Crítica | Que Horas Eu Te Pego? (No Hard Feelings)

Nota
3

Uma comédia romântica extremamente previsível, mas que te prende até o final, Que Horas Eu Te Pego?, filme dirigido por Gene Stupnitsky, conta a história da Maddie (Jennifer Lawrance), uma mulher que se encontra prestes a perder a sua casa, onde cresceu e viveu por bastante tempo. Dessa forma, ela procura por oportunidades que lhe tragam boas recompensas, se deparando com uma de “namorar” com um garoto de dezenove anos, Percy (Andrew Barth Feldman), em troca de um carro.

Que Horas Eu Te Pego? segue o molde clássico de filmes de comédia romântica: a protagonista conhece o seu futuro parceiro de forma bem despretensiosa, sem querer firmar algo sério – já que se trata de um acordo – , contudo, acaba desenvolvendo sentimentos. Essa paixão, porém, acaba sendo duvidada pelo parceiro, ao descobrir que todo o relacionamento se tratava de um acordo. Dessa forma, a protagonista vai atrás da sua redenção, através do perdão, provando o seu amor verdadeiro. Portanto, é uma narrativa tão previsivelmente comum que o espectador já inicia o filme prevendo todo o enredo, do começo ao fim. Assim, a fotografia, direção de arte e figurino em si não são de tanto destaque, apenas cumprem suas funções seguindo moldes já pré existentes.

Em relação às piadas, é perceptível que seguem um modelo bem genérico, nada extremamente genial, apenas o que geralmente encontramos em comédias românticas. Porém, tudo se torna melhor quando Jennifer Lawrance canaliza a personagem em si, e consegue trazer uma protagonista icônica, que se destaca, que marca, e consegue sustentar a narrativa nas costas. Assim, o toque açucarado de Que Horas Eu Te Pego? está mais na atuação do que no próprio roteiro. É inegável que o trabalho de Jennifer Lawrence está impecável. A atriz demonstra sem receio o talento que tem em atuar em filmes de comédia. Maddie é uma personagem que hipnotiza o espectador do início ao fim. Ela consegue seguir um arco muito consistente e ser engraçada de uma forma bem espontânea. Sua energia de femme fatale, ao mesmo tempo que demonstra vulnerabilidades e consegue ser divertida de um forma doce e carinhosa, conquista demais quem está assistindo.

Percy, portanto, segue um dos estereótipos mais comuns existentes em filmes mainstream: o garoto nerd, virgem, envergonhado e medroso. Algo que já se encontra extremamente batido, tanto que pela descrição dos próprios pais dele, o espectador já consegue imaginar como ele é, tanto fisicamente, quanto de personalidade. Dessa forma, o personagem se apoia totalmente na protagonista. Se não fosse por ela, e por ter conseguido atuar tão bem, Que Horas Eu Te Pego? seria um obra audiovisual totalmente sem sal.

Portanto, Que Horas Eu Te Pego? é aquele filme bem sessão da tarde, que apesar das cenas malucas, típicas de comédia pastelão, é bastante leve, sem reflexões muito profundas, com um amor bem previsível que floresce, mas que traz uma protagonista icônica que vai prender o espectador até o final. Assim, claramente Gene Stupnitsky poderia ter adicionado diversos outros elementos para torná-lo mais original, a começar pelo próprio roteiro. Contudo, chamar Jennifer Lawrance para atuar como a protagonista Maddie, foi uma jogada de mestre, porque um filme que poderia ser um grande desastre, se torna uma obra que, apesar de genérica, é divertida, leve, fofa e prende o espectador. É assim que fica perceptível o quanto a atuação é literalmente a alma de uma obra audiovisual e o quanto o apego aos personagens têm o poder de conectar o espectador ainda mais ao filme. Dessa maneira, é evidente que Jennifer Lawrance simplesmente rouba a cena, se tornando a grande estrela de Que Horas Eu Te Pego?, e portanto, sustentando toda a narrativa nas costas.

 

Estudante de cinema, pernambucana

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