Crítica | Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi (Star Wars: The Last Jedi)

Nota
4

Após encontrar o mítico Jedi Luke Skywalker (Mark Hamill) em uma ilha no Planeta Ahch-To, a jovem Rey (Daisy Ridley) busca pelo balanço da Força que existe dentro dela a partir dos ensinamentos do Mestre Luke. Paralelamente, a Primeira Ordem se reorganiza para derrotar a Resistência Rebelde de uma vez por todas, enquanto Kylo Ren (Adam Driver) tenta provar ao Líder Supremo Snoke (Andy Serkins) seu verdadeiro valor.

Especulava-se, logo após o lançamento de “O Despertar da Força”, que a nova trilogia Star Wars da Lucasfilm/Disney se apropriaria de elementos primordiais dos clássicos longas que revolucionaram a história do cinema e deram início ao universo tão influente e inegavelmente responsável pela inclusão da cultura nerd/geek no mundo das artes. Em “Os Últimos Jedi”, acreditávamos que o novo episódio entregaria uma trama altamente baseada em “O Império Contra-Ataca”, recheada de referências que encheriam os olhos dos fãs de lágrimas assim como ocasionariam certa revolta naqueles que criticam os novos filmes pela falta de originalidade.

Mas “Os Últimos Jedi” tem algo da qual não esperávamos, o que torna a imprevisibilidade carro chefe do filme. Esse elemento em questão é o Equilíbrio, primordial para afastar o longa-metragem de uma mesmice e por ousar e até inovar, entregando um resultado diferente dos demais filmes da saga Star Wars, mas sem deixar de fazer jus (e como faz!) ao universo criado por George Lucas.

Opinar sobre o novo episódio é ter a decência e cautela para não divulgar informações além daquelas desejas pelos leitores que ainda não conferiram o longa. Portanto, quanto a história, roteiro e condução deste, devemos afirmar apenas que Rian Johnson entrega um trabalho competente tanto na escrita quanto na execução, provando todo seu respeito pela saga ao criar novos elementos além de aproveitar outros vindos dos materiais que já nos foram apresentados por J.J. Abrams e Lawrence Kasdan no Episódio VII. O diretor soube, da melhor maneira possível, equilibrar homenagens e novidades a fim de realizar um filme que ao mesmo tempo preza pelo saudosismo e pela novidade. Portanto, Johnson pode ser facilmente considerado um dos 3 grandes realizadores da saga Star Wars, ao lado de Irvin Kershner (Império Contra-Ataca) e Gareth Edwards (Rogue One: Uma História Star Wars).

O que também faz de “Os Últimos Jedi” diferente dos demais filmes da saga é a escolha de não optar apenas pelo embate entre Lado Sombrio e o Lado da Luz, e sim fazer com que ambos os lados cruzem seus caminhos e, dessa forma, compreendam motivos, situações e conflitos, estes das quais estão muito bem empregados aos personagens principais e secundários. Há tensões ideológicas entre Poe Dameron (Oscar Isaac), General Leia Organa (Carrie Fisher, que tem momentos simplesmente únicos no filme, marcando sua despedida de maneira digna) e a nova Almirante Holdo (Laura Dern), conflitos internos na Primeira Ordem entre General Hux (Domhnall Gleeson) e Kylo Ren, sem falar nos já especulados embates ideológicos entre Rey e Luke – personagens simplesmente icônicos neste novo filme, graças ao roteiro e, claro, às soberbas atuações de Daisy Ridley e Mark Hamill -, além de objetivos louváveis como os da nova e cativante personagem Rose (Kelly Marie Tran), cujos melhores momentos são lado a lado com Finn (John Boyega).

Talvez, um dos únicos pontos negativos do filme seja uma mera lentidão narrativa até o fim do primeiro ato, que parece forçar e reforçar ideias para atribuí-las sentido, porém nada que comprometa o filme, tampouco a direção de Rian Johnson. 

“Star Wars: Os Últimos Jedi” é uma reviravolta de emoções, tensões e revelações que se afastam do óbvio, mesclado com o melhor tom aventuresco e familiar que são marcas registradas da franquia, sem falar do visual impecável atribuído principalmente pela direção de arte e fotografia. O novo episódio aproveita de materiais que a saga tem a oferecer, mas sem repetir uma fórmula já esgotada como aconteceu em “O Despertar da Força”, entregando, assim, um filme que faz jus a fala de Luke Skywalker no trailer final do longa: “Isso não vai acabar da maneira como você imagina”.

Só nos resta agora esperar a épica conclusão dessa nova trilogia (que terá de se esforçar demasiadamente para superar o nível do episódio VIII) e o que o futuro guarda para uma das maiores sagas da história. Até lá, que a Força esteja com todos nós, sempre!

 

Jornalista, crítico de cinema, fotógrafo amador e redator. Quando eu crescer, quero ser cineasta.

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