Crítica | Rua do Medo: 1666 – Parte 3 (Fear Street Part Three: 1666)

Nota
3

“A verdade será revelada. Talvez não hoje, talvez não amanhã, mas irá.”

Deena finalmente achou a mão desaparecida de Sarah Fier, levando-a de volta ao seu esqueleto para tentar finalizar de vez a maldição que fez Sam ser possuída, mas nem tudo é o que parece em Shadyside. No momento em que finaliza sua missão, Deena cria uma conexão instantânea com a bruxa, o que faz sua mente viajar diretamente para 1666, o ano que Cyrus Miller realizou o primeiro assassinato em massa da região e em que Sarah foi acusada de bruxaria e enforcada. A partir do momento que Deena começa a enxergar as lembranças de Sarah, somos levados a compreender que tudo o que aconteceu naquele ano pode não ser como as lendas dizem, e que os eventos que acabaram levando à sua morte podem ter muito mais camadas e segredos do que se imagina.

Marcando o final da trilogia Rua do Medo, o terceiro filme dirigido por Leigh Janiak nos leva ainda mais longe no passado de Shadyside, na época em que ela e Sunnyvale ainda eram uma só colônia, chamada Union. Numa trama que lembra muito os eventos de Fear Street Saga Trilogy, de R.L. Stine, o longa conecta diretamente Union, Sunnyvale e Shadyside, o capítulo final da trilogia aproveita boa parte do elenco de seus outros dois filmes para personificar cada uma das pessoas que viviam ao redor de Sarah, dando até um ar de conexão de sangue ao colocar diversos personagens interpretando seus ancestrais e relacionando a maldição com as famílias de Union, como as famílias Miller, Goode, Fier e Berman. Sarah/Deena é apresentada de uma forma doce, nos fazendo amar a garota desde o inicia ao mesmo tempo que solta pequenas tons macabros na sua personalidade, mas a verdadeira empatia do longa surge no momento em que seu ‘verdadeiro crime’ é revelado, quando começamos a entender o motivo de ela ter sido tão facilmente condenada e colocada como bode expiatório de um mal maior, que perdura até 1994.

O longa traz a volta oficial de Kiana Madeira como protagonista, dessa vez vivendo Deena no corpo de Sarah, nos apresentando uma Sarah muito mais humana, Kiana consegue quebrar toda a construção que tivemos da ‘vilã’ da trilogia, nos fazendo enxergar a inocência por trás da bruxa e todas as camadas que compõe sua personalidade. Olivia Scott Welch volta vivendo Hannah Miller, a filha do pastor Cyrus Miller e que acaba sendo uma peça muito importante na história de Union e de Sarah, ela traz toda a inocência que a atriz emprestou a Sam e cria uma conexão forte entre as duas personalidade, o que justifica o fato de Deena enxergar Hannah com a aparência de Sam. Ashley Zukerman retorna no papel de Solomon Goode, apresentando todo o mistério que enxergamos no seu descendente, Nick Goode, aliado a uma personalidade ferida, depois de ter perdido sua esposa e sua filha, e que nos desperta empatia, visto toda a sua bondade com Sarah, mas a personalidade de Solomon vai evoluindo e nos mostrando uma força única, interferindo diretamente na história de Sarah e de Nick, de uma forma inesperada ao mesmo tempo que está bem debaixo de nossos narizes o tempo todo.

O elenco ainda se completa com o retorno de Sadie Sink (que viveu Ziggy Berman) como Constance BermanBenjamin Flores Jr. (que viveu Josh Johnson) no papel de Henry Fier, Emily Rudd (que viveu Cindy Berman) voltando como Abigail Berman, Jeremy Ford (que viveu Peter) como Caleb, McCabe Slye (interprete de Tommy Slater) como Thomas, Jordana Spiro (que viveu Mary Lane) como a Viúva Mary, Matthew Zuk (que viveu Will Goode) como Elijah Goode, Fred Hechinger ( que viveu Simon Kalivoda) como Isaac, e Julia Rehwald (que viveu Kate Schmidt) como Lizzie. Além dessas ‘participações’, temos rápidas cenas apresentando Elizabeth Scopel vivendo a verdadeira Sarah Fier, uma escalação que, apesar de não trazer performances e atuações, nos compensa com uma construção de caracterização que dá a Sarah um complemento palpável para sua personalidade, nos dando a chance de dar uma cara para a personalidade que o longa construiu.

Apesar de nos levar diretamente para uma trama muito mais complexa que seus dois antecessores, Rua do Medo: 1666 se desenvolve de uma forma muito mais arrastada, se preocupando muito mais em expandir a rotina de Sarah do que em realmente contar os eventos que culminaram na sua morte. Enquanto somos apresentados aos cansativos eventos de Union e seus habitantes, presenciamos uma trama muito mais cansativa, que consegue amarrar diversas das pontas soltas da saga, mas enrola demais em certos pontos. Indo no caminho inverso de 1978, o longa começa com a visita ao passado e só no seu final nos traz de volta a 1994, num epilogo que é batizado como Rua do Medo: 1994 – Parte 2, onde começamos a ver as consequências de tudo que vimos ser construídos até agora, e onde começamos a ver a história que mais importa se desenrolar, mesmo que ainda cheia de enrolação e com pequenos buracos no roteiro.

“Não entende? Não importa se fizemos isso ou não.
Acham que somos culpadas, então somos.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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