Crítica | Scooby! O Filme (Scoob!)

Nota
4.5

“Hum… Certo. Nós vamos entrar nessa casa mal assombrada dessa vez, mas não vamos transformar isso em um hábito. Certo, Scooby?”

Anos atrás, o pequeno e solitário Salsicha (Will Forte) encontrou um cão de rua com quem criou um forte vínculo. Livrando o mesmo de uma encrenca, o rapaz o adotou e lhe deu o nome de Scooby-Doo (Frank Welker). Feliz por encontrarem um ao outro, Salsicha e Scooby partem para pegar doces de Halloween, apenas para serem importunado por uma dupla de valentões e encontrarem Fred (Zac Efron), Daphne (Amanda Seyfried) e Velma (Gina Rodriguez). Determinado a recuperar os doces perdidos, o estranho grupo entra em uma casa mal assombrada onde se deparam com o primeiro mistério de suas vidas.

Após inúmeros casos, e construírem uma certa reputação, a Mistério S/A decide explorar novos limites e dar o próximo passo para se tornar uma empresa de verdade, mas, para isso, eles precisam lidar com seu elo mais fraco e a falta de agregação que eles trazem. Chateados com a conversa, Salsicha e Scooby decidem relaxar em um boliche próximo apenas para serem atacados por robôs metamorfos que estão programados para capturar a dupla.

Desesperados, os amigos tentam escapar pelos fundos do local, mas se veem em um beco sem saída que não lhes da escolha além de rezarem por suas vidas. No último segundo, a dupla é resgatada por um herói da sua infância, que lhe informa sobre um plano maléfico orquestrado por um dos maiores vilões da história, e que coloca não só a dupla como todo o mundo em perigo. Mas seria a amizade o suficiente para deter o apocãolipse? E por que alguém se interessaria por uma dupla de covardes, que deseja apenas comer o máximo que puderem?

Durante muitos anos existiu um desejo de trazer a tona o universo animado Hanna-Barbera para o cinema, entrando na onda de remakes e universos compartilhados, pareceu o momento perfeito para isso. Mas como trazer um universo tão rico à vida a ponto de conquista e o público sem causar estranhamento? Ou melhor, como chamar a atenção do novo e do velho público de uma maneira que trouxesse uma justificativa para a nova adaptação? A resposta é simples: fazendo um reboot da animação mais amada e conhecida dos estúdios.

Dirigido por Tony Cervone e roteirizado a quatro mãos, Scooby! O Filme é o primeiro passo para o ambicioso plano da Warner Bros em reviver uma de suas mais amadas franquias. Tem como objetivo claro expandir seu universo, o longa foge do esperado de um filme de Scooby-Doo, trazendo algo mais abrangente que possa encaixar de forma harmoniosa outros elementos do estúdios. Por tanto, não espere uma história clássica com um vilão mascarado através de um aspecto sobrenatural para espantar curiosos, aqui temos algo um pouco mais… heroico.

Sim, ainda temos um leve mistério, e sim, ainda temos criaturas bizarras, mas o cerne da aventura se expande para novos horizontes, além de sofrerem uma remodelagem que costure esses diferentes elementos. Sendo o primeiro filme animado da franquia a ser idealizado para os cinemas, a obra ganha um nova cara e um polimento impecável. A qualidade gráfica é magnífica, demostrando todo cuidado que a produtora teve com o longa. São texturas, cores e sombreamentos que elaboram ainda mais a animação e são um novo grau as características que já amávamos.

Por falar nelas, cada um é respeitada, trazendo uma nova roupagem moderna aos personagens, mas tornando-os reconhecíveis a todo momento. Não temos um estranhamento gritante, muito menos o desconforto de ver personas inteiramente novas, que não condizem com nossa memória afetiva, com raras exceções… é claro.

O grupo principal é separado logo no início, apenas para construir suas narrativas paralelamente, enquanto adicionam os cobiçosos crossovers prometidos. Salsicha e Scooby tentam descobrir sua real função enquanto são abraçados por uma realidade inteiramente nova, que sacode a amizade dos dois. A doçura e ligação entre os dois é tão poderosa que nos atinge em cheio, com o melhor que a franquia sempre teve: seus laços humanos. Fred, Velma e Daphne tem seu momento de brilhar, trazendo uma narrativa paralela que condiz mais com o que já conhecemos da franquia.

Falcão Azul… ou melhor, Brian (Mark Wahlberg) e Bionicão (Ken Jeong), também sofrem algumas mudanças. Enquanto o herói ganhar um ar mais chamativo e espalhafatoso, que esconde suas inseguranças e incertezas por viver a sombra do pai, Bionicão e Dee Dee Skyes (Kiersey Clemons) condenam a falta de maturidade e profissionalismo do mesmo. Dick Vigarista (Jason Isaacs) é um dos que mais sofrem alteração ao longo da trama. Para ganhar um aspecto de antagonista plausível, o vilão precisa deixar seu lado megalomaníaco e explorar planos mais assertivos e menos furados. Todo o visual que o cerca é um contraste com o apresentado por Falcão Azul, abusando da sujeira, ferrugem e de um fogo sempre presente em ótimas referências à história do cruel personagem. Mas, surpreendentemente, ele também ganha um novo lado, que surpreende o espectador, e contem uma narrativa mais humana que nos comove.

Utilizando bem suas referências ao universo Hanna-Barbera e a clássicos musicais e visuais da Warner, Scooby! O Filme é um ótimo primeiro passo para um universo compartilhado que tem tudo para da certo. Devido a pandemia do Covid-19, o filme sofreu uma alteração drástica em seu lançamento, precisando de uma “premier doméstica” em serviços On Demand. Esperamos sinceramente que isso não prejudique a obra, e que o publico consiga aproveitar o que ela nos propõe, para que assim possamos ver o que está reservado no futuro da franquia cinematográfica.

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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