Nota
2

Lara Croft (Alicia Vikander) leva a vida fazendo entregas de lanches pelas ruas de Londres, se recusando a assumir a companhia global do seu pai desaparecido (Dominic West) há sete anos. Tentando desvendar o sumiço do pai, ela decide largar tudo para ir até o último lugar onde ele esteve e inicia uma perigosa aventura numa ilha japonesa.

Apostando na aventura, enigmas e em gráficos soberbos (principalmente nas mais recentes aventuras da heroína), os jogos da franquia Tomb Raider ocupam um lugar de extrema importância na cultura pop devido a diversos fatores, principalmente o empoderamento feminino. Devido ao destaque do protagonismo das mulheres no cinema de ação e aventura na atualidade, era de se esperar um reboot cinematográfico de uma das personagens mais importantes do universo gamer, até para compensar os fiascos das produções de 2001 e 2003 (Lara Croft: Tomb Raider e Lara Croft: Tomb Raider – A Origem da Vida), protagonizadas por Angelina Jolie, que, apesar de tudo, consegue representar muito bem a icônica personagem. Então, tanto os fãs de Lara Croft como a própria arqueóloga britânica são contemplados com um novo começo no cinema, “Tomb Raider: A Origem”.

Dirigido por Roar Uthaug, sem pretensão de entregar um material além do que repetidamente vemos no cinema de ação, ou seja, uma história altamente clichê conduzida por um roteiro fraco e recheado de soluções absurdamente rápidas que nem o próprio McGayver poderia encontrar, “Tomb Raider: A Origem” está longe de ser um grande filme do gênero, mas não faz feio à questão adaptação. O longa-metragem adota vários elementos presentes no jogo de 2013, intitulado “Tomb Raider”, tal como partes da história, ambientação, cenários, fotografia e até cenas que remetem a fases de um game, como decifrar enigmas e escapar de armadilhas. Ou seja, em matéria de agradar aos fãs, a produção consegue encontrar um meio. O maior problema, porém, está no descaso do roteiro em não desenvolver uma história com, apesar da mesmice, um discreto potencial, o que é incapaz de tornar o longa memorável, tampouco digno de levar a franquia Tomb Raider a um elevado patamar na sétima arte também.

Se o roteiro já falha drasticamente em cumprir seu papel de desenvolver e aprofundar na história, o que falar dos personagens? Estes, altamente genéricos e caricatos, como o vilão (interpretado pelo irritante Walton Goggins) e seu grupo de capangas com motivos pífios e caracterizações sofríveis, o ajudante oriental (Daniel Wu, cujo personagem, Lu Ren, serve apenas para agir como um Deus Ex-Machina em determinado momento) e até mesmo o patriarca da família Croft (Dominic West, cujo mistério envolvendo seu personagem poderia ter funcionado se não tivesse sido entregue de mão beijada), contribuem em apenas empobrecer a trama, além de torna-la o mais previsível e clichê possível.

Por outro lado, o mesmo não pode ser dito de Alicia Vikander que, apesar de hora ou outra não demonstrar a devida simpatia que Lara Croft, deve ter lutado para incorporar a personagem e passa para o público um mínimo de empatia quanto aos seus motivos e objetivos.

Em matéria técnica, o filme não poupa bons efeitos visuais e adrenalina nas cenas de ação, estas que, felizmente, são bem dirigidas e nítidas, com movimentos de câmera bem equilibrados que acompanham o ato, além de demostrar apreço por planos sequência que envolvem e divertem a quem está assistindo. A direção de fotografia do longa, apesar de tradicional, podia ter optado por mais planos abertos para explorar a riqueza dos cenários, tal como o jogo, não que o visual do filme seja consideravelmente bonito, mas, com certeza, havia muito mais a ser mostrado.

Tomb Raider: A Origem é uma produção não muito carismática quanto a história e desenvolvimento de personagens, cujas cenas de ação e parcial fidelidade aos jogos servem de tempero para uma produção insossa que entretém, mas em nada surpreende.

 

Jornalista, crítico de cinema, fotógrafo amador e redator. Quando eu crescer, quero ser cineasta.

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