Crítica | O Rei da Comédia (The King of Comedy)

Nota
5

“Boa Noite, permitam que eu me apresente. Meu nome é Rupert Pupkin.”

Rupert Pupkin (Robert De Niro) é um aspirante a comediante que se vê obcecado por seu maior sonho: se torna o Rei da Comédia. Ao encontra a chance de ouro, Pupkin se vê de frente seu ídolo Jerry Langford (Jerry Lewis) e tenta convencê-lo a lhe dar uma oportunidade de participação em seu consagrado talk show. Jerry então tenta se desviar do inconveniente rapaz, lhe dizendo que procure sua secretaria para que ele escute a fita do mesmo, coisa que Pupkin leva ao pé da letra.

Ao perceber que foi enganado, Pupkin se torna ainda mais obcecado demostrando seu lado mais sombrio ao não distinguir o que é real e o que faz parte do seu mundo fantasioso. Levado a extremos para conseguir seu objetivo, o rapaz não medirá esforços para conseguir seu objetivo, conquistando seus 15 minutos de fama custe o que custar.

Todos já sonharam em ser famosos, em ter seu momento de estrelato. Quem nunca sentiu que era grandioso demais para algo mas nunca recebeu a oportunidade de se mostrar? Quem nunca ensaiou uma entrevista sobre algum feito lendário ou ser íntimo de seu maior ídolo? Mas, até que ponto você iria para conquistar seus sonhos de fama e fortuna?

Partindo desse princípio, Martin Scorsese nos conduz com soberania a mais uma de suas obras. Conhecendo a psique de seu protagonista e nos mergulhando em seu mundo de fantasia extrapolada, O Rei da Comédia levanta a mais um questionamento preciso transformando uma base de fanatismo em algo incômodo e, por que não, perturbador.

O roteiro de Paul D. Zimmermann constrói com sutileza as curvas psíquicas de seu protagonista. Cheio de si, o comediante cria um mundo a parte onde todos admiram e reconhecem seu talento, o reverenciando como alguém poderoso e perfeito, mas que acaba perturbando e confundindo seu criador a ponto dele não conseguir distinguir a realidade de suas fantasias.

O longa desperta primeiramente nosso constrangimento, causando uma latente vergonha alheia com as situações em que o personagem se coloca, a ponto de se tornar inconveniente e irritante em muitos pontos. Ele confia tanto em suas mentiras que passa a se exibir e cair em uma humilhação completa, levando o público consigo no processo.

Mas o carisma do personagem, ligado a esses momentos tenebrosamente embaraçosos, não desperta nossa irá ou aflição. Sim, ele é claramente perturbado mas é tão cativante acompanhar sua trajetória que sentimos mais pena do que qualquer outra coisa. Sua ingenuidade, em muitos dos casos somado a sua confiança e vontade de se provar, se mostra algo sublime ao nos mostrar que tudo que ele quer é mostrar que todos que duvidaram de seu potencial estavam enganados e que ele pode sim ser alguém na vida… Mesmo que de uma maneira bem lunática.

Robert De Niro constrói um personagem tão magneticamente iludido que sentimos aflição ao acompanhar seu destino. Ele tem certeza que não pode voltar atrás e, mesmo assim, faz de tudo para arrancar o melhor da situação. Jerry Lewis trás uma representação de si mesmo ao apresentar alguém famoso mas cansado de todas as responsabilidades e loucuras ao seu redor.

Fantasiando seu ideal e entregando algo sublime, O Rei da Comédia faz duras críticas as nossas idealizações de mundo perfeito e o quão cruel pode ser encarar a realidade. Trazendo uma crítica severa a insanidade do mundo do entretenimento e em toda obsessão que a cerca, seja internamente em sua solidão e inquietude ou no extremismo que temos ao elevar artistas a postos de deuses que precisam corresponder as nossas expectativas nunca mas para não destruir nossa doce ilusão.

“Mais vale ser rei por uma noite, do que um idiota a vida inteira. Obrigado.”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *