Crítica | Tudo Bem No Natal Que Vem

Nota
4

“Quando me perguntam por que eu não gosto do Natal,
eu tenho uma razão bem simples: eu nasci no Natal.”

Jorge nasceu no dia 25 de dezembro, e isso fez com que ele odiasse o Natal. Em 24 de Dezembro de 2010, já com uma família formada e dois filhos, Jorge acaba caindo do telhado de casa enquanto faz uma cena vestido de Papai Noel para as crianças da família, e acaba sofrendo de uma enorme sequela: ele dorme na noite de 24 de Dezembro e só acorda na manhã de 24 de Dezembro do ano seguinte, ou melhor, ele passa a viver em piloto automático o resto do ano.

Marcando história como o primeiro filme brasileiro natalino produzido pela NetflixTudo Bem No Natal Que Vem vai fundo numa história que parece lembrar muito uma das partes do roteiro de Click, onde vimos Adam Sandler pular anos a frente no tempo após um acidente e acordar com sua vida virada de cabeça para baixo, e de Como se Fosse a Primeira Vez. Agora é a vez de vermos Leandro Hassum fazer sua versão da premissa, tudo bem regado do bom humor da comédia natalina e das sacadas hilárias que já são comuns aos filmes de Hassum. O filme começa no natal de 2010, quando conhecemos a vida de Jorge ao lado de Laura, e vai passando pelos anos até meados do filme, quando vamos parar no Natal de 2022, e descobrimos que Jorge passou a viver com Márcia, sua secretária e ex-amante, e ele inicia uma intensa luta para recuperar o estilo de vida que conhece.

Esbanjando nas piadas, principalmente as natalinas, Tudo Bem No Natal Que Vem reúne muitos dos elementos que deram certo nas parcerias anteriores de Hassum com Roberto Santucci, nas franquias O Candidato Honesto e Até que a Sorte nos Separe, e até flerta um pouco com o peso emocional de Não Se Aceitam Devoluções, trazendo uma sequência capaz de desmontar as defesas de qualquer telespectador. É impossível não notar que Hassum está em uma de suas melhores formas no longa, conduzindo o longa de uma forma majestosa para, aos poucos, nos levar a um intenso questionamento de nossas vidas, assim como é maravilhoso o suporte de cena que temos com a presença de  Elisa Pinheiro, que constrói uma Laura cumplice, amorosa, pronta para entrar de cabeça nos problemas de Jorge, compartilhando com ele todo o seu pesadelo. A participação de Danielle Winits no longa, repetindo a parceria que já fez em filmes passados com Hassum, dá um toque de intensidade nas cenas de comédia, demonstrando uma química indescritível na hora de fazer graça.

Brincando com o clichê da forma de viver o Natal de todo o brasileiro, o filme, que estreou no dia 4 de dezembro de 2020, satiriza as cenas cotidianas de dezembro e, facilmente, conseguiu se consagrar no Top 1 do Brasil, na Netflix, um dia após sua estreia, mas acima de tudo, surpreendeu ao entrar no Top10 em países como Estados Unidos, Polônia, Espanha e México. Outra grata surpresa foi o fato de o filme absorver bem o conceito de dramédia, construindo um longa que promete arrancar risadas ao recriar os estereótipos do nosso natal (como o calor, o caos, as brigas, o tio do pavê, a caixinha e o especial de Roberto Carlos) e, sem nem nos preparar, nos jogar numa espiral de cenas emocionantes que vão nos deixar terminar o filme com os olhos cheio de lágrimas.

“Eu podia ter feito diferente.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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