Crítica | Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street)

Nota
5

Benjamin Barker passou 15 anos afastado de Londres, após ser obrigado a deixar sua esposa e sua filha. Ele retorna à cidade ávido por vingança, agora usando a alcunha de Sweeney Todd. Logo ele decide ir à sua antiga barbearia, agora transformada em uma loja de fachada para vender as tortas feitas pela sra. Lovett. Com o apoio dela, Todd volta a trabalhar como barbeiro, numa sala acima da loja. Porém o grande objetivo de Todd é se vingar do juiz Turpin, que o enviou para a Austrália sob falsas acusações para que pudesse roubar sua mulher Lucy e sua filha.

Se existia algum diretor que pudesse adaptar o musical da Broadway Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet para os cinemas, com certeza seria o diretor Tim Burton. A história se passa em uma Londres escura, suja, melancólica, e além disso, se trata de vários personagens amargurados, traumatizados pelos seus passados e um tanto extravagantes. Tudo isso nas mãos de um diretor experiente com esse tipo de abordagem, claro que Burton não iria pensar duas vezes em trazer Johnny Depp e Helena Bonham Carter para o elenco do filme.

Que Burton saberia trazer a atmosfera daquela Londres para o cinema era uma certeza, a grande questão seria como o diretor iria tratar a questão musical do filme, pois até então, esse gênero não parecia muito combinar com ele. Felizmente, o diretor consegue levar o melhor de cada gênero, pois, além de ser um excelente musical, o filme também é um grande suspense com algumas (várias) gotas de terror. Enquanto alguns musicais do cinema se saem melhor como realmente musicais, do que propriamente como produções cinematográficas, aqui Burton consegue entregar não apenas um ótimo musical, mas como também um filme denso e cheio de personalidade.

Musical e terror nem sempre parecem poder dialogar, mas com certeza não é o que acontece aqui. Não apenas a direção, mas também as atuações são fundamentais para que tudo saia da forma mais natural, e ao mesmo tempo, mais assustadora possível. Talvez a maior prova disso seja essa cena da imagem acima, onde durante a canção cantada por Depp e Alan Rickman, o clima de tensão e terror está sempre presente, mesmo se tratando de uma música em um ritmo de valsa. Esse sutil equilíbrio é o que faz esse musical ser tão intenso e apaixonante.

Não foi a toa que o longa ganhou o Oscar de Melhor Direção de Arte em 2008. Toda a ambientação, figurinos, fotografia e paleta de cores usadas, jogam o público diretamente para a atmosfera daquela época. O cuidado com os detalhes de cada número musical, com cada frame e ângulos da câmera, misturado com a maravilhosa dualidade entre luz e sombras, elevam a experiência do filme às alturas.

Com certeza Sweeney Todd – o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet é um dos melhores musicais das últimas duas ou três décadas. A história de vingança de um homem contra o juiz que o trancafiou durante 15 anos por uma falsa acusação, se torna a cada minuto mais complexa e com desfechos inesperados por todos os lados.

 

Formado em publicidade, crítico de cinema, radialista e cantor de karaokê

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