Crítica | Roma

Nota
5

Roma mostra a rotina de uma família de classe média que é controlada de maneira silenciosa pela Cleo (Yalitza Aparicio), a mesma trabalha como babá e empregada doméstica, acontecimentos inesperados começaram a afetar a vida de todos, o que ocasiona em uma série de mudanças coletivas e pessoais.

O longa se passa na cidade do México no ano de 1970 é mostra como que a convivência entre famílias era tradicional. Cleo é uma mulher totalmente dedicada às crianças e mantém toda a casa em ordem, desde a alimentação até colocar as crianças para escola e diversas outras atividades.

A realidade de uma família tradicional mexicana traz consigo um relato que muitas famílias vivem ou viveram em suas épocas. O homem sempre chefe da casa e a mulher dependente de seu amor, por ser completamente abandonada após ter filhos. Tudo é voltado apenas a um status social e um desespero vindo da mulher para tentar manter-se firme na sociedade da época. Sofia (Maria de Tavira), mostra-se uma mulher frágil e delicada, sempre clamando atenção de seu marido Sr. Antonio (Fernando Grediaga) que finge uma suposta viagem de trabalho para ficar longe de sua família e manter-se ausente de sua esposa e filhos.

O longa também trata também das diferenças entre classes sociais, mostra como foi difícil a relação entre Cleo e Fermín (Jorge Antonio Guerra) após o surgimento de sua gravidez e como a mesma sofreu para lhe dar com toda situação. Mesmo com tantas complicações na família, Sofia da todo suporte à Cleo, para que ela tenha uma gravidez saudável e sem grandes riscos.

Roma propõe uma relação intimista com o expectador, causando sensações de diversas formas. Desde mostrar a relação e o retrato fiel da sociedade mexicana até em mostrar a vida pobre em favelas ou lugares de classe baixa. A fotografia do longa da a sensação de que tudo foi feito em modo panorama, as vezes a câmera é fixa e sempre direcionada da esquerda para direita ou da direta para esquerda com isso ocasiona a sensação de aumento dos cenários e ambiente.

Cleo se mostra uma mulher forte, mesmo passando por diversos problemas, ela se mantem firme ao ajudar Sofia e sua família. As crianças têm muito amor pela mesma e a consideram como um membro da família, também compartilham bons momentos juntos, vendo filmes, em passeios e outras atividades.

Durante todo o longa é possível ver que existe apoio e acolhimento entre Cleo e Sofia, o que fica claro que o feminismo existiu durante o longa e que foi muito bem abordado durante toda a trama. Ambas tiveram problemas com seus parceiros e ambas se mantiveram mulheres fortes e que souberam extrair o mesmo de toda situação.

Roma é algo especial que você testemunha o crescimento do intimo ao público, algo idealizador que foi feito com carinho desde a criação do roteiro até o momento final da atuação, pois é possível ver que existe uma conexão forte. O longa não precisou de muito para ser considerado uma grande obra, apenas de emoções, uma filmagem em preto e branco com a mais pura essência do cinema.

 

Formado em Letras, atualmente cursando Pós-graduação em Literatura Infantil, Juvenil e Brasileira. Sentindo o melhor dos medos e vivendo a arte na intensidade máxima. Busco sentir histórias, memórias, escrever detalhes e me manter atento a cada cena no imaginário dos livros ou numa grande tela de cinema.

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