Crítica | Os Caras Malvados (The Bad Guys)

Nota
4

“Seja mau … Ou tchau tchau!”

Os Caras Malvados são um grupo de animais ladrões que ganharam fama na cidade, um quinteto perfeito que cada dia acumula ainda mais fama, causa mais medo e conquista mais riquezas. Liderado por Sr. Lobo, o grupo ainda conta com Srta. Tarântula, a mestre de computação do grupo, Sr. Tubarão, o mestre dos disfarces, Sr. Piranha, o louco esquentadinho, e Sr. Cobra, o mestre em decriptar cofres, a equipe perfeita que acaba encontrando um grande obstáculo: O Professor Marmelada, um porquinho da índia ganhador do Golfinho Dourado do Prêmio do Bom Samaritano que aceita o desafio de redimir o grupo e transforma-lo nos Caras Legais.

Baseado nos quadrinhos de Aaron Blabey, o longa dirigido por Pierre Perifel e escrito por Etan Cohen e Hilary Winston adapta bem a proposta de mostrar que não se deve julgar por aparências, invertendo os valores morais para provar que todos merecem uma segunda chance. Produzido pela DreamWorks Animation, o filme começa bem direto, nos apresentando cada um dos membros da gangue, seus grandes feitos e o quanto eles amedrontam as pessoas dessa cidade, deixando claro que a aparência deles sempre foi o maior problema, afinal quem acreditaria que uma lobo ou uma cobra possam ser confiáveis? Ninguém nunca veria malicia em um porquinho da índia assim como ninguém é capaz de ver um lado bom em conviver com um tubarão e uma piranha. Aproveitando ao máximo essa inversão, o longa nos cega da verdadeira trama e nos entrega uma longa estrada para redenção que pode ser a grande oportunidade para o quinteto, mostrando eles fingindo estar redimidos para não ser preso e acabarem sendo conquistados pelo lado bom da moral.

O longa brinca com o fato de o grupo sempre ser vistos como maus, desajustados e que assustam todo mundo que os vê e constrói toda a identidade de cada personagem, mesmo deixando de lado a necessidade de explicar a passibilidade de tantos animais humanoides em meio a uma sociedade praticamente formada apenas por humanos. O Sr. Lobo (Sam Rockwell/Rômulo Estrela) rapidamente se consolida como a mente por trás dos roubos, é ele quem escolhe os alvos, é ele quem planeja tudo e é ele quem distrai todos para garantir que nada dê o errado. Seu braço direito, Sr. Cobra (Marc Maron/Sergio Guizé) nos captura com seu sarcasmo acido, sempre iluminando a mente de lobo e sujando as mãos, junto com Lobo, para executar maior parte do plano. Srta. Tarântula (Awkwafina/Nyvi Estephan) rapidamente mostra todo seu poder, é ela quem faz toda a parte tecnológica, hackeando câmeras, destravando portas e escondendo seus parceiros dos seguranças, uma personagem que rapidamente nos conquista com seu jeito nerd e positivo.

Sr. Tubarão (Craig Robinson/Babu Santana) mostra todo o seu poder quando convence todos ao seu redor usando seus diversos disfarces, chegando até a roubar a MonaLisa simplesmente se disfarçando como se fosse o quadro, um personagem que facilmente nos faz lembrar do Cara de Barro de Harley. Sr. Piranha (Anthony Ramos/Luis Lobianco) assume fluidamente seu cargo como os músculos da equipe, mas seu jeito adoidado de agir é quem acaba o tornando tão notável. A busca pela redenção é comandada pelo Professor Marmelada (Richard Ayoade/Sergio Stern), que os incentiva a tirar gatinhos de arvores e algumas outras ações estranhas, algo que só se conecta diretamente com o desfecho dos seis em meados do ato final. A subtrama de Raposina (Zazie Beetz/Agatha Moreira) é outro ponto alto do roteiro, que deixa uma impressão de que Raposina, Lobo e Cobra são, respectivamente, livremente inspirados em TessDannyRusty, de Ocean’s Eleven.

Com uma moral final, Os Caras Malvados parece assumir o papel de uma fábula divertida, que busca ensinar enquanto arranca algumas risadas do público, mesmo quando a reflexão proposital acaba não sendo efetiva o suficiente para carregar o longa, que marca a estreia de Perifel na direção de longas-metragens. A produção é preenchida com piadas focadas no público infantil e referencias que vão agradar ao público adulto, mas não tem timing suficiente em todas as variações, por outro lado o longa compensa essa carência com o seu trabalho visual, onde vemos a mistura de 3D com 2D de forma complementar, como se as cores se encaixassem tão bem que criam uma ‘fotografia’ amigável. Ideal para se assistir em família, o longa mantem o primor visual que já é padrão da DreamWorks e brinca com a forma como nos força a julgar os personagens a primeira vista para logo depois ver a transformação, mesmo que esteja sempre nos perguntamos se acreditamos que eles vão finalmente serem os bonzinhos da história ou vão manter a farsa até o fim.

“A gente pode ser mal, mas a gente arrebenta.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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