Crítica | O Urso do Pó Branco (Cocaine Bear)

Nota
3

“Milhões de doláres em cocaína cairam do céu esta manhã em Knoxville, no Tennessee.”

Em 1985, Andrew C. Thornton II estava sobrevoando a floresta de Chattahoochee-Ocone transportando 40 pacotes de cocaína quando decidiu jogar alguns pacotes no ar e pular de para-quedas logo em seguida, uma tentativa de fuga mal sucedida que resultou em sua morte e dezenas de pacotes da droga espalhados pelo local. Perto dali, algumas pessoas começam a ser atraidos para a floresta por diversos motivos, sem saber que estariam prestes a cruzar com uma ursa de cerca de 80 quilos completamente chapada depois de cheirar e comer alguns daqueles pacotes, o que a deixa com um comportamente completamente imprevisivel, inesperado e voraz.

Livremente inspirado numa história real, o filme dirigido por Elizabeth Banks pega os poucos elementos conhecidos do famoso caso de Pablo Eskobear, o urso que comeu a cocaina jogada por Thornton, e preenche com um roteiro bastante criativo que transforma a produção em uma comédia gore dentro de um filme de terror sanguinário. O longa cria diversos personagens com histórias de fundo superficiais para inclui-los na equação devoradora da ursa, deixando de lado a necessidade de nos fazer apegar por eles e focando muito mais em nos fazer desejar ver seu comportamente ao encontrar o predador incontrolável e drogado. Com ares de filme B, o longa apresenta uma trama sombria que nos surpreende ao ser hilária, criando um roteiro de terror genuinamente elaborado e ao mesmo tempo extremamente divertido.

Num filme onde o elenco nada mais é do que uma série de vitimas para uma assassino desengonçadamente cruel, é dificil conseguir apronfundar uma trama e uma evolução para cada personagem, mas é impossivel negar o destaque que o trio formado por Aaron Holliday (Stache), Alden Ehrenreich (Eddie) e O’Shea Jackson Jr. (Daveed). Ehrenreich e Jackson interpretam a dupla de traficantes enviado por Syd (Ray Liotta) para resgatar a cocaina, sendo esse último interprete do filho do chefão do tráfico e recém-viuvo, um caminho que os leva a se unir ao personagem de Holliday, um dos garotos encrequeiros de Chattahoochee-Ocone que acabou encontrando uma parte da droga e passa a ser um guia forçado da dupla até o esconderijo, uma jornada que os faz viver situações engraçadas e interações que cativam o público. O polical Bob de Isiah Whitlock Jr. tira bastante risos dos expectadores durante o desenrolar da trama, mas infelizmente não tem uma construção de plano de fundo justa que o valorize como merecia. Menos desenvolvimento ainda tem a enfermeira Sari de Keri Russell, que adentra a floresta para procurar sua filha Dee Dee (Brooklyn Prince), que fugiu de casa para desenhar as cachoeiras junto com seu amigo Henry (Christian Convery).

Talvez o maior problema de O Urso do Pó Branco seja o de criar uma expectativa errada, ao se divulgar como um filme ‘inspirado em uma história real’ ele faz o publico esperar uma seriedade que o filme não entrega, fazendo o publico esperar uma realidade que não existe. O filme pode ser eletrizante e criar um entusiasmo que os destaca entre os filmes B, mas fica claro a todo momento que Elizabeth Banks tinha uma potencial para entregar algo muito melhor, talvez com um roteiro mais amarradinho ou com personagens mais densos, sendo mais do que potenciais vítimas que desejamos que sofram mortes sangrentas ao invés de sairem como sobreviventes. No final, não podemos negar que o longa é uma comédia trash divertida, dinamica e meio gore, é preciso comemorar o tato do enredo para não glamourizar a droga e ainda assim fazer diversas piadas com os personagens que a usam e que não usam, dando um tom frenético e imediatista ao desenrolar ao mesmo tempo que brinca com sua discreta insinuação de se tornar um terror absurdamente nonsense. A produção preenche seu tempo de tela com um humor ácido e escatológico que mexe com a violência gratuita, seu elemento central, ao ponto de garantir que ela não vai chocar mas provocar risadas.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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