Crítica | Power (Project Power)

Nota
3

“Bem-vindos ao Projeto Power. […]
A próxima evolução da espécie humana.”

Num futuro próximo, o Power, uma nova e poderosa droga, chegou às ruas de Nova Orleans, uma perigosa pilula capaz de conceder superpoderes temporários a todos que a tomarem. Após tomar a droga, cada usuário desenvolve um superpoder único de acordo com seu DNA, baseado na habilidade de algum animal, durante 5 minutos. Cada pessoa desenvolve um poder de um animal, sendo reativado pelo tempo de efeito da pílula sempre que for administrada, sempre repetindo o mesmo poder para cada ser vivo, mas durando apenas os 5 minutos. Nesse ambiente, um trio improvável acaba se unindo num batalha para tirar essas drogas da rua: Art (O Major), Frank e Robin.

Robin é uma adolescente negra da periferia, que se vê envolvida no tráfico para juntar dinheiro suficiente para conseguir pagar uma cirurgia essencial para sua mãe, a garota, no entanto, não sabe o perigo que está se metendo, e é através dela que Art e Frank acabam se conhecendo, sendo dois lados da mesma força e, junto com a garota, tendo informação suficiente para seguir as migalhas que levam até Grandão, o principal responsável por garantir que as drogas cheguem nas ruas. Art, também conhecido como O Major, é um ex-soldado e um dos objetos de teste originais durante o desenvolvimento do Power, é ele quem revela que o Power não é uma simples droga, mas um produto que está sendo desenvolvido por uma poderosa empresa, que vem usando os marginalizados de Nova Orleans para testar a eficiência do produto e buscar investidores. Art tem uma filha, Tracy, que nasceu após Art passar por testes no exercito e, consequentemente, nasceu com poderes de cura, o que a fez ser capturada pela Teleios, empresa que desenvolve o Power, para ser usada como fonte na reprodução dos poderes em forma de pílula. Frank é um policial que luta para tirar o Power das ruas, enfrentando criminosos praticamente imbatíveis até que, contraindo seu chefe, resolve provar o Power e usar seus efeitos na ação, ganhando o poder da força e invulnerabilidade, e sendo expulso da corporação, o que o obriga a seguir a investigação de maneira clandestina e se unir a Major e Robin.

Compensando rasamente o fraco roteiro, o longa contou com um roteiro de classe. Interpretando Frank, temos Joseph Gordon-Levitt, que, por ironia do roteiro, é um policial que o Power torna a prova de balas. Frank é forte, é determinado e ama sua cidade, o que faz ele ser capaz de tudo para conseguir tirar o Power da rua, e isso inclui usar fogo contra fogo e, principalmente, abrir mão de seu distintivo quando isso se mostra essencial para que ele chegue até o fim da meada, que se revela ser uma empresa que vem subornando os policiais para fazer vista grossa com seus experimentos. Frank é exatamente o durão que Joseph é capaz de tirar de letra. O papel de Art ficou a cargo de Jamie Foxx, outro que tirou de letra todas as camadas emocionais e psicológicas de seu personagem, sem deixar de expor, por fora, uma dureza de um muro, se mostrando inabalável, um guerreiro nato e um pai incansável. Art toca emocionalmente Frank e Robin, levando-os a rever suas motivações e encontrar suas verdadeiras forças para lutar, cativando cada um deles a unir forças com o ex-militar para ir até as entranhas da Teleios em busca de sua prodigiosa filha. O filme se torna gratificante ao surgir como redenção pessoal para Jamie, que finalmente recebeu um poder que faz jus ao ator depois da desmerecida escalação que o fez ser o antagonista de O Espetacular Homem-Aranha 2, um Electro que recebeu um roteiro e efeitos que não fizeram honra ao personagem. O trio se completa com a Robin de Dominique Fishback, uma garota sofrida que acaba tendo que encarar a escuridão da periferia na busca por salvar sua mãe, sendo arrastada para dentro da perigosa rede de tráfico do Power, tendo que interagir com os piores tipos de criminosos, e encontrando em Frank e Art a chance de fazer uma boa ação, de derrubar a empresa por trás da droga que matou seu primo e de salvar uma vida inocente. O longa ainda conta com uma curta, mas ainda assim excelente, participação de Rodrigo Santoro como Grandão, o criminoso deformado capaz de destruir todos a sua frente.

O longa dirigido por Ariel Shulman e Henry Joost surfa na onda criada pela fórmula Marvel, que transformou os filmes de super-heróis em um gênero próprio, e busca fazer parte do mote que já figura com vários representantes na lista das maiores bilheterias da história. A produção começa com algumas premissas interessantes e é dotada de boas cenas de ação, bem ao estilo da franquia Bourne (cenas intensas feitas com tomadas trêmulas, trilha de tiros e explosões, enquanto o personagem é visto lutando e sendo banhado por estilhaços de vidros), uma fórmula que se tornou um sucesso imediato assim que chegou aos cinemas e permite a seu público a possibilidade de curtir a cena enquanto experimenta toda a confusão e o impacto da luta, mas que se arrisca ao aparecer tantas vezes no longa que beira ao excessivo. Power tinha tudo para ser um excelente filme, apostando num profunda mitologia e fugindo dos uniformes coloridos, assim como é feito em Hérois, mas falha ao não saber aproveitar bem seu elenco, os jogando em um roteiro que não se aprofunda o suficiente em nenhum dos temas que decidiu abordar, chegando ao ponto de não se importar em criar motivações para seus outros personagens, fazendo parecer que apenas Art tem um motivo para lutar, e que todos os outros que lhe cruzam decidem ajuda-lo ou se opor a ele por puro comodismo. Com muita tristeza,  não há como negar que fomos apresentados a um filme cheio de potencial que não consegue se encaixar bem como filme de heróis e nem como filme de ação, se tornando apenas mediano em ambas as categorias.

“Eu estava mentindo?”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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