Crítica | O Sol de Riccione (Sotto il sole di Riccione)

Nota
3

“Não sei o que falar pra uma garota que conheci num aplicativo. ‘Disponível para encontros às cegas?'”

Poderia ser mais um verão qualquer acontecendo nas praias de Riccione, na Ítalia, mas para um grupo de adolescentes foi o verão que acabou mudando tudo, fazendo surgir uma amizade intensa, mudar diversos relacionamentos amorosos e nascer paixões intensas de verão, ou será que essas paixões poderiam ultrapassar o verão?

Vincenzo veio com sua mãe, Irene, fugir um pouco da correria da cidade, o garoto é deficiente visual e acaba conhecendo, Furio, que o incentiva a ingressar num aplicativo de namoro para aproveitar o verão, o que o leva a conhecer, e se apaixonar, por Camilla. Enquanto isso, Ciro chega à cidade para uma audição musical mas, após ser rejeitado, acaba conseguindo um emprego como salva-vidas na praia local, entrando no alvo de Mara e trabalhando com Furio. Marco é outro que chega a cidade por seus motivos, o garoto é apaixonado por Guenda, que veio passar o verão em Riccione com um grupo de amigos (que inclui Furio e Mara), e resolve correr atrás de tentar conquistar ela agora que acabou seu namoro, sendo obrigado a dividir quarto com Tommy na pousada de Gualtiero, que passa a ser seu conselheiro amoroso. Quem também chega a cidade é Emma, a melhor amiga da namorada de Ciro, que foi contratada por um hotel e passa a vigia-lo a pedido da amiga, sem perceber o quão perigoso é se aproximar tanto do homem. E como era de se esperar, as praias de Riccione unem todas essas personalidades, tornando-os amigos, companheiros e, ocasionalmente, um time de vôlei de praia para uma pequena competição.

Num filme com tantos personagens a explorar, é de se esperar que nem todos tenham tempo de tela suficiente ou que nem todas as histórias tenham uma evolução merecida, mas a produção de Younuts! vai além do esperado e consegue não só dar tempo de tela suficiente para cada trama, mas consegue mostrar o quanto as tramas podem se entrelaçar de uma forma sutil, ao ponto de vermos que a evolução de um núcleo motiva a evolução de algum outro. A paixão de Marco por Gueda acaba mexendo no passado de Gualtiero, descascando as camadas do passado do dono da pousada, assim como o romance de Vincenzo e Camila acabam cruzando com o romance que surge entre Irene e Lucio, assim como interfere no namoro que já existia entre Camila e Giorgio. É impossível não aplaudir o roteiro de Caterina Salvadori e Ciro Zecca a cada cena que surge, podendo rapidamente o longa ser considerado uma ótima pedida, na Netflix, em tempos de quarentena, preenchendo a melancolia pelo confinamento com uma boa comédia cheia de vigor da juventude e uma boa dose de risadas.

Infelizmente nem tudo são flores, a produção é perfeita, o roteiro é ideal, mas nem todos as subtramas são verdadeiramente empolgantes. Num longa onde o foco é mostrar um grupo de amigos que compartilham a coragem de arriscar e de aproveitar a vida, O Sol de Riccione começa parecendo ser um filme despretensioso, que nos captura com suas belas paisagens e sua história leve e sem muito compromisso, mas vai se transformando em bons momentos relaxantes em meio a um clima de romance adolescente de verão. Após 101 minutos de filme, vamos conhecendo as excelentes atuações de personalidades como Cristiano CaccamoLorenzo Zurzolo, Saul Nanni, Claudia TrancheseIsabella Ferrari e Davide Calgaro, construindo uma intrínseca rede de tramas, que ficam em altos e baixos de qualidade, mas que evoluem de formas majestosas.

No fim fica o questionamento, será que o longa não teria sido um espetáculo caso tivesse sido transformada em uma série? Talvez essa fosse a solução para conseguir mais tempo de desenvolvimento e plots mais robustos, talvez para se aprofundar nos outros membros do grupo (seria ótimo ter uma trama focada em Mara ou em Furio), e enriquecer algumas outras tramas, como o plot de Gualtiero, que teve uma conclusão corrida demais. O longa ainda traz uma rápida, porém revigorante, participação de Tommaso Paradiso, líder do grupo Thegiornalisti, criador do single que batizou o filme.

“Hoje, pela primeira vez, me disseram que sou corajoso. […] Disseram que sou corajoso porque me apaixonei. Porque eu não tinha medo dessa coisa gigantesca que, basicamente, acaba com a sua vida.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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