Crítica | Sementes Podres (Bad Seeds)

Nota
4

Waël e Monique são golpistas em Paris, vivendo de roubar idosos locais de diversas formas. Mas tudo muda quando, durante um golpe, Monique reencontra seu velho amigo, Victor, e enxerga a chance de transformar a vida de Waël, forçando o idoso a lhe dar um pequeno trabalho voluntário no centro de detenção do sistema escolar francês. Ser levado para essa função vai, pouco a pouco, transformando o jovem Waël de uma forma inacreditável, mostrando o quanto a responsabilidade pelo grupo de seis adolescentes rejeitados pode fazer todos eles se transformarem.

No decorrer do longa francês, lançado em 21 de novembro de 2018 nos cinemas da França e em 21 de dezembro de 2018 pela Netflix, vamos vendo a transformação dupla de Waël, ao mesmo tempo que vamos vendo o delinquente se transformando num responsável professor, temos flashbacks que mostram o passado do homem, quando criança, nos levando a conhecer suas necessidades e o quanto isso foi transformando o inocente garoto num delinquente por necessidade, que em meio a roubos teve que aprender a sobreviver nas ruas e confrontar as piores experiencias de sua vida. O nome Sementes Podres é clara representação do grupo protagonistas, do encontro explosivo entre as sete “ervas daninhas” que se abrigam naquela sala e o quanto surge um verdadeiro milagre que muda cada um deles.

O longa é permeado por um otimismo inesperado, que de forma ingenua vai nos carregando até a moral do filme, que discretamente toca nosso coração e nos faz querer enxergar os traumas por trás de cada um desses rejeitados. Waël viu toda sua família ser assassinada e,depois de escapar, passou a viver batendo carteiras e fingindo ser cego, sua vida parecia que ia mudar quando ele foi encontrado por uma freira, que o leva a um orfanato onde ele vive terríveis experiencias, onde ele se apega ainda mais àquela freira, que acaba largando a batina e o levando daquele orfanato, se revelando ser Monique, nos dando a chance de entender como surgiu essa relação quase maternal entre a senhora e o jovem. Toda essa experiencia é intensificada pelo excelente trabalho de Kheiron, que dirige o longa e interpreta Waël, sendo o principal responsável pelo excelente tom que mescla comédia e drama, que aposta na compaixão e na paciência para nos fazer enxergar o que leva crianças e adolescentes a tomarem caminhos tortuosos, aquelas experiencias que se tornam uma semente podre nas nossas vidas.

Uma produção que nos surpreende do inicio ao fim, em Sementes Podres fica claro que nada é capaz de distrair da verdadeira mensagem por trás da história, inundando a tela com os sentimentos de cada jovem e de seu novo mentor, entrelaçando a vida deles para nos mostrar que sempre se pode fazer muito por aqueles que estão ao nosso lado. De cara parece que o filme será só mais um clichê de sessão da tarde sobre um professor em uma escola periférica que muda o jeito de dar aulas e transforma a vida de todos ali, mas aos poucos vamos vendo que o longa é muito mais que isso e que Kheiron não é apenas o protagonista perfeito, como também é um diretor hábil e um excelente roteirista. O longa pega todos aqueles conceitos clichês e tenta transformar em algo bom, trazendo novos elementos, que são os responsáveis por tornar o filme realmente gostoso de assistir, emocionante em algumas cenas e eficiente em transportar aquela mensagem que nos faz rever o verdadeiro significado da educação e do trabalho de professor.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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