Crítica | Pássaro Branco – Uma História de Extraordinário (White Bird)

Nota
4

Dirigida por Marc Forster, a adaptação da obra Pássaro Branco, de R. J. Palácio, e continuação de Extraordinário, se passa no contexto da família de Julian Albans (Bryce Gheisar), valentão que fazia bullying com o Auggie e foi expulso do colégio no primeiro filme. Nesta versão, sua avó, Sara Albans (Helen Mirren), o visita, lhe chamando para uma importante conversa, a qual traz uma nova perspectiva de vida para o garoto. Ela narra suas dificuldades quando era uma adolescente de sua idade (Ariella Glaser), sofrendo inúmeras injustiças e violências em plena Segunda Guerra Mundial, por ser judia. Apesar de explorar uma temática bastante recorrente na literatura estadunidense e europeia, existe uma sensibilidade muito grande ao trazer a história da Sara Albans de uma maneira tão sensível, bonita e bem feita. Assim, Pássaro Branco é um filme que surpreende, emociona e cativa o público do início ao fim.


É bastante interessante perceber como Pássaro Branco é o tipo de obra audiovisual que, apesar de abordar um período histórico tão violento e obscuro, consegue abranger um público-alvo muito grande, contemplando desde crianças entre 10 e 12 anos, a adolescentes, adultos e idosos. O segredo para tamanha aderência está na capacidade de abordar uma vivência judaica em um período opressor a partir da: narração em primeira pessoa, do retrato da infância, o amor familiar, da arte, imaginação, do papel da educação e diversas outras pautas importantíssimas que são inseridas no filme enriquecendo a narrativa cada vez mais. Pássaro Branco, então, é uma obra que carrega muitas mensagens, dentre as principais estão: a empatia, a paz e a esperança, sendo a última retratada de forma belíssima pelo pássaro branco advindo das canções que Sara escutava dos seus pais, o qual simbolicamente passou a ser representado em seus desenhos enquanto um amuleto.

Paralelamente, fica notório que existe um cuidado muito grande na construção de cada personagem. Sendo assim, é lindo observar como se desenvolve a relação da Sara jovem com o seu grande amor Julien Beaumier (Orlando Shwerdt). Ao mesmo tempo que é tão romântico, existe uma conexão muito especial entre os dois, carregada de admiração, empatia, gentileza, carinho, e imaginação. O suporte que um dá para o outro em um momento tão difícil e caótico é essencial. A relação dos dois consegue configurar muito bem o que é o amor em sua essência mais pura. Dessa forma, as cenas belíssimas e marcantes em que eles estão tendo “passeios imaginários” e como a própria Sara pontua “dentro do mundinho que eles mesmos criaram”, conseguem retratar bem como o amor consegue ser tudo, principalmente quando não se tem nada.

Por conseguinte, Pássaro Branco é um filme que, mesmo que haja algum tipo de resistência por parte de quem assistir, em algum momento vai emocionar. E se o espectador for do tipo que se emociona facilmente, é certo de que irá se emocionar do início ao fim com a história de Sara Albans. É o tipo de obra que conseguiu ser muito bem adaptada, fazendo o público que não leu a história em quadrinhos sentir muita vontade de ler. Pássaro Branco, portanto, configura mais uma obra que exemplifica que não necessariamente é preciso de um “roteiro complexo” para um filme dar certo. Às vezes o simples bem feito e poeticamente enriquecido consegue entregar muito mais.

 

Estudante de cinema, pernambucana

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