Nota
“Bem-vindos a Suburbicon, uma cidade maravilhosa e agitada.”
Em 1959 faziam 12 anos desde que Suburbicon foi construída, uma comunidade pulsante com quase 60 mil moradores, um paraíso habitado por pessoas de todo o EUA, uma pequena cidade onde tudo é perfeito. Mas toda essa perfeição é abalada no momento em que os novos moradores chegam: os Mayers, uma família de negros.
Tudo isso causa um alvoroço na comunidade, que teme um retrocesso no sistema comunitário pela presença dos negros “anarquistas”, que se inicia com reivindicações no Comitê de Habitação e acabam se tornando protestos, ataques e represálias. O problema é que nessa cidade perfeita, a mancha da presença negra acaba ocultando o que acontece na casa aos fundos da casa da família Mayers. Na casa dos Lodge, uma invasão acontece a noite, Gardner e seu filho, Nicky, são apagados junto com sua cunhada, Maggie, mas Rose, a mãe da família, acaba sendo assassinada.
Porém, a muito mais por trás da morte de Rose, e Nicky começa a enxergar isso pouco a pouco quando vai percebendo o quanto sua tia é secretamente apaixonada por seu pai. Assim, vemos toda a família perfeita ruindo por dentro, apodrecida pela chantagem, vingança e traição, o que acaba deixando um rastro de sangue no paraíso.
Com roteiro de Joel e Ethan Coen, o filme é produzido e dirigido por George Clooney, mostrando uma nova faceta do ator, que mesmo não tendo total exito, consegue entregar um filme razoável, apesar de um pouco puxado e previsível. A atuação de Matt Damon é o leme que carrega a trama, o ator é o foco total da história, mostrando um Gardner Lodge cheio de segredos e problemas e tendo que esconder toda a sua podridão. A atuação de Julianne Moore chama atenção, apesar de a atriz ter menos tempo de tela. Ela consegue ser estupenda no início do filme ao interpretar as gêmeas Rose e Margaret e segue com a boa atuação depois da morte da matriarca Lodge. Moore dá outro show no papel da Margaret que quer assumir o papel de Rose, sabendo diferenciar totalmente a Maggie fingindo ser Rose da atuação que ela fez como a própria Rose.
A trama tem ainda seu “herói” na personificação de Noah Jupe, como Nicky. Apenas ele enxerga um problema na morte de sua mãe; apenas ele percebe que sua tia e seu pai estão se envolvendo escondidos, apenas ela quer que a verdade seja exposta. O elenco ainda se completa com a participação de Oscar Isaac, Glenn Fleshler e Alex Hassell, que aparecem pouco, mas contribuem bastante para a trama. Claro que não podemos deixar de citar Karimah Westbrook, que é o centro das atenções do problema Mayers, a mulher é a principal escolha da produção para representar o preconceito dos moradores de Suburbicon. É ela quem protagoniza a maioria das cenas como esposa perfeita e mão protetora, um enorme contraste que fazem com a mulher perfeita representada por Maggie.
Suburbicon nada mais é do que um filme que consegue ser claro no seu tema: mostrar o quanto ninguém é perfeito e o quanto conceitos pré-concebidos podem ser prejudiciais numa sociedade. A história se baseia num incidente de 1957, na Pensilvânia, onde uma família negra sofreu racismo e violência ao se mudar para um “bairro de branco”. E é com essa base que Clooney e os Coen quiseram mostrar que os moradores da comunidade parecem cegos para o enorme problema que se desenvolve com os Lodge, enquanto uma lente de aumento é colocada, mas nada incomoda presença dos Mayers, a família sem segredos obscuros sofre na mão dos revoltados moradores enquanto a família podre é exaltada como santa por conta de sua máscara tão bem vestida. E o final do longa é tão chocante quanto a realidade que nos rodeia, mostrando o quanto a perfeição é só uma cobertura que oculta tantos segredos obscuros.
“Essas pessoas são animais. Eles tiraram tudo de nós […]. Eu quero que você fique longe daquele menino de cor. “
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.