Crítica | Rua do Medo: 1978 – Parte 2 (Fear Street Part Two: 1978)

Nota
4

“Em Shadyside, o passado nunca fica no passado.”

Agora que Sam está possuída pelo espirito de Sarah Fier, cabe a Deena Josh ir mais a fundo no passado de Shadyside, é chegado o momento de eles encontrarem C. Berman para entender o que realmente aconteceu em 1978 e como ela sobreviveu. 12 de julho de 1978, começava uma história marcante em mais um verão do Acampamento Nightwing, que unia campistas de Shadyside e de Sunnyvale. A jovem Ziggy Berman, de Shadyside, vive sendo atormentada por alguns campistas de Sunnyvale, principalmente Sheila, sendo chamada de bruxa por ser uma jovem estranha, sendo o alvo de punições de Kurt e acabando sempre indo parar na enfermaria de Mary Lane, mas aquele dia seria diferente para todos no acampamento, principalmente depois que Mary resolve tentar matar Tommy Slater, dizendo que viu o nome dele na pedra, e acaba por fazer Tommy, sua namorada, Cindy Berman, e outros dois monitores do acampamento, AliceGary, iniciar uma perigosa investigação sobre o que Mary estava falando, uma investigação que os faz chegar cada vez mais perto do assassinato em massa de 1978.

Depois dos eventos de Rua do Medo: 1994 – Parte 1, o enredo da segunda parte da trilogia de Leigh Janiak nos leva a uma viagem ao passado, quando Deena precisa escutar o que aconteceu no Acampamento Nightwing em 1978 para entender qual o próximo passo que ela deve tomar na busca por resgatar Sam, que está possuída pela bruxa de Shadyside, uma viagem que pode dar uma pista sobre como sobreviver à maldição e o que existe em comum entre Berman e Sam, o que as fez se conectar com a bruxa e como essa conexão pode ser quebrada de vez. Se o primeiro longa fugia bastante dos contos de R.L. Stine, essa segunda parte parece assumir completamente a independência das ideias do escritor, somos arremessados em uma grande homenagem aos filmes de terror dos anos 90, que parece criar uma atmosfera completamente nova e independente do filme anterior e, quando menos percebemos, começa a se conectar com seu antecessor ao expandir a história da bruxa, a mitologia de Shadyside e revelar o passado de alguns personagens notáveis.

Nesse segundo longa, Kiana Madeira, Olivia Scott Welch, Benjamin Flores Jr. e até Gillian Jacobs se tornam coadjuvantes, eles introduzem a trama e conectam os fatos, mas o elenco que realmente se expande durante o desenrolar do longa é o dos jovens que participaram do pesadelo no Acampamento Nightwing. Sadie Sink assume o papel de Ziggy, a ruivinha esquisita que ainda está lutando para superar o abandono de seu pai, ela está no último ano do Acampamento e parece ser o alvo preferido das garotas de Sunnyvale e das reclamações de Kurt, o que só prejudica a sua irmã. Emily Rudd é quem vive Cindy Berman, ela é a monitora certinha, que luta para conseguir pagar sua faculdade e que deseja, um dia, pode sair do pesadelo que vive em Shadyside, construir uma vida melhor e ser alguém, mas para isso ela precisa lidar com os problemas vividos por Ziggy, que parece sempre estar aprontando e no centro de todas as confusões. Ted Sutherland é outro destaque no elenco, interpretando o jovem Nick Goode o ator nos mostra quem realmente era o homem que se tornou o Xerife de Sunnyvale, criando camadas para o casca grossa, mostrando o peso de seu legado e a personalidade que ele tanto reprime, tudo isso enquanto conecta ele, delicadamente, com Ziggy, florescendo um romance proibido, entre o monitor em seu primeiro ano e a campista em seu último ano, que pode ser destruído de diversas formas. Além deles, não se pode esquecer de citar McCabe Slye (Tommy Slater), Ryan Simpkins (Alice) e Drew Scheid (Gary), que mesmo sem muito a desenvolver no decorrer do roteiro, ainda conseguem roubar um pouco a cena e passar por transformações diversas, sejam para o bem ou para o mal.

Enquanto tivemos uma introdução complexa em 1994, a pegada de Rua do Medo: 1978 começa a criar uma mudança de tom, dando um clima mais tenso e um ritmo acelerado que parece se focar muito mais no assassinato em massa do que realmente na mitologia da bruxa. O longa começa bem, nos expondo a atmosfera do local e destrinchando bem os diversos personagens, deixando claro quem é de Shadyside e quem é de Sunnyvale (com direito até a cor de camisas diferentes em certo ponto do longa), para logo depois usar essa informação como catalisador na chacina, a evolução se inicia quando a produção se ocupa de aprofundar a transformação de Tommy, que começa gradativa e chega ao seu ápice quando menos esperamos. Se o primeiro longa chocou com as cenas das mortes de Kate e Simon, a sequencia não poupa violência e deixa explicita cada uma das mortes, que não são poucas, com direito a machadada, cabeças arrancadas e muito esquartejamento. Indo além da clara citação a Carrie e a Stephen King, o longa nos brinda com uma alucinante homenagem a Sexta-Feira 13 e Sexta-Feira 13 – Parte 2 ao construir uma atmosfera de slasher em acampamento e homenagear a primeira forma de Jason na versão final de Tommy.

“Seu sangue ela vai beber, sua cabeça ela vai cortar.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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