com as falas. A música aqui também serve para lembrar o contexto histórico do que estava acontecendo nos Estados Unidos na época.
O ato final do filme infelizmente acaba sendo um pouco genérico, não apresentando nada do que já assistimos na tela do cinema em outras vezes. A impressão que se passa é que Chazelle deveria ter começado o filme num ritmo mais lento, e ter diminuído o tempo do filme em pelo menos um vinte minutos. A sensação de desgaste ao final do longa teria sido um pouco menor.
O Primeiro Homem é um excelente espetáculo visual e mais uma vez um belo trabalho de direção. O diretor consegue encantar o público visualmente e ao mesmo tempo deixa o público desconfortável nas cadeiras de cinema com as turbulências dentro do foguete. Contudo, o ritmo lento acaba atrapalhando mais do que ajudando na hora do tão esperado ápice da jornada do personagem.