Crítica | Operação Natal (Red One)

Nota
4

Há uma missão tão festiva quanto explosiva aguardando ser cumprida nesta temporada. Em um universo onde o Natal não é apenas a época de reunir familiares e distribuir presentes, heróis improváveis assumem o desafio de proteger a magia da data a qualquer custo. Em meio a decorações cintilantes e desafios cada vez mais surreais, a comédia e a ação se misturam em uma jornada que redefine o espírito natalino com adrenalina e gargalhadas.

Operação Natal coloca Callum Drift (Dwayne Johnson), um agente especial natalino, e Jack O’Malley (Chris Evans), um trambiqueiro renomado, em uma corrida contra o tempo para salvar o Natal. Quando uma ameaça surge para interromper as festividades, a dupla improvável se vê unida em uma missão épica que desafia a lógica e os clichês natalinos. Eles precisam enfrentar obstáculos com destreza e uma pitada de humor, mantendo o público em uma jornada que alterna entre ação acelerada e humor.

A direção de Jake Kasdan (Jumanji: Bem-vindo à Selva) traz ritmo e frescor à narrativa, fugindo dos tradicionais contos de Natal e apostando em uma abordagem mais ousada e divertida. Kasdan acerta ao utilizar o humor para criar uma dinâmica única entre Johnson e Evans, que, em papéis bastante distintos, complementam-se com timing cômico e interação afiada. A energia contagiante dos protagonistas impulsiona o filme, transformando cenas de ação em momentos que também são cômicos e cheios de personalidade.

A química entre Johnson e Evans é o verdadeiro motor de Operação Natal, e ambos entregam performances que equilibram ação e comédia com naturalidade. Johnson, no papel do agente Drift, incorpora um personagem destemido com uma leveza que surpreende, diferente de muitos papeis aos quais o púbico está habituado. Já Evans traz um toque irreverente a O’Malley, criando um contraste que faz a parceria funcionar com fluidez. Suas trocas ágeis e cômicas evitam que a narrativa perca fôlego, garantindo um ritmo envolvente do início ao fim.

O filme, entretanto, se destaca também pela estética visual e pelo cenário bem trabalhado. Com um design de produção cuidadoso, o filme explora vilarejos decorados, luzes coloridas e ambientes que capturam a essência do Natal de forma exuberante. A ação é complementada por uma direção de arte que transforma o espírito natalino em algo grandioso, quase épico, sem perder o humor.

Os personagens secundários adicionam camadas à narrativa, embora pudessem ter sido mais explorados. A presença de J.K. Simmons como Papai Noel eleva a trama ao oferecer uma interpretação carismática e robusta do bom velhinho. Simmons traz uma nova dimensão ao personagem, misturando humor e um carisma inesquecível que quebra com a tradicional imagem do Papai Noel. A escolha do ator ajuda a construir um Papai Noel que, mesmo enérgico e um tanto ousado, preserva um senso de bondade e mistério, adicionando camadas à história e capturando a magia natalina de maneira única.

Lucy Liu brilha como Zoe Harlow, a diretora da M.O.R.A, uma agência que controla criaturas mágicas. Liu traz ao filme uma postura firme e cômica, que contrasta com as peculiaridades dos personagens principais, ajudando a dar profundidade ao enredo sem se sobrepor à narrativa principal. Já Kiernan Shipka, é um maravilhoso destaque no papel de vilã, imprimindo um ar ameaçador, embora sua personagem seja menos explorada do que deveria. Ainda assim, Shipka se dedica ao papel, dando ao filme uma vilania cativante.

O roteiro se destaca por mesclar comédia e ação de forma despretensiosa. Momentos cômicos e leves quebram a tensão e permitem que o público relaxe, mesmo em meio às sequências mais intensas. Algumas piadas podem parecer exageradas, mas o carisma de Johnson e Evans sustenta o ritmo e evita que o filme se leve a sério demais, garantindo leveza à produção.

O desfecho entrega uma mensagem calorosa e fiel ao espírito do Natal, acompanhado da melhor sequência frenética do filme todo. A resolução traz um encerramento agradável, mesmo que menos eletrizante que o esperado, deixando espaço para que a amizade e os valores que conectam os personagens sejam reforçados.

Operação Natal é uma aposta divertida que renova o espírito natalino com uma combinação de ação e humor. Com uma narrativa que não se leva a sério e heróis carismáticos, o filme entrega uma experiência leve e envolvente. Para quem busca um toque de adrenalina com um tema familiar, essa aventura natalina é a dose perfeita de entretenimento

 

Pernambucano, jogador de RPG, pesquisador nas áreas de gênero, diversidade e bioética, comentarista no X, fã incontestável de Junji Ito e Naoki Urasawa. Ah, também sou advogado e me arrisco como crítico nas horas vagas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *