Nota
“Dizem que o nosso destino esta ligado à nossa terra… que ela é parte de nós assim como nós somos dela. Outros dizem que o destino é costurado como um tecido, onde a sina de um se interliga a de muitos outros. É a única coisa que buscamos ou que lutamos pra mudar. Alguns nunca encontram o destino… mas outros são levados a ele.”
Nas terras altas e deslumbrantes da Escócia Medieval, vive uma princesa com os cabelos de fogo que foi criada por sua mãe para ser a sucessora perfeita para o cargo de rainha e para respeitar os costumes e etiquetas do seu reino. Só existe um problema… Mérida é um espirito livre que não consegue se acomodar aos desejos da mãe e as escolhas que são feitas para ela.
Ela não tem a mínima vocação para o legado que a mãe quer lhe obrigar a aceitar, preferindo cavalgar em seu cavalo, atirar com seu arco e encontrar seu próprio caminho fora de tantas obrigações e regras. O embate entre as duas chega ao limite quando Mérida luta e vence um torneio para conquistar sua própria mão, causando uma extrema desonra e desconforto entre os lordes dos Clãs Vikings.
Após uma seria briga entre as duas, a Princesa foge para a floresta e encontra as misteriosas luzes mágicas que dizem conduzir a nosso caminho, sendo levada a uma velha casa onde uma curiosa bruxa vive. Lá, ela conta suas frustrações e promete comprar tudo, caso a velha faça um feitiço que mude sua mãe e seu destino. Mas ela esta prestes a descobrir que nem sempre o que queremos é o que precisamos, e que existe um alto preço ao se mexer com magia…
Que a Pixar Animation Studios sempre foi sinônimo de excelência em animação não é novidade para ninguém, mas após as duras críticas recebidas sobre Carros 2, o estúdio pareceu perder seu caminho. Eis que em 2012, o estúdio surge com sua nova aposta com um caminho totalmente diferente daquilo com a qual o público está acostumado. Valente tem um toque mais Disney do que qualquer outro longa feito pelo estúdio. É inegável a qualidade da animação. O 3D bem construído (um dos melhores já feito pelo estúdio), a magnificência dos cenários que nos transportam as brumas da Escócia com toda sua beleza e profundidade, a movimentação dos cabelos e as cenas de tirar o fôlego. Mas parece faltar algo no projeto de uma maneira incômoda. Sim, temos a poderosa lição de moral. Sim, temos uma protagonista forte e cativante. Mas o projeto parece não ter encontrado sua real alma e isso cria uma decepção no público.
Por vezes, parece que estamos assistindo uma releitura do poderoso Irmão Urso com uma nova roupagem e dinâmica. Não me entenda mal, o filme esta longe de ser ruim ou uma cópia mal feita, mas está longe de emocionar tanto quanto outros longas do estúdio. Como dito anteriormente, é o filme menos Pixar que o estúdio já produziu.
Mérida (Kelly McDonald) é forte, determinada e cabeça dura. Ela se vê muito mais com o espírito selvagem do pai do que na presença forte da mãe. A garota tem uma alma vibrante e desafiadora e faz o público se identificar e se divertir com seu jeito. Ela está cansada de ter sua vida controlada e seu destino escolhido, mas é após o feitiço ter sido lançado que encontramos seu real crescimento. A princesa passa a entender melhor a mãe e a se importar com ela, mostrando-nos que deseja mais que tudo ser ouvida uma vez na vida.
A Rainha Eleonor (Emma Thompson) é tão teimosa quanto a filha e sua personalidade forte solta faísca quando é contrariada. Quando ela começa a entender tudo o que a filha sente e suas frustrações por não saber conversar com a mãe, as duas criam uma forte ligação com o púbico, que torce para uma boa resolução entre elas. A rainha sofre por ser dura, mas não consegue pensar em outra maneira de lidar com a princesa rebelde. A forte ligação entre mãe e filha é um ponto ápice do longa. Se colocar no lugar do outro e perceber que nem sempre sua visão de mundo é a correta.
Os trigêmeos são um alívio cômico louvável, assim como a curiosa bruxa da floresta, que trazem uma leveza a trama e diverte o público na hora certa.
Repleto de magia e parecendo mais uma submissão aos estúdios Disney, Valente nos traz uma Pixar fora do seu território, que parece ter apostado no encanto do camundongo para trazer de volta o público e o lucro que sempre tiveram. Uma história encantadora, mas que parece ter perdido seu coração no caminho, deixando-nos imaginando o que seria do longa com o verdadeiro toque Pixar na trama. Talvez seja sua maneira de encontrar o seu destino e trazer toda rebeldia e segurança que amamos conhecer.
“Destino alterado, olhe sua alma, remende a união. Conserte o vínculo dilacerado pelo orgulho.”
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...