Crítica | Os Incríveis 2 (Incredibles 2)

Nota
5

Após a destruição de uma parte da cidade na tentativa de deter um super vilão, a família Pera se vê em problemas quando o programa de heróis é cancelado e são obrigados a voltarem as suas vidas normais. Tudo muda quando o Gelado recebe o convite de um milionário desconhecido, que está disposto a apoiar os heróis, para isso ele quer mudar a visão que a população tem dos seus salvadores, já que apenas era visto o rastro de destruição e não as decisões que foram tomadas até deter o bandido. Então como fazer para o povo saber o que acontece durante as missões? Microcâmeras foram instaladas nos trajes, assim tudo pode ser visto e, assim, entendido.

Mas, além de uma nova visão para os atos heroicos eles também precisam de um novo rosto que faça uma ótima nova entrada para esse novo mundo. Então, a Mulher Elástica fica responsável por combater os crimes enquanto o Senhor Incrível, repleto por seu ego e irritado com a situação, tem que retornar a casa e cuidar dos filhos. É nesse momento que um novo vilão aparece: O Hipnotizador, que faz com que Helena fique mais e mais envolvida em sua missão, colocando ainda mais pressão em seu marido ao ter que lidar com os problemas domésticos. Os Incríveis 2 promete não só continuar e aprofundar a história, como também nos levar de volta no tempo, até as raízes da infância de quem viu e ama o primeiro longa, retornando com grande ligação à primeira obra, somos reintroduzidos de forma sublime ao universo criado brilhantemente pela Pixar em 2004, 14 anos atrás, como se apenas alguns segundos tivessem passado.

A trama sempre focou no embate de uma família, que por acaso era super heroica, e tornou eles ainda mais humanos por seus dilemas e contradições, falhas e acertos, como toda boa família tem em seu dia a dia. Helena representa a mulher da atualidade, que sai para trabalhar e levar sustento à família, neste caso para combater as forças do mal, mas ainda com o espírito preocupado de mãe, sempre querendo saber como sua família está, nunca tendo o destaque que realmente merecia, ela se vê maravilhada com a sensação de ser querida e adorada o que a faz ficar mais e mais focada em seu papel como heroína. Beto se vê frustrado com o sucesso de sua esposa e não quer ficar para trás, assumindo o papel de “dono de casa” ele percebe o quanto a vida da mulher era difícil, tendo que relacionar os cuidados da casa, problemas pessoais e os problemas que os filhos trazem para ele, fazendo com que cada vez mais ele fique cansado e desgastado. É bom para analisar o que ainda se passa pela mente masculina, que tudo em casa é mais fácil, e acompanhar isso num desenho infantil é sublime.

Violeta passa por uma crise sem precedentes, seus dois mundo entram em colapso e ela tem que aprender a lidar com as consequências de ser uma heroína adolescente, sua grande paixão, Toninho, a viu no uniforme de heroína e sem a máscara, o que resultou em ter sua mente apagada sem que a garota saiba. Enquanto todo o caos se passa em sua vida, uma única pessoa pode ser considerada culpada: seu pai. Zezé é uma das grandes surpresas do filme. É divertido acompanhar sua nova leva de poderes e como os outros personagens reagem ao descobrirem a potência que o caçula da família possui, inclusive protagonizando uma das cenas mais memoráveis do longa: a luta contra o guaxinim. Sua relação com Edna é um dos pontos ápices da animação, a química dos personagens é tão palpável e divertida que se torna um dos momentos mais icônicos do filme, ganhando até mesmo um curta para abordar melhor a relação entre os dois.

Devido a tecnologia atual, a animação conseguiu ficar impecável, mantendo o traço original do primeiro porém usando técnicas de modelagem 3D e efeitos de renderização, o longa ficou impecável, permitindo até a visualização de texturas de tecidos. A trilha sonora é empolgante e envolvente, remetendo bastante aos anos 50/60, justamente o tipo de traço usado como base para a criação dos personagens. A sequência demorou tanto para ser anunciada pois o diretor da primeira, Brad Bird (que dubla a Edna), se negou a produzir uma continuação se o enredo não fosse atrativo, fazendo valer nossa longa espera.

Trazendo temas pouco comuns em filmes infantis, como por exemplo o feminismo e dramas familiares, Os Incríveis 2 foi feito para os fãs de longa data que aguardavam ansiosamente pela sequência. De forma sublime conseguiram construir o enredo, que mesmo com várias tramas individuais, conseguiu casá-las com a trama principal nos levando ao final icônico do longa. Repleto de aventuras heroicas, mas com uma intimidade ímpar, o filme nos leva de volta ao que realmente importa no final das contas: nossas famílias e o quão incrível essa relação pode ser.

 

Graduado em Biológicas, antenado no mundo geek, talvez um pouco louco mas somos todos aqui!

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