Crítica | Sede Assassina (To Catch a Killer)

Nota
4

O que leva um ser humano a matar outro? Quais os caminhos que alguém segue que o levam a cometer um atentado? Qual o limiar entre ser uma pessoa e um monstro? Essas e outras questões permeiam o novo filme do argentino Damián Szifron, Sede Assassina (To Catch a Killer, no original em inglês).

O filme protagonizado por Shailene Woodley (Adoráveis Mulheres), que tambpem assina como produtora, e Ben Mendelsohn (Batman: O Cavaleiro das Trevas) se trata de uma intensa caça do FBI a um inigualável assassino com métodos pouco ortodoxos para o tipo. O filme possui a atmosfera e ritmo certo para esse tipo de produção de forma que lhe prende desde os primeiros minutos e faz com que o espectador entre de cabeça na investigação.

Woodley mostra o que sabe de melhor: se entregar por completo a um personagem e conseguir extrair dele tudo o que é possível. No papel da policial Eleanor Falco, é que foi possível ver a diferença gritante para quem a conheceu em A Culpa é das Estrelas ou na Saga Divergente e o hoje. Sua Eleonor é quebrada e melancólica, em contrapartida isso lhe dá o olhar necessário que chama a atenção de Lammark (Mendelsohn), o investigador do FBI responsável pelo caso.

A história escrita por Szifron, em parceria com Jonathan Wakeham, possui nuances próprias que prendem quem estiver assistindo colocando para participar da história de forma indireta. Os personagens principais são apresentados ao público em várias camadas, criando uma maior empatia e entendimento para com as decisões, erros e acertos que são tomados em tela. Não são unidimensionais, suas várias facetas são mostradas até o último segundo em tela, o que torna um ponto extremamente positivo.

Sede Assassina aborda um estilo de investigação e levanta questionamentos diferentes de outras obras do gênero que chegam aos cinemas: uma humanização do inimigo. Não se trata de um filme policial voltado para o público que deseja ver tiroteios e ação desenfreada em tela, se trata de um filme que traz o lado mais sensível de uma investigação. O peso nas costas de quem investiga, as manobras políticas e midiáticas em busca de capitalizar em cima dos desastres ou limpar a imagem de quem está no poder, a agonia de quem assiste sem poder interferir, a angústia de quem sofre com as perdas.

 

Pernambucano, jogador de RPG, pesquisador nas áreas de gênero, diversidade e bioética, comentarista no X, fã incontestável de Junji Ito e Naoki Urasawa. Ah, também sou advogado e me arrisco como crítico nas horas vagas.

Respostas de 4

  1. Tudo o que ele escreveu é verdade .Um filme intenso do início ao fim , onde cada cena nos mostra realmente uma faceta de cada personagem. E o principal , o “ bandido “ ou vilão não é um monstro , mas um ser humano como você que tem as mesmas questões que você tem sobre o porquê nossa sociedade está como está.

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