Crítica | Rua do Medo: 1994 – Parte 1 (Fear Street Part One: 1994)

Nota
3.5

“Começou como brincadeira e terminou como assassinato.”

Shadyside poderia ser uma típica cidadezinha dos Estados Unidos, mas ela é conhecida como capital americana do assassinato devido à grande incidência de psicopatas que ali surgem e de assassinatos em massa que ali acontecem. Em 1994Ryan Torres enlouquece no Shopping onde trabalha e, perto do horário de fechamento do local, mata nove jovens antes de ser morto pela policia, um feito que o fez ser conhecido como Assassino da Máscara de Caveira.

Alguns dias depois, DeenaKateSimon são levados, junto com a banda, os jogadores e as lideres de torcida, para um tributo em Sunnyvale (a cidade vizinha, bastante prospera e que vive uma rixa velada com Shadyside), um evento que acaba com um pequeno acidente de carro no meio da estrada, sem vítimas fatais, mas num lugar tenebroso onde, por acidente, Sam, a ex-namorada de Deena que se mudou para Sunnyvale, acaba despertando a ira de Sarah Fier, uma lendária bruxa que muitos acreditam ser a criadora da maldição de Shadyside. Vivendo uma noite de terror, o quarteto, junto com Josh (irmão mais novo de Deena), precisa descobrir como parar os fantasmas do passado que começaram a caça-los pelas ruas sangrentas dessa cidade maléfica.

O longa dirigido por Leigh Janiak, que tem roteiro de Leigh junto com Phil Graziadei, é a primeira parte uma trilogia livremente inspirada na série de livros Fear Street, do maravilhoso R. L. Stine, lançada pela Netflix em 2 de julho de 2021. Enquanto os livros de Stine mostram diversos eventos paranormais e assustadores acontecendo nas ruas de Shadyside, o longa de Janiak resolveu aproveitar esse gancho e criar uma trama completamente original que se desenrola na cidade, como se estivéssemos presenciando uma história nova da coleção (que já possui dezenas de livros). A trama parece se desenrolar completamente em volta da lenda de Sarah Fier, uma mulher que foi enforcada em Shadyside em 1666, acusada de bruxaria, e que rapidamente ascendeu ao patamar de lenda da cidade, com direito até a musiquinha, colocando a lenda para ser investigada pelo quinteto enquanto o enredo nos faz conhecer a personalidade de cada um deles, e amar suas particularidades.

Kiana Madeira assume o papel principal do longa, encarnando uma Deena cheia de camadas, enfrentando o fim recente do seu namoro ao mesmo tempo que busca entender o que levou Sam a se afastar de vez dela, tudo isso ao mesmo tempo que precisa lidar com o vindouro reencontro com a garota que tanto ama. Sua vida parece mudar completamente de cabeça pra baixo no momento que Fier começa a assombrar sua noite, ela precisa deixar seus dilemas de lado, erguer a cabeça e lutar para salvar a sua vida e a de Sam. Olivia Scott Welch vive uma Sam misteriosa, ela está confusa com suas escolhas, e aos poucos nos faz entender suas motivações ao mesmo tempo que tenta nos afundar no mistério de como ela foi capaz de despertar a Bruxa. Ela nos cativa pela sua inocência velada, é como se ela fosse apenas uma vítima das circunstancias, que se deixa levar pelos eventos e pelas pessoas ao seu redor, uma personalidade que passa por uma boa evolução no decorrer do longa.

Benjamin Flores Jr. (Josh), Julia Rehwald (Kate) e Fred Hechinger (Simon) podem adicionar muito ao enredo, apesar de não ter muito a evoluir durante a trama, os três coexistem com Sam e Deena e passam por uma decupagem no decorrer da trama, mostrando que eles são muito mais do que os clichês que os definem, eles são muito mais humanos, complexos e valiosos do que aparentam. Além dos claros protagonistas, a trama cria ramificações em potencial através de seus ‘vilões’ e coadjuvantes, uma pequena introdução, cheia de mistérios, é feita para Nick Goode, o xerife de Sunnyvale interpretado por Ashley Zukerman, o homem parece ter segredos em seu passado, segredos que podem conecta-lo com os eventos de 1978, dando a entender que ele sabe algo sobre os atos da bruxa, um mistério que parece ter sido plantado em nossas mentes para só ser desenvolvido na segunda parte da trilogia. Temos ainda os ganchos de Ruby Lane (Jordyn DiNatale) e Tommy Slater, dois dos assassinos de Shadyside que são apresentados no longa, deixando no ar aquela curiosidade sobre os eventos que levaram até a possessão da dupla.

Introduzindo uma trilogia cheia de potencial, Rua do Medo: 1994 se desenvolve de uma forma dinâmica, misteriosa e envolvente, o que parece ser os ingredientes perfeitos para a estruturação base de uma trama épica. Os eventos do longa parecem não se aprofundar em sua mitologia, mas tudo se engrandece pela forma como se mostra ciente de suas sequências, criando elementos soltos no decorrer de seu enredo que prometem ser melhor focados no decorrer dos próximos longas, deixando perguntas no ar que criam toda uma expectativa sobre o passado de Shadyside, deixando ainda maior o hype nos próximos dois filmes. Tudo fica ainda melhor quando é aliado a pequenos elementos soltos pelo longa, que se consumam como homenagens e referencias ao universo do terror, seja a referencia a R.L. Stine (os livros da cena de abertura que são escritos por Robert Lawrence) ou as homenagens aos clássicos filmes de terror como Pânico (na sequência de abertura) e Halloween (nas primeiras aparições do fantasma de Ryan Torres).

“Ela estica suas garras do além, para transformar em escravos os homens de bem!”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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