Nota
Alice é uma jovem astronoma que acha que não tem nada do signo de leão em si, e que tem uma certa raiva dos astros apesar de mostrar que é muito leonina, sim, no decorrer do filme. Ela não se dá muito bem com as previsões do seu horoscopo diario e sonha em se tornar uma influencer de destaque nas redes sociais, até que recebe um livro capaz de, basicamente, reescrever o destino diário de cada signo, o que a faz se meter em diversas confusoes. Protagonizado pela nossa querida Larissa Manoela, a nova comédia teen da Paris Filmes fala sobre astrologia e a vida das pessoas, ele pega todos os clichês de signos possíveis e explora ao máximo, com piadas visuais, de fala e até corporais, o que o torna uma boa comédia.
Com um cenário bem jovem, explorando tiktok, dancinhas, música e até uma pitada de feminismo, o filme explora todos os seus personagens através dos arquétipos de seus respectivos signos, e do que Alice acha que se trata aquele signo. A fotografia presente na casa de cada influencer e no quarto de cada personagem parece refletir bem sua personalidade, da para notar até as diferenças de uma festa pra outra, uma com mais trapalhadas e outra com diversos quartos voltados para vários tipos de brincadeiras. Para além desses cenários, o elenco todo tem uma boa química, tanto para comédia, como a relação entre eles, quanto para as contribuições para o resultado geral. Temos Breno, o ex de Alice interpretado por André Luiz Frambach, que simplesmente tem um ótimo timing cômico, a incrível relação de irmandade que Alice tem com a melhor amiga, interpretada por Caroline Dallarosa, e o irmão pentelho de Alice, vivido por Kevin Vechiatto, mas os maiores destaques na comédia são Victor Lamoglia como Pedro, o criador da Mansão Clock, casa de influenciadores para onde Alice se muda, e Karine Teles como Paula, a mãe da Alice, que vira do avesso tudo o que poderiamos esperar de uma mãe.
O longa ainda explora piadas sobre o dia-a-dia, sobre o que ninguém mais aguenta de certos signos, e ainda dá uma lição com o discurso de que nem tudo é só signo, há muito mais dentro de uma pessoa para definir sua personalidade e comandar seu destino, usando até alguns trocadilhos muito bons. Há cenas com piadas muito bem construidas, inclusive a que mostra o motivo da prima da Alice a odiar, que foi uma das melhores. Larissa Manoela tem uns bons momentos de comédia quando seu dia não tá nada bem, o que foi genial. Além de explorar bem toda a dificuldade da vida de uma jovem adulta, ainda tem tempo de explorar seu lado adolescente com suas vergonhas, medos e ansiedades, além das aspirações e, principalmente, os romances, ou tentativas de romance. A rivalidade que existe entre Alice e sua prima, a antagonista do longa, evolui de algo que inicialmente parece ser apenas uma rivalidade amorosa, mas que com o decorrer do filme vai entregando revelações que nos permite entender melhor sobre esse relacionamento de primas intrigadas.
Matheus Souza foi roteirista de muitas boas obras nacionais, como Eduardo e Mônica e Chacrinha: O Velho Guerreiro, e brilha como diretor com um filme leve, que brinca com clichês e que todo o público, tanto jovem como de outras gerações, vai conseguir se divertir. Um ponto que poderia ser melhor explorado seria o relacionamento de Alice com o pai, que já é falecido, já que o longa trata misticismo e magia, além de trazer mais explicações sobre a origem do livro dos astros, talvez com mais consequências para quem usa o livro, não sendo necessário focar apenas na comédia. Tá Escrito é bobo, leve e consegue ser uma boa comédia nacional, com um tema que podeia ser um clichê até um pouco batido, mas que foi traduzido para o cinema com ideias muito boas e que fazem a trama funcionar de maneira esperta e única. Ainda assim, o longa poderia potencializar o drama para um fechamento mais interessante, mais trabalhado.
Lucas Vilanova
Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror