Crítica | Psicopata Americano (American Psyco)

Nota
4

“This confession has meant nothing”

Patrick Bateman (Christian Bale) é um homem com uma vida dupla. De dia, ele apresenta-se como um jovem investidor bem sucedido, preocupado em conseguir uma reserva impossível no restaurante mais cobiçado da cidade enquanto tenta manter as aparências com sua bela noiva, Evelyn (Reese Whiterspoon). Já a noite, ele sacia seus anseios com crimes hediondos dignos de um filme slasher. Mas, após uma série de eventos cada vez mais frequentes e aterradores, o mundo sombrio de Bateman começa a invadir seu cotidiano ensolarado, quebrando de vez a máscara que veste diariamente e deixando-o frente a frente com a sede de sangue que sempre se mostrou presente.

É curioso encarar o quão atual Psicopata Americano pode soar, mesmo sendo produzido há 22 anos atrás em uma sociedade que representa o auge dos anos 80 em seu repertório. O filme dirigido por Mary Harron (que também ajudou na construção do roteiro adaptado com Guinevere Turner), retrata de forma satírica e cruel uma sociedade repleta de máscaras fabricadas e vazias, em embates ocos que insistem em ser importantes para se alcançar algum nível de status social, e é exatamente nesse quesito que a crítica social brilha tão fortemente.

Bateman tem todas as características para ser um “cidadão de bem”. Ele tem um bom emprego, uma fortuna considerável, uma linda noiva, um ótimo status e um ar requintado de quem sabe aproveitar o melhor da vida. Mas, por trás dessas máscaras, o mauricinho tem um ar individualista e narcisista que, apesar de tudo que tem nas mãos, espera um reconhecimento adequado a seu ego inflado. Suas falas são repletas de preconceitos, afirmadas por falácias vazias que justificam ainda mais a grandiosidade soberana que acredita ter. Para isso, a direção utiliza seu planos para evidenciar cada detalhe escultural de suas ações, colocando-o por muitas vezes diante de um espelho, o que se mostra ainda mais egocêntrico quando cada ato é narrado por ele próprio, trazendo ainda mais evidência sobre o quão aficionado por si ele pode ser.

Cada ato do personagem é pensado em encobrir seu asco por quem considera inferior, principalmente quando um simples cartão desperta a sua fúria ao colocá-lo abaixo de alguém que não seja merecedor de seu igualitário. A fotografia faz questão de evidenciar o vazio de sua vida, o colocando em um ambiente claro e amplo que pouco parece abrigar dentro de si.

O filme ainda recheia sua trama de signos fúteis e frívolos, que colaboram com a necessidade consumista que pouco tem a acrescentar, mas que entra em choque direto quando encontram as crueldades dos assassinatos cometidos por seu protagonista. Cada ato de raiva infundada torna-se um choque visceral, principalmente quando a trama nos volta para o que os ocasiona, mas, em boa parte, o longa nos leva a um ar de comicidade com os absurdos causados por esse contato.

Bale demostra uma versatilidade impecável, que consegue apresentar as variações inebriantes de seu personagem em suas diferentes camadas. Seja nas gradações de humor, nas diferentes formas de raivas ou até mesmo na malícia de sua superioridade, o atirador consegue nos fisgar, ocupando inteiramente a tela e nos deixando ainda mais vidrados para descobrir o que poderia surgir no próximo segundo.

Repleto de uma trama sarcástica e irônica, com requintes de crueldade insana, Psicopata Americano se mostra tão assertivo em suas críticas quanto no ano em que foi lançado. O longa nos faz refletir sobre a mentalidade social e o quando continuamos estagnados na hipocrisia conservadora que os homens de bem parecem possuir.

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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