Crítica | Pocahontas

Nota
4

Em 1807, a Virgínia Company partia do velho mundo em busca de riquezas e uma vida melhor. Comandados pelo Governador Ratcliff, esses bravos marujos navegavam ao desconhecido com esperança de uma vida melhor para si e suas famílias. Entre os navegados, encontrava-se John Smith, o perito em explorar terras infestadas de selvagens e em acabar com cada um que se colocassem em seu caminho. Sendo uma figura de respeito, John logo desperta a admiração e mostra seu valor ao salvar um companheiro da morte enquanto estavam a caminho do novo mundo. Ao chegarem a terra desconhecida, John estava ansioso para explorar, e o Governador desesperado para encontrar o ouro que tanto desejava.

Enquanto os homens navegavam, Pocahontas, uma jovem que sempre foi livre como o vento, tem seus sonhos arruinados por seu pai. Como filha do chefe da tribo, ela deve se casar com Kocoum, o guerreiro mais poderoso da tribo e honrar o seu destino. Seguindo o rio, ela se vê numa bifurcação: seguir o desejo de seu pai pelo caminho tranquilo, ou seguir o seu coração pelo caminho turbulento? Confusa, ela decide consultar a Vovó Willon, um antigo espírito da floresta. Decidida a tentar compreender os estranhos sonhos que anda tendo: uma flecha que gira sem parar e grandes nuvens em um formato estranho, mas nada disso faz sentido para ela. É ai que dois mundos tão diferentes se colidem, provocando uma série de problemas que eles têm que aprender a lidar. Pocahontas nos apresenta um pouco da história da colonização dos Estados Unidos, cercado de polêmicas, mas ainda assim apresentando um lindo aprendizado para a vida.

Devido ao sucesso de bilheteria de filmes como A Pequena Sereia, A Bela e a Fera e Aladdin, os estúdios Disney optaram por manter sua equipe principal na produção de Pocahontas (a equipe secundária produziu O Rei Leão), o que resultou não só num sucesso comercial (ainda assim abaixo do filme produzido pela equipe B), como também uma excelente qualidade na animação, traços sutis e harmonizantes, contrastando com a força dos temas tratados no enredo, este que traz importantes mensagens para os espectadores, a principal delas: ter empatia.

Uma das primeiras musicas é sem dúvida uma das mais marcantes do filme, Lá na Curva retrata os sonhos e inspirações de Pocahontas. Conhecida como sua música de princesa, a canção nos é apresentada em um momento crucial, quando a protagonista precisa escolher seu destino e sua decisão de seguir o caminho mais difícil da bifurcação é significativa e define bem o crescimento da personagem ao longo do resto do filme, trazendo um novo peso a toda sua jornada. Logo em seguida, deparamos-nos com Cores do Vento, a música mais lembrada e amada de todo o longa. A canção mostra toda relação dela com o termo “selvagem”, imposto por John Smith, e mostra alguns dos ensinamentos mais importantes do filme em relação ao que realmente significa ser selvagem e o quão importante é sabermos escutar a natureza e vê verdadeiramente o que nos cerca. Por último, a forte Bárbaros traz o sentimento de ódio acumulado, onde um considera o outro um ser sem sentimentos e inteiramente selvagem que esta longe de qualquer civilidade quando ambos os lados estão agindo como tal.

Pocahontas (Irene Bedard) tem uma beleza e um encanto sem comparação. Com traços fortes e um cabelo de causar inveja, a índia é um verdadeiro espírito livre e cheia de uma vida que encanta o telespectador. Com uma personalidade forte, ela está disposta a ir contra tudo que dizem para seguir seu coração e achar seu caminho, mesmo que ele não seja nada fácil. John Smith (Mel Gibson) chega ao novo continente com uma mente fechada e focada, mas aos poucos vai abrindo sua visão e encarando o mundo de uma forma totalmente nova e percebendo que talvez o que ele acha comum seja totalmente errado. Uma das cenas mais tocantes do longa é quando os protagonistas escutam suas vozes interiores e conseguem se compreender, trazendo uma ligação incomparável e arrepiado o público de uma forma tão singular.

Vovó Willow (Linda Hunt) serve como o espírito guia da incontrolável moça, dando sábios conselhos e trazendo cenas bem divertidas e profundas. Já Ratcliffe (David Ogden Stiers) é um oportunista sem precedentes. Movido por sua ganância e visando ter seu prestígio de volta a corte, o governador fará de tudo para aproveitar as fragilidades de sua equipe e moldá-los à sua vontade, prometendo mundos e fundos para algo que só ele deseja usufruir. Mesmo com a polêmica da mudança drástica na história original, Pocahontas nos apresenta uma belíssima história de amor à natureza e compreensão, provando que o poder da empatia pode transformar o mundo.

Graduado em Biológicas, antenado no mundo geek, talvez um pouco louco mas somos todos aqui!

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