Crítica | Rustin

Nota
4

Rustin, filme estrelado por Colman Domingo, conta a história de Bayard Rustin (Colman Domingo), homem que enfrentou o racismo e a homofobia durante a década de 1960, nos EUA, e se tornou um dos maiores ativistas do mundo. Desafiando as autoridades e as probabilidades, Rustin organizou a Marcha sobre Washington em 1963, considerado um dos pontos altos do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, além de ser conselheiro de Martin Luther King Jr.

Dirigido por George C. Wolfe, o filme traz um elenco bem interessante, com a presença de Chris Rock como Roy Wilkins, um importante líder americano dos direitos civis, Glynn Turmann como A. Philip Randolph, chefe do comitê organizador dos movimentos do povo negro, e Aml Ameen como Martin Luther King. A produção se atenta, inclusive, em mostrar a amizade de Rustin e MLK brevemente no início, com algumas cenas, mas acaba faltando um pouco de desenvolvimento. A produção apresenta ainda as tentativas constantes de desqualificar Rustin, muitas delas pela sua sexualidade, como é o caso de quando acusam Rustin de ter um relacionamento homoafetivo com Martin Luther King, como uma forma de enfraquecer MLK, causando a demissão do mesmo por boatos que não eram verdadeiros.

Mas ao mesmo tempo que o filme mostra alguns relacionamentos do protagonista com outros homens, ele dá espaço para a opressão racial sofrida por Rustin, como um flashback de 1942, onde Rustin sofre opressão da polícia dentro de um ônibus cheio de pessoas brancas, com os opressores desferindo socos, chutes e saindo com muito sangue nas mãos, sangue esse de alguém que, por ser negro, cresce sabendo que vai sofrer e que será oprimido, nos mostrando a semente da ideia de organizar o maior protesto visto na história dos EUA, com mais de 200 mil pessoas reunidas. O filme garantiu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator para Colman Domingo, que realmente entregou uma atuação fantástica, ele literalmente deu tudo de si nesse papel.

O filme serve bastante como aprendizado para brasileiros que não conhecem a fundo a história americana de combate à discriminação racial, mostrando um pouco mais sobre a segregação racial que assolou fortemente o país durante o século 20, no começo do filme, momento em que o George mostra que manda muito nos angulos de câmera. A trama evolui a medida que começam a surgir empecilhos no meio do caminho dessa luta, tanto por parte do governo americano quanto do próprio movimento negro, em meio a um tipo de disputa de egos que cria embates em certos momentos do filme, como no planejamento do protesto pacifico de Rustin e Luther ou no desenvolvido o relacionamento de Rustin e Blyden (Grantham Coleman).

Com uma condução de história interessante, Rustin é uma boa representação da luta pela liberdade de um povo, que de pinceladas em pinceladas conta sobre o protesto organizado em sete semanas. Apesar de, por ser um filme biográfico, ter bastante ‘falação’, em 108 minutos o roteiro conta os eventos de uma forma que não fica cansativo, colocando Martin Luther King em segundo plano, o que talvez fruste algumas pessoas, para mostrar o protagonismo de alguém que foi tão importante quanto ele para o movimento negro. Claramente pensado para a temporada de premiações, o filme tem essa pegada artística que já é um padrão dos filmes lançados nessa época, porém cumpre com o feijão com arroz narrativo necessário, não trazendo nada de inovador, mas dando o devido destaque à atuação de Colman Domingo

 

Jornalista, torcedor do Santa Cruz e do Milan, Marvete, ouvinte de um bom Rock, uma boa leitura acalma este ser pacífico.

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