Nota
Beyoncé, além de ser uma artista mundialmente aclamada, com seus Grammys, é dançarina, cantora, e explora o campo cenográfico majestosamente. Ela sabe o mercado que quer atingir e como atingir. Ela pensa em tudo: como quer o palco, como quer a coreografia, como quer os figurinos, e como ela quer passar a ideia de renascimento dela como artista no álbum, uma experiência que, ao assistir ao show (ou ao filme no caso), mostra o quanto ela foi criteriosa. A Renaissance World Tour ganha um filme escrito, narrado e dirigido pela Beyoncé, um documentário musical que narra todo o processo de produção, desenvolvimento e inspirações da Beyoncé pra essa turnê.
Definitivamente Beyoncé nos quer próximos dela, ela mostra o seu lado humano além do gênio, o lado mãe, o lado focada no trabalho, o lado psicologico, ela quer deixar os espectadores íntimos dela no decorrer do filme, além de trazer grandes apresentações a cada trecho, ela brinca com a narrativa, planeja, produz e executa todo o show de forma a mostrar exatamente o que ela quer: fazer o público desejar estar ali. Ao mesmo tempo que acolhe, o filme trasporta para o show em si. Não é apenas performances e mais performances, como vimos no The Eras Tour, onde o foco foi na produção do show, Beyoncé quer mostrar desenvolvimento em sua arte, suas referências, como decide passar e entregar, como cria, e que ela, como todo seu público, passa dificuldade. Uma aula de feminismo e perseverança, de vencer em um começo mais humilde e mesmo hoje ainda superar obstaculos como mulher.
A produção mostra o cansaço físico e mental em paralelo com a glória do espectáculo, o design do palco, dos telões, a moda em diversos figurinos e também novas possibilidades visuais com o looks que simplesmente nos revelam o que pode ser o futuro da moda. O palco totalmente interativo, contando histórias que se unem aos robôs, o futurismo e muito prata, com um apogeu de iluminação, transições e velocidade que gritam “renascimento” o tempo todo, o esplendor e exagero, o rei sol moderno nos palcos, além dos diversos clássicos e hits da Queen Bey, a escolha precisa do seu novo álbum e de hits anteriores, de remixes e de introduzir sua filha, Blue Ivy Carter, aos palcos, para ela se desenvolver sem sexualiza-la. Beyoncé mostra que, além dessa artista, há uma mãe com filhos pequenos, que leva a escola, que precisa brincar com eles, ter um tempo de qualidade e até comer pão com mortadela, e que depois de uma longa turnê, como ser humano, precisa de férias, ela inspira.
Alem da belissima homenagem ao seu tio, em musica, Beyoncé traz artistas do ballroom pro seu ballet, para seu house music, tudo isso enquanto se mostra capaz de dar suporte a lgbtqias+ negros com feats e produções incríveis, em praticamente todo o álbum. Ela sabe de onde veio e faz seu público desfrutar disso. Looks pratas, pretos, neon, sexys, inovadores e cheio de referências aos seus fãs, como o de abelha, e o apogeu do cavalo prateado e ela sendo içada nos céus. Definitivamente, Renaissance: A Film by Beyoncé instaura a cantora como um gênio dos palcos e da produção cenográfica, que além de pensar nos palcos, pensou em como seria filmado e apresentado na forma de um filme, dando uma aula de documentário musical.
Lucas Vilanova
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Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror