Crítica | Poderia Me Perdoar? (Can You Ever Forgive Me?)

Nota
4

Lee Israel é uma escritora de biografias que vive no anonimato, mas seu estilo de livros saiu de moda e ela entra num poço sem fundo e afunda sem parar. Mas tudo muda no dia em que ela encontra uma carta perdida de Dorothy Parker e, para ganhar um dinheiro, adiciona uma linha final polêmica, o que faz a carta se tornar mais valiosa e garantir que ela pagasse algumas dividas.

Mas a forma fácil como aquela carta deu dinheiro e o dom de Lee para assumir personalidades acabam se unindo e transformando a escritora numa falsária, que passa a redigir cartas falsas e vende-las a colecionadores e revendedores, gerando centenas de dólares por carta e um esquema capaz de deixar qualquer pessoa surpresa.

A história de Poderia Me Perdoar? é incrivelmente fantasiosa, mas, por incrível que pareça, é real. Lee realmente existiu, Lee realmente criou centenas de cartas falsas, Lee realmente gerou muitos lucros com isso, e Lee foi tão boa que ainda existe falsificações rodando por aí que não foram descobertas. Esse é um filme biográfico, mas que melhor forma de contar uma história tão barbara e surpreendente do que dar toques de humor para quebrar todo o drama e a criminalidade contida nela?

Nas mão de Melissa McCarthy não da para negar que até o mais sério e triste dos dramas fica engraçado, e é isso que vemos em Poderia Me Perdoar?, a atriz consegue tirar risadas do público apenas por palavras ou expressões discretas, que fazem a historia ser mais fácil de ser deglutida, fazem a trama ser mais clara e enriquecem algo tão pesado. O grande destaque fica para as cenas em parceria com Richard E. Grant, que parece extrair toda a comédia necessária que Melissa não pode demonstrar, ele traz um Jack boêmio e sem papas na língua, o que enriquece ainda mais a personalidade do homem que se tornou o comparsa de Lee Israel, garantindo para o ator a indicação ao Oscar de Ator Coadjuvante.

A direção ficou nas mãos da jovem Marielle Heller, que soube limitar as piadas de Melissa e ajudou a fazer a Lee da atriz ser fiel a essência da original, uma pessoa nada simpática, afundada num poço de depressão, autoaversão, alcoolismo e contravenção, sem redimir os crimes da mulher e sem dar uma motivação que justifique os atos, uma atuação tão bem feita, comedida e bem dosada que garantiu a McCarthy sua segunda indicação ao Oscar, dessa vez como Melhor Atriz.

E é com a realidade caustica e intragável que o longa, temperado com risadas, chega para mostrar o quanto a realidade pode ser surreal, e o quanto o crime não compensa, mas gera uma historia digna de ser assistida. Se você quer ver o longa, saiba que você vai entrar no cinema pronto para ver uma biografia e vai sair de lá cheio de conhecimento e sem nem ter sentido o tempo passar, pois a Lee de Melissa consegue ser tão bem feita que se fundo à atriz e nos preenche com sua experiencia cheia de graça.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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