Crítica | Scooby-Doo

Nota
4

“Eu vou também?
Não, Scooby. Amigos não se vão.”

A Mistério S/A sempre foi uma maquina bem lubrificada. Decifrando mistérios, prendendo malfeitores e trabalhando perfeitamente em conjunto, o grupo de detetives adolescentes já desvendou alguns dos maiores casos de suas vidas. Mas, após uma serie de desentendimentos egocêntricos entre seus participantes, a agencia se desfez deixando a todos desolados e sem esperança.

Dois anos depois, o carteiro bate a porta da icônica Maquina do Mistério procurando por Salsicha (Matthew Lillard) e Scooby-Doo (Neil Fanning) para resolverem um caso amedrontador. Algo sobrenatural assombra os visitantes do parque Ilha do Espanto, transformando todos que entram na ilha. Emile Mondavarius (Rowan Atkinson), o dono do parque, se encontra desesperado com os acontecimentos e convoca a dupla mais esquisita do mundo para solucionar o caso prometendo 10 mil dólares e tudo aquilo que eles conseguirem comer.

Aceitando prontamente a proposta, Salsicha e Scooby partem para o macabro parque de diversões, mas logo no aeroporto eles encontram seus velhos companheiros de equipe. Fred (Freedie Prince Jr.), Velma (Linda Cardellini) e Daphne (Sarah Michelle Gellar) também foram convocados para investigar os perversos eventos e trazer a toma tudo que existe de mais sombrio naquela ilha.

Deixando todas as brigas de lado, eles precisaram reaprender a trabalhar em equipe e solucionar o maior mistério de suas vidas. Enfrentando criaturas nefastas, artes vodoo e uma vingança tenebrosa, a Mistério S/A tem que esquecer tudo o que acham conhecer se quiserem salvar a si mesmos e, quem sabe, o mundo.

Dirigido por Raja Gosnell e roteirizado por James Gunn, Scooby-Doo tem como objetivo fazer uma releitura de um dos clássicos mais amados da tv… mas de uma maneira um tanto quanto peculiar. Com um cunho mais adulto, mas mantendo próximo alguns aspectos da saga original, o longa trás uma nova roupagem que brinca com a ingenuidade do desenho e dão aquelas piscatórias marotas para o publico mais velho.

Seja pelas piadas com drogas lícitas, sexuais ou, ate mesmo, uma nova caracterização dos personagens, os novos aspectos do filme tentam se mesclar com a gritante inocência dos desenhos, trazendo uma mistura no mínimo interessante de um roteiro que beira ao previsível mas consegue agradar e divertir. A maior gratificação no longa é que ele consegue dar novas camadas aos personagens conhecidos, trazendo sombras e uma leve profundidade a algo tão familiar e tocando em certos aspectos que a animação nunca sonhou em questionar.

Como o caso de Fred sempre escolher Daphne para seu par, excluindo os demais. Ou como Velma sempre pareceu disposta a aceitar seus planos serem tirados de suas mãos quando claramente ela já sabia quem era o culpado do mistério. Ate Salsicha e Scooby trazem algo novo a trama.

Fred é o típico macho alfa. Extremamente cuidadoso com sua aparência, o bonitão tem atitudes machistas de alguém cheio de si que procura roubar todo o crédito da ação. O personagem carrega uma pesada critica para o estereótipo, tornando ainda mais valoroso a sua percepção que certas atitudes não são nem um pouco boas e os pequenos arrependimentos ao longo da trama.

Velma é inteligente e sagaz, mas vê todo seu intelecto ofuscado pela beleza e carisma dos outros personagens. Cansada de não receber os créditos merecidos, a estudiosa tenta a todo custo provar o seu valor, mesmo sentindo uma falta imensa de trabalhar em equipe. É com ela que temos as leves pinceladas sobre o passado da equipe e as explicações para o tenebroso plano do vilão, trazendo os velhos esquemas da personagem de volta a vida com uma raiva contida que parece bem palpável à nova personalidade empregada.

Daphne é um dos maiores acertos do filme. A patricinha sempre se encontrou em perigo constante, sendo sequestrada pelas criaturas e monstros e salva pelos demais companheiros. É tão gratificante acompanhar um lado mais forte e obstinado na personagem, trazendo uma força feminina sem igual. O constante desconforto em ser sempre salva trás à Daphne um dos maiores crescimentos durante a trama, jogando de lado todo o estereótipo de donzela indefesa e, verdadeiramente, transformando o seu corpo em uma alma perigosa.

Salsicha sempre teve o seu cerne na importância da amizade. Atrapalhado, faminto e medroso, o rapaz sempre se sentiu confortável com seus companheiros e sofreu com a separação. Mas, o que ele faria se um interesse romântico se opusesse a seu melhor amigo? As infames piadas com o possível uso de entorpecentes pelo personagem e sua aparente infantilidade são algumas das piadas mais frequentes na trama. Mas Matthew agradou tanto como o personagem que se tornou a voz oficial do mesmo, mostrando que encarnou bem o rapaz.

Scooby é doce e gentil. Feito inteiramente em CGI, o cachorro tem uma liberdade maior para fazer as estrepolias características do personagem. Ele é cativante, divertido e abobalhado, nos remetendo diretamente ao desenho que amamos e trazendo bem a inocência necessária para o filme. Com ótimas piadas, que condizem com o personagem, Scooby precisa lutar por sua amizade e lidar com seu aparente ciúme.

Com cenários coloridos, momentos engraçados e efeitos bem avançados para a época, Scooby-Doo trás uma nova roupagem a tudo aquilo que amamos sem perder seu carisma e essência. E, embora se tenha opiniões bem controversas, é inegável questionar a importância que o filme teve para reavivar o saudoso contato com coisas que amamos, trazendo uma nova leva de lives e releituras de clássicos de nossa infância que perduram ate hoje. O longa se mostra tão icônico que é impossível não lembrar de algum momento, mesmo tantos anos depois, e nos fazer sorrir com as piadas bobas, mostrando a força que um grupo de garotos enxeridos e um cachorro burro podem ter.

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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