Crítica | Twisters [2024]

Nota
4

Twisters surge como um retorno audacioso e empolgante ao gênero dos filmes de desastres, revitalizando a clássica premissa de um filme icônico dos anos 90 com uma abordagem contemporânea e inovadora. Dirigido por Lee Isaac Chung (Minari), o filme combina efeitos visuais deslumbrantes com uma narrativa envolvente que explora tanto a grandiosidade dos fenômenos naturais quanto as intricadas emoções humanas. Estrelado por Daisy Edgar-Jones (Um Lugar Bem Longe Daqui) e Glen Powell (Assassino por Acaso), Twisters promete uma experiência cinematográfica intensa e memorável, equilibrando ação frenética com momentos de reflexão profunda sobre nossa luta constante contra as forças implacáveis da natureza.

O longa segue a história de Kate Cooper, interpretada por Daisy Edgar-Jones, uma ex-caçadora de tempestades que é chamada de volta à ação por seu amigo Javi (Anthony Ramos), para testar um novo sistema de rastreamento de tornados. O enredo se desenrola no meio da temporada de tornados em Oklahoma, onde Kate e Javi cruzam o caminho de Tyler Owens, um meteorologista que virou YouTuber e é interpretado por Glen Powell, gerando uma disputa caótica de suas próprias motivações para estarem ali.

A dinâmica entre os personagens principais é um dos pontos fortes do filme, especialmente pela química entre Daisy Edgar-Jones e Glen Powell, que trazem uma mistura de seriedade científica e carisma aventureiro à tela. Powell se destaca com seu carisma inegável, roubando cenas com uma performance que equilibra humor e seriedade. Realmente o cinema está vivendo a Era de Glen Powell. Seu personagem, Tyler Owens, inicialmente parece ser um clichê de aventureiro das redes sociais, mas aos poucos revela um coração genuíno e um compromisso real com a causa. Daisy Edgar-Jones também entrega uma atuação sólida, trazendo vulnerabilidade e determinação à sua personagem, que luta contra seus demônios internos enquanto enfrenta a fúria da natureza. Sua entrega a personagem é visível, sendo possível perceber todas as suas nuances e se identificar logo de cara com a personagem.

A direção de Chung se destaca ao equilibrar cenas de ação intensas com momentos de introspecção e drama pessoal. O diretor, que antes explorava questões de identidade e mudanças geracionais em filmes como Minari, traz sua visão única para o gênero de desastre. Sua abordagem permite que o filme não apenas impressione com seus efeitos visuais, mas também ressoe emocionalmente com o público. A trama é relativamente simples, porém é enriquecida por discussões sobre mudanças climáticas e as consequências humanas das catástrofes naturais, mostrando o impacto profundo dessas tempestades nas vidas das pessoas comuns.

Os efeitos visuais são um espetáculo à parte, com cenas de tornados devastadores que mantêm o público na ponta da cadeira, realizadas com uma mistura perfeita de efeitos práticos e CGI. A cinematografia de Dan Mindel, responsável por trabalhos como Star Wars: O Despertar da Força, contribui significativamente para a imersão do espectador, capturando a grandiosidade e a ferocidade das tempestades de uma maneira visceral e realista.

No entanto, o filme não é apenas um show de efeitos especiais. O roteiro de Mark L. Smith, conhecido por O Regresso, se esforça para dar profundidade aos personagens e às suas motivações. Kate Cooper, marcada por traumas do passado, luta para superar suas perdas enquanto busca salvar vidas com a ciência. Esse desenvolvimento de personagem adiciona camadas de complexidade à narrativa, diferenciando o filme de outros do gênero que muitas vezes se concentram apenas na ação.

A trilha sonora complementa perfeitamente a atmosfera do filme. A música country adiciona um toque de autenticidade à ambientação no interior dos Estados Unidos, reforçando a conexão do filme com suas raízes culturais. Apesar de todos os seus méritos, Twisters não escapa de alguns clichês do gênero. A trama às vezes se apoia em convenções familiares, e o diálogo científico pode parecer forçado em alguns momentos. No entanto, esses pontos fracos são ofuscados pela execução geral do filme, que consegue equilibrar espetáculo e substância de maneira eficaz.

Resumindo, Twisters é um ótimo retorno ao cinema de catástrofe, oferecendo não apenas cenas de ação que deixam o espectador na ponta da cadeira, mas também uma reflexão profunda sobre o impacto das mudanças climáticas e a resiliência humana. É uma obra que, mesmo em meio ao caos e destruição, encontra espaço para explorar o coração e a alma de seus personagens, tornando-se uma adição memorável ao gênero.

 

Pernambucano, jogador de RPG, pesquisador nas áreas de gênero, diversidade e bioética, comentarista no X, fã incontestável de Junji Ito e Naoki Urasawa. Ah, também sou advogado e me arrisco como crítico nas horas vagas.

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