Crítica | Tuesday – O Último Abraço (Tuesday)

Nota
1.5

Sob a direção e roteiro por Daina Oniunas-Pusic, Tuesday – O Último Abraço trata-se de uma fantasia dramática que retrata a difícil jornada de uma mãe, Zora (Julia Louis-Dreyfus), e sua filha adolescente, Tuesday (Lola Petticrew), ao confrontarem diretamente a Morte. No entanto, como ninguém esperava, a Morte não se apresenta de forma sombria e assustadora como se é imaginado e esperado, mas sim como um surpreendente pássaro falante. De forma que tenta ser sensível, o filme busca encontrar uma forte resiliência dentro do inesperado.

A A24 é um estúdio que, em diversas vezes, chama a atenção por trazer produções fora da caixa, como Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, porém depois de nos trazer uma trama vazia como Guerra Civil, com ideias interessantes mas que não mostra a que veio, Tuesday parece confirmar essa má fase da empresa. Muito confuso, é a melhor palavra para definir tal filme, ele tem conceitos e mensagens subliminares que são dificeis de abraçar, mesmo depois de dias de reflexão ainda é dificil encontrar algo que agrade em meio a tanta informação. Não é um filme ruim, porém é, no mínimo, divisivo.

É possivel enxergar alguns conceitos filosoficos que o filme tenta discutir, como sobre a vida após a morte, a existência ou não de deus, mas tudo é feito como se em pinceladas, sem se aprofundar com argumentos lógicos ou que leve a lugares interessantes, quaisquer que sejam os objetivos, não leva a nada. A introdução do filme já apresenta o pássaro que é a representação da morte, levando a óbito pessoas com sofrimento e angustia. A medida que o filme avança, com o pássaro levando ainda mais pessoas, também vamos conhecendo Tuesday, muito bem interpretada por Lola, com um sotaque britânico perceptível que dá um pouco de charme à sua voz. Tuesday então conhece a morte, bem antes de ser levada, e elas vão construindo uma amizade, com Tuesday tentando enxergar menos sofrimento e dor para a Morte, o mensageiro do caos. A excelente Julia Louis-Dreyfus dá um show de atuação tremendo, ela sabe dominar cada cena quando lhe é exigido, mesmo que a história contada por Daina Oniunas-Pusic seja confusa. Apesar de tudo, a produção sabe fazer bom uso do CGI, entregando a Morte como um pássaro que diminui e aumenta exponencialmente de tamanho.

A relação de Zora com Tuesday é cheia de falhas, e ao longo da trama a mãe vai tentando consertar as coisas, fazendo da relação de ambas o fator motriz do filme, até na hora das escolhas das personagens, a questão é que o enredo se desenvolve de forma pouco interessante, sem deixar claro o que o filme quer. Antagonista? Não necessariamente há um antagonista, são os interesses próprios e suas consequências que antagonizam a trama. O tom de mistério se mistura com drama, e as vezes tenta adentrar o terror, mas fica num meio termo que não se define e acaba se prejudicando. As vezes fazer o feijão com arroz também é bom, porém da para entender a liberdade de tentar fazer coisas ousadas, talvez funcione para algumas pessoas e outras não. Tuesday ao menos consegue sair do ponto A para o Ponto B, com um bom desenvolvimento de personagem que tem suas conclusões no final.

 

Jornalista, torcedor do Santa Cruz e do Milan, Marvete, ouvinte de um bom Rock, uma boa leitura acalma este ser pacífico.

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