Crítica | Pai em Dobro

Nota
3.5

“Não mexe nem um pouquinho com você eu querer saber quem é meu pai, mãezinha?”

Vicenza Shakti Pravananda Oxalá Sarahara Zalala da Silva é uma jovem criada na Universo Cósmico, uma comunidade hippie, com sua mãe, Raion, e que nunca soube quem é seu pai. Ao completar 18 anos, quando sua mãe resolve viajar para meditar na Índia, a garota acaba encontrando uma foto escondida em seu quarto, de sua mãe e um homem, e decide iniciar uma busca por ele, que pode ser seu pai biológico. A busca acaba levando a garota até o Rio de Janeiro, onde ela conhece Paco e se hospeda na pensão de Arthur, a sede do Bloco Ameba Desnuda, onde uma nova foto acaba revelando que seu pai pode ser Paco, mas também pode ser Giovanne.

Lançado em 15 de janeiro de 2021, Pai em Dobro marca a estreia de Maisa Silva como contratada da Netflix, com direito a um belo roteiro de Thalita Rebouças e a, sempre muito dinâmica, direção de Cris D’Amato. O longa segue uma premissa que rapidamente vai fazer todos pensarem estar vendo uma versão abrasileirada de Mamma Mia!, mas sem a parte musical. Vicenza, assim como Sophie, acaba vasculhando o passado da mãe e descobrindo seus ex-ficantes, o que a leva a ir em busca deles, gastando tempo com cada um deles na busca de tentar ter uma intuição de quem pode ser seu pai, mas sem a situação embaraçosa de vermos a mãe reencontrar seus ex-casos. Assim como Sophie tem sua história rondando em volta de seu casamento, a história de Vicenza gira em torno do carnaval e da saída do Bloco Ameba Desnuda.

Inicialmente batizado como Um Pai no Meio do Caminho, o longa acabou ganhando um nome muito mais simpático, que combina perfeitamente com seu roteiro, que traz aquela pegada bonitinha que atinge de forma certeira o seu público-alvo (adolescentes) e nos leva a refletir sobre os núcleos familiares, busca da identidade, necessidade de raizes, descoberta do amor e, principalmente, o verdadeiro significado de paternidade. O papel de Maisa na trama é muito bem construído, bastante crível e cheio de simpatia, nos levando até a enxergar momentos onde a trama ri de si própria, quando vemos a ‘facilidade de resolução’ ser transformada em piada quando ela fala que vai seguir seu coração e tudo vai se resolver, o que nos leva até a hilariante participação de Thalita Rebouças no longa. Eduardo Moscovis surge como Paco, o primeiro pai que Vicenza encontra, completamente perdido na vida, ele perdeu sua inspiração a anos e segue afundando em sua própria melancolia, redescobrindo a vida no momento em que conhece sua possivel filha. Marcelo Médici vive um Guilherme oposto a Paco, ele é um executivo muito bem sucedido, rico e preso a uma vida sem luz, ele vive submerso em seus problemas e, com o surgimento de Vicenza, começa e encontrar sentido na sua vida, vendo a graça de viver e o verdadeiro amor paternal, que nunca encontrou com seus enteados.

Apesar de começar como um mais do mesmo e ter vários momentos incômodos, a trama mostra que consegue ultrapassar suas inspirações e cria um identidade própria, dialogando diretamente com seu público em momentos chave, mostrando até para a garotada de plantão sobre o que de fato importa na vida: o amor. Com alguns momentos que parecem orquestrados demais e alguns furos no roteiro no decorrer da trama, Pai em Dobro deixa claro que tem capacidade de ser um bom filme, mas que precisa de alguns ajustes, e esse potencial ficou claro quando, por muito merecimento, o longa ficou na 2° posição do Top 10 na Netflix Brasil no dia após sua estreia, chegando até a ficar no Top 10 de vários países latinos como os da América do Sul, o México, a Espanha e etc. Apesar de ser um pouco previsível, o longa é divertido e mostra uma nova faceta de Maisa, que talvez precise de um pouco mais de experiência para se tornar uma atriz mais versátil, e constrói um final interessante, que serve como portador de uma mensagem muito valiosa.

“Pai de verdade quer estar perto do filho.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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