Crítica | Sorria 2 (Smile 2)

Nota
4

“Você não está no controle. Eu estou.”

Seis dias após testemunhar o suicídio de Rose Cotter e ter recebido a maldição da entidade que sorri, o policial Joel tenta passar a maldição da entidade que sorri adiante em um confronto com dois criminosos, com o intuito de fazer um deles de testemunha. Depois de matar seu alvo, a testemunha morre em um tiroteio. No entanto, o traficante Lewis Fregoli inadvertidamente assiste a situação e recebe a maldição. Skye Riley é uma pop star ganhadora do Grammy, mas passou por uma fase obscura depois que, por abuso de substâncias, se envolveu em um acidente de trânsito que matou seu namorado, o ator Paul Hudson. Agora, voltando aos holofotes e se preparando para uma turnê, ela tenta esconder um vício em Vicodin de sua mãe, e empresária, quando vai ao encontro de Lewis, ela só não sabia o pesadelo que o traficante estava vivendo depois do encontro com Joel, quando Lewis se mata na frente de Skye, a cantora passa a viver um pesadelo sendo perseguida pela perturbadora entidade.

Após o sucesso comercial de Smile, a Paramount Pictures decidiu assinar com Parker Finn para novos projetos de terror, sendo o primeiro deles uma sequência do filme da entidade sorridente, onde Finn retorna como roteirista e diretor. Se passando poucos dias após o final de seu antecessor, o filme aproveita as diversas brechas deixadas no roteiro do original para expandir o universo, mas foge completamente do padrão ao abandonar completamente a abordagem de sequências que exploram a origem da entidade, acreditando que a verdadeira força do ser é o misterio que seu passado traz, ele expande o roteiro mostrando ainda mais o quanto o poder desse ser, que continua sem nome, pode levar uma pessoa aos limites da sanidade, mas não só isso. Enquanto Rose começou a se isolar para entender melhor esse ser, Skye é uma figura pública, que nunca é capaz de ficar sozinha, o que torna a perseguição ainda mais enlouquecedora, mas ao mesmo tempo o filme consegue dar espaço a momentos solitários, onde o longa eleva ainda mais o terror ao criar cenas eletrizantes da protagonista sendo assombrada pelas ilusões da entidade, inclusive nos apresentando uma das ilusões mais surpreendentes e inimaginaveis, que só é revelada completamente no ato final, ato esse inclusive que abre precedentes para uma sequência ainda mais épica ao levar a maldição para um gancho muito maior do que seu antecessor.

O maior acerto do longa é com certeza Naomi Scott, interpretando uma personagem inspirada na Lady Gaga do início da década de 2010 e em Britney Spears, a atriz dá um show de atuação ao guiar perfeitamente o roteiro, que também se eleva em comparação com seu antecessor. Skye é uma protagonista com um passado obscuro e traumático, um contraste completo com a médica série que protagonizou o primeiro filme, o que a faz não ter credibilidade nenhuma com o público, com a familia e nem com os amigos, ou seja, quando seu traficante se mata na sua frente e ela passa a ser perseguida pela entidade sorridente, ela não tem ninguem em quem confiar para contar o que está passando, e nem confia em si mesmo para saber o que é real e o que é ilusão. A forma como o filme vai usando isso para construir um terror psicologico é magistral, mas mais aflitivo ainda é a forma como Naomi se entrega ao horror corporal que desespera o público, arrancando compulsivamente tufos de cabelo, bebendo agua em goles marcantes, se ferindo vorazmente (ou sendo ferida pela entidade). É Naomi quem carrega o filme nas costas, mas não podemos esquecer da participação indescritivel de Ray Nicholson, que apesar de ter pouquissimo tempo de tela consegue marcar com sua aparição, com uma cena que faz uma linda homagem ao papel de seu pai, Jack Nicholson, em O Iluminado (1980).

O retorno de Charlie Sarroff na cinematografia, Elliot Greenberg na edição e Cristobal Tapia de Veer na trilha sonora só ajudam a criar a unidade que o longa precisava, sabendo exatamente como compor toda a construção e evolução do enredo de uma forma que nos conecta com tudo que acontece, e nos coloca na pele de Skye, sem saber o que realmente está acontecendo e sempre nessa alternancia entre a vitima e a assassina (já que ela precisa confrontar o que faz quando está sob o controle da entidade). Infelizmente, nem tudo é perfeito na produção, e seu elo mais fraco se encontra em seus coadjuvantes: Joshua (Miles Gutierrez-Riley), o assistente da cantora, um personagem completamente esquecivel e descartavel na trama; Gemma (Dylan Gelula), melhor amiga de Skye, traz apenas leves alivios de sanidade a trama, mas nada muito significativo; Elizabeth Riley (Rosemarie DeWitt), mãe e empresária de Skye, é parte essencial de uma das melhores cenas do longa, mas não passa de um personagem para termos ranço em maior parte do filme; e Morris (Peter Jacobson) é um personagem confuso, que surge na trama apenas para explicar Skye o que ela está vivendo por conveniencia do roteiro, sem trazer muita influência significante para a evolução da trama. Com sustos bem executados e uma atmosfera tensa, Sorria 2 potencializa a franquia, apesar de não ser perfeito.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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