Crítica | O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of the Rings: The Two Towers)

Nota
5

“Até a escuridão tem de passar. Um novo dia virá. E, quando o sol brilhar, brilhará ainda mais forte.”

Após o rompimento da Sociedade do Anel, Frodo e Sam seguem na jornada para destruir o objeto maligno que carregam. O portador do Um Anel vem sendo atormentado por pesadelos onde tem um vislumbre da batalha de Gandalf com o Balrog. Perdidos e sem esperanças, os dois Hobbits se sentem obrigados a acreditar na criatura Gollum, que jurou guiá-los pelo árduo caminho. Aragorn, Legolas e Gimli seguem na caçada aos Uruk-Hai, que levaram Merry e Pippin, e chegam ao Reino de Rohan, onde recebem notícias não muito animadoras, adentrando na floresta de Fangorn, e enfrentando seus perigos, tem um encontro inesperado.

Em O Senhor dos Anéis: As Duas Torres, o mundo misterioso de Tolkien nos é apresentado com uma faceta diferente, Saruman se uniu à Sauron na luta contra a humanidade, e unidos eles poderão causar o fim da Terra-Média. Seriam capazes, então, de atrasar o avanço do inimigo até que Frodo consiga destruir o anel? Isto é, se o mesmo não for morto em sua jornada…

Em uma manobra arriscada, a New Line decidiu executar as gravações de toda a trilogia antes mesmo de o primeiro filme ser lançado, imaginando de maneira correta que os fãs deste universo tão amado iriam aprovar a forma como a saga estava sendo adaptada, o que não se mostrou um erro, já que com isso conseguiram manter a fluidez da história além de evitar mudanças muito drásticas de aparência nos atores.

A fotografia segue deslumbrante, a Nova Zelândia definitivamente remete às terras fantásticas apresentadas nos livros, os ângulos são bem trabalhados para manter o mistério na trama. O figurino segue impecável, visto que todas as armaduras são reais, forjadas por um ferreiro exclusivamente para os filmes, assim como as armas, para que até a movimentação dos atores seja o mais real possível. Os efeitos especiais para a época eram impecáveis, porém envelheceram mal, o que não chega a atrapalhar a experiência como um todo. Já o enredo possui toda a limitação que toda adaptação, principalmente de mundos fantásticos, sofre, ainda assim trazendo muitos pontos positivos e uma trama coesa. Por outro lado, sua versão estendida complementa ainda mais o entendimento da mitologia criada por Tolkien.

Além disso, houveram algumas inovações tecnológicas, que mudaram toda a estrutura cinematográfica posterior, primeiro temos o uso de miniaturas, para melhores filmagens aéreas de cidades e fortalezas, que ajudam significativamente a dar um ar mais realista das cenas de batalhas e para uma melhor visualização dos locais abordados na trama. Outro ponto importante foi o uso de captura de movimento, algo que marcou a época por garantir que o CGI não tivesse apenas a aparência, mas a expressão e o movimento mais real possível, garantindo ainda mais qualidade, o que fez o segundo longa abocanhar o Oscar de Melhores Efeitos Visuais. A trilha sonora também ajuda na ambientação, o que também garantiu o prêmio de Melhor Edição de Som, o que só reforça a qualidade do material apresentado.

Com a versão estendida, nos é apresentada a suspeita de Gandalf sobre a linhagem de Aragorn, onde o patrulheiro é na verdade o legítimo herdeiro de Isildur e que o sangue de Numenor corre em suas veias. Em O Silmarillion é mostrada essa distinta raça de humanos, que foram recompensados com longevidade por seus feitos, Isildur foi um dos sobreviventes da queda de Numenor e se estabeleceram na Terra-Média, oferecendo grande resistência, e sendo protagonistas da primeira grande guerra contra Sauron.

Frodo e Sam seguem inseparáveis, mesmo com o grande perigo que os cerca, um sempre otimista e disposto a aumentar o ânimo de seu amigo, enquanto o outro cada vez mais sucumbindo ao poder do anel. A história dos dois tem uma grande reviravolta quando se veem obrigados a confiar na criatura Gollum, que jurou em nome do anel guiar os Hobbits rumo a Mordor. O portador do Um Anel nos conta o verdadeiro nome da criatura, Smeagol, o que os aproxima ainda mais. A postura de Frodo muda completamente, começando a brigar com o amigo que tanto o ama e alerta sobre as artimanhas do terceiro.

Gollum é o destaque do filme, com uma atuação impecável de Andy Serkis, nos vemos encantados por ele, cheio de carisma e mistério, o personagem cativa de uma forma diferente, afinal de contas Smeagol não é um personagem como os outros. Durante a trama vemos o lado mais humano dele, que acabou se tornando um ser dependente, um escravo do Anel, e como a relação dele com Frodo começa a dar bons frutos, e a esperança de uma possível melhora.

Merry e Pippin apresentam um enorme crescimento em relação ao filme anterior, o arco deles é mais sombrio, são aplacados pela iminência da grande guerra que virá. Mesmo com medo, eles se mostram cansados de ficar parados enquanto os amigos arriscam a vida, e protagonizam uma das melhores cenas do longa. Claro, seguem sendo o alívio cômico, principalmente em algumas cenas extras da versão estendida.

Aragorn sente cada vez mais que precisa assumir o seu lugar de direito. Em sua jornada ele é levado ao Reino de Rohan, onde precisa auxiliar o rei a proteger o seu povo do ataque massivo de Saruman, e é durante a batalha que ele mostra ser o homem que Sauron deve temer.

Eowyn é a sobrinha do Rei Theodred, uma mulher forte e independente que vive sendo atacada pelo conselheiro real Grima. Mesmo sabendo lutar tão bem como qualquer homem, ela vive sendo menosprezado e colocada de lado por ser mulher, e muitas vezes acaba sendo vítima de seu próprio medo, não poder fazer o que quer. De fato uma personagem profunda e que mostra a realidade das mulheres na sociedade, um pouco do recorte social da época em que o livro foi escrito.

Saruman é o grande vilão deste longa, após pegar a Palantir (pedra numenoriana usada para comunicação) e ver o grande plano de Sauron, decidiu então se unir a ele contra a humanidade. Usando sua magia criou os Uruk-hai e se preparava para criar um poderio suficiente para subjugar o Senhor do Escuro e tomar o poder para si.

Diferente da grande maioria das sagas, em O Senhor dos Anéis: As Duas Torres não temos um filme de transição mais lento, mas sim um filme onde todos os elementos começam a se colidir, armando assim a grande guerra que está por vir. Além disso o longa possui cenas épicas e memoráveis, forjando seu caminho para a batalha final.

 

Graduado em Biológicas, antenado no mundo geek, talvez um pouco louco mas somos todos aqui!

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