Crítica | Pokémon – O Retorno de Mewtwo (Pokémon: Mewtwo Returns)

Nota
3.5

“Agora, eu estou esquecido por todos… menos por aquele que me criou. Por aquele cujo desejo de me controlar ainda arde.”

No alto do Monte Quena, em uma área remota da região Johto, existe um lago de águas cristalinas onde Mewtwo encontrou um ambiente perfeito. Após o grande embate que sofreram, os monstrinhos se afastaram ao máximo, procurando seu lugar no mundo e aproveitando a tranquilidade do local e seu distanciamento com os humanos, o poderoso Pokémon tomou a ilha no centro do lago intocável como refúgio para si e para os outros monstrinhos clonados.

Mas, mesmo com toda pureza e beleza do local, Mewtwo ainda sente seu distanciamento com aquela realidade, como se não fizesse parte desse mundo e fosse um corpo estranho em meio a tanta natureza. Enquanto indaga seu papel no mundo em que ele foi criado e não nascido, um velho inimigo descobre seu paradeiro, puxando uma ponta solta que nem mesmo o psíquico monstrinho conseguiu amarrar.

Não muito distante dali, Ash, Misty, Brock e Pikachu corriam contra o tempo para alcançar o ônibus que passava apenas uma vez por mês no local recluso. Desanimados com a perca do transporte, o grupo conhece Luna, uma importante pesquisadora pokémon que estuda e protege as águas puras do lugar. Após uma serie de fracassadas tentativas de atravessarem o local e uma visita inesperada de dois famosos pesquisadores, que estão interessados nas qualidades curativas da água, os garotos são surpreendidos pela aparição da Equipe Rocket, que sequestram o Pikachu de Ash e fogem em seu poderoso balão.

O que os vilões não esperavam era que seu transporte fosse arrastado pela forte ventania, os tirando de rota e jogando-os diretamente no topo do monte. Agora, o destino de Ash e seus amigos se cruza mais uma vez com o do poderoso Mewtwo, enquanto forças malignas se aproximam do local para capturar e subjugar o lendário pokémon de uma vez por todas…

É inegável o sucesso que a franquia Pokémon tem ao redor do mundo, e boa parte do que colocou os monstrinhos no mapa foi o poderoso e inabalável primeiro filme da franquia. O embate filosófico com um texto profundo e adulto trouxe uma nova camada à saga do anime, se tornando um marco de infância que perdura até hoje, então, não seria surpresa que a historia tivesse uma continuação…

Dirigido pela dupla de diretores Kunihiko Yuyama e Masamitsu Hidaka, roteirizado por Hideki Sonoda, Pokémon – O Retorno de Mewtwo é um episodio especial que dá continuidade aos eventos ocorridos no primeiro filme da franquia. O especial, como já era de se esperar, tem uma qualidade inferior à do longa mas parece melhor produzido do que os episódios normais do anime, servindo como um meio termo competente, que nos deixa curiosos e envolvidos.

As indagações, tão presentes no longa original, aqui evoluem de uma forma latente, trazendo o pertencimento como cerne principal. O orgulhoso pokémon aprendeu sua lição, mas ainda tem um longo caminho a trilhar, trazendo um desenvolvimento de personagem agradável que se mostra natural e propício.

São vários os momentos de vazio existencial, de alguém que não encontrou seu lugar e se questiona se realmente merece essa paz momentânea que conquistou. Mewtwo foi tratado como arma, enganado por humanos e traído por todos ao seu redor, sem descobrir seu real propósito no mundo e se realmente deveria existir nele. Ele foi criado por humanos e não se encaixa no mundo dos pokémon, trazendo uma profunda ferida que lateja com toda força em seu cerne.

Ash e seus amigos tiveram sua memória apagada depois do encontro com o lendário co-protagonista, então, é quase uma justiça divina que o mesmo grupo reencontre-o. Embora Ash e os outros não tenham tanto destaque ao longo da trama, sua presença é reconfortante e nos trazem uma satisfação imensa. A Equipe Rocket se encontra entre a cruz e a espada. Jessie e James não concordam com o que está sendo feito, mas não podem ir contra a vontade do chefe, seu dilema moral vai ganhando espaço e massa, trazendo uma ótima dinâmica ao longa.

Mas, quem verdadeiramente merece todos os aplausos são Pikachu e Meowth. A improvável dupla tem um papel fundamental, trazendo ótimos questionamentos e refletindo aquilo que nos foi mostrado no primeiro filme. Por serem pokémon amigos de humanos, cabe a eles servir de ponte entre os diferentes grupos, enquanto transmitem uma mensagem tão poderosa que emociona qualquer um que estiver assistindo ao episódio.

Giovanni é o grande vilão da trama. Ganancioso, cruel e sem a mínima piedade, o líder da organização não pensa duas vezes antes de destruir o que estiver no seu caminho para conseguir seu objetivo. Finalmente vemos um pouco mais do misterioso chefe e entendemos um pouco sobre sua personalidade. Ele é ajudado por Tulipa Negra, uma agente de alto escalão que foi designada para essa missão em particular. Dissimulada e cheia de si, a antagonista engana a todos ao seu lado, mostrando o pior da equipe e despertando nossa raiva no caminho.

Repleto de questionamentos profundos e lições valorosas, Pokémon – O Retorno de Mewtwo é uma ótima experiência extra que amarra as pontas do filme, e trazem um final digno ao que soou incompleto. Embora não seja tão profundo quanto o original, o episodio desperta nossa nostalgia e acolhe nossos corações, trazendo uma justiça poética para aquilo que sempre procuramos no mundo: um motivo para pertencer.

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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