Crítica | Os Rejeitados (The Holdovers)

Nota
3

Na data mais esperada do ano, os alunos e professores do prestigiado internato Barton Academy se preparam para passar as férias de fim de ano com família e amigos, no entanto, um grupo conhecido como Os Rejeitados fica para trás, sem lugar ou pessoas para visitar. Paul Hunham (Paul Giamatti), um professor altamente desgostado pelo corpo docente, sempre fica, contra a sua vontade, responsável por cuidar desses estudantes que precisam ficar no colégio no feriado. Durante a tarefa, ele precisa lidar especificamente com Angus (Dominic Sessa), um adolescente rebelde que está lidando de sua própria forma com a morte do pai. Entre gritos, perseguições no corredor, detenções e conversas, os dois acabam descobrindo mais sobre a vida com a ajuda da cozinheira-chefe da escola.

Perceptivelmente visando chegar forte na temporada de premiações, quem sabe até aproveitando algum tipo de buzz que poderia causar entre os votantes, o longa apresenta um ritmo lento em suas 2h e 14 minutos. O diretor Alexander Payne utilizou uma ambientação dos anos 70, trazendo ainda o filme para uma época natalina, e quem é o protagonista dessa história? Um trio inusitado. Paul Giamatti teve bastante tempo de tela para trabalhar e desenvolver seu personagem, com o roteiro em mãos, ele serviu bem dando vida ao professor estranho e mal humorado. De início, parecia que o filme traria algo como O Clube dos Cinco, mas ele continua mostrando outros personagens, crianças e adolescentes, até apresentar Angus e Mary (Da’Vine Joy Randolph), um aluno e uma cozinheira da escola, pessoas completamente distintas umas das outras, mas os três personagens formam uma relação fora do comum, que floresce em uma empatia única. No conflito entre gerações e seus dramas pessoais, esse trio tem nas vulnerabilidades, e na forma de não saber lidar com elas, um ponto em comum.

Paul, Angus e Mary, de certa, foram rejeitados por um angulo da sociedade do início da década de 70, ainda que se apoiem de um jeito nada tradicional em meio às suas fobias e sentimentos represados de luto e rejeição. O professor basicamente se vê de uma maneira superior a qualquer aluno, e ainda por cima sem aquele espírito natalino, enquanto vemos Angus sofrendo com a dor de ser rejeitado pela mãe no Natal, e viver com essa solidão enquanto está preso na escola literalmente, passando as festividades com o Paul, e os demais. Ao longo do filme, vemos o luto de Mary, uma mãe que perdeu seu único filho ainda adolescente, algo que a assola até os dias atuais.

Temos ao longo do filme esse núcleo principal, aprendendo sobre a vida e a lidar com as atribulações. O filme tem uma vez ou outra suas pitadas de humor, já que o personagem de Giamatti é ranzinza mas também é bagunçado e desajeitado, gerando um contraste. Os Rejeitados é um filme que passa uma mensagem por trás sobre lições de vida, mas não agrada plenamente, o ritmo não funciona e acaba não chamando atenção para o enredo do filme, mesmo que tenha boas atuações.

 

Jornalista, torcedor do Santa Cruz e do Milan, Marvete, ouvinte de um bom Rock, uma boa leitura acalma este ser pacífico.

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