Crítica | Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos (The Mortal Instruments: City of Bones)

Nota
3

“Ontem, você pensava que era uma garota normal.
Hoje, seu mundo todo virou de cabeça para baixo.”

Clary Fray deveria ser uma adolescente normal, mas, quando sua mãe é atacada e levada de casa por uma criatura, ela acaba descobrindo vários segredos sobre seu passado e sua linhagem, Clary é uma Caçadora de Sombras. Sua vida muda completamente quando ela descobre isso, pouco depois do momento que ela vê uma assassinato acontecer no meio de uma Boate, no momento que ela enxerga aqueles três adolescentes incomuns que não deveriam ser visíveis.

Baseado no livro Cidade dos Ossos, da autora americana Cassandra Clare, o longa tinha um material rico e cheio de potencial para ser explorado, mas acabou resultando em uma sucessão de erros sem igual. O filme se inicia apresentando bem toda a trama, com um enredo envolvente, apesar de ser um pouco impessoal. Lily Collins, escolhida para viver Clary Fray, é uma ótima atriz, mas foi jogada na trama de uma forma que nos deixou em dúvida se ela realmente é a atriz perfeita para o papel, deixando aquela dúvida do inicio ao fim do filme, aquela sensação de que Lily não seria capaz de salvar seu personagem, por que seu problema não foi o trabalho e nem o roteiro, foi a falta de sintonia entre atriz e personagem. Já seu par romântico, Jamie Campbell Bower, foi o maior desastre possivel no papel de Jace Wayland, o jovem shadowhunter do livro é rebelde e estonteantemente bonito, possuindo a beleza de uma anjo, e não é essa aparência que Campbell transparece, ele não é um modelo ideal de beleza e a caracterização do personagem pareceu desejar tornar ele ainda menos atraente. A escolha de Robert Sheehan para o papel de Simon Lewis pareceu agradável de inicio, mas no decorrer da trama vemos que o ator não tem espaço de tela suficiente para nos envolver com o jeito nerd e desajeitado de Simon, apesar de ficar claro que cada momento de tela do ator é bem aproveitado. Os irmãos Lightwood interpretados por Kevin Zegers (Alec) e Jemima West (Isabelle) são outro desperdício, eles não se encaixam no papel, não possuem uma atuação marcante e, no final, parecem ter sido apenas jogados na trama por serem essenciais na saga, não trazendo tanto a adicionar.

O destaque do elenco fica por conta de Godfrey Gao, que parece ter se fundido com seu personagem, demonstrando na tela muitas características em Magnus Bane que nós nem sabíamos que estávamos desejando ver, marcando sua presença no longa e se tornando a referencia visual para qualquer futura aparição do feiticeiro nas mídias. Em contraponto, temos no vilão interpretado por Jonathan Rhys Meyers a escolha mais dúbia do longa, enquanto o ator traz toda sua bagagem e interpreta com maestria o megalomaníaco e ditatorial Valentim Morgenstern, o ator traz uma aparência (e uma idade visual) que destrói todo o longa, se tornando jovem demais para pontos cruciais na trama e não transpassando a idade necessária para justificar ele se tornar um ser tão inescrupuloso quanto Hitler, deixando a impressão de final de ser um jovem rebelde que não enxerga bases para sustentar suas visões.

É preciso citar que, considerando que o filme é uma adaptação, é vergonhoso assistir um trabalho tão pífio e superficial ser originado de um livro tão bem construído. O problema aumenta ainda quando, mesmo desconsiderando o material base, o filme se torna chato e facilmente esquecível, as informações se tornam soltas e desnecessárias, e os personagens com personalidades muito mal embasadas. O longa fica parecendo aquele “mais do mesmo” que vemos em muitas distopias, que não se desenvolve bem como ação, nem como aventura e muito menos como romance, Lily e James não combinam, eles não possuem química e nem deixam fagulhas no ar como a relação de Jace e Clary, já a forma como algumas dos fatos são acelerados para dar espaço na exploração da mitologia, faz com que problemas se finalizem de forma abrupta e com resoluções tão obvias como milagrosas. A produção peca ao fazer inúmeras mudanças desnecessárias na trama, combinando com inclusões aleatórias de cenas dos livros subsequentes, destruindo toda a expectativa que a trama dos livros possui, mesmo assim é possivel assistir, se você que leu o livro se esforçar muito e não tiver com muita expectativa de ver uma boa adaptação.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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